Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Procedimentos estéticos de qualquer tipo devem ser orientados, analisados e executados por profissionais habilitados. Estamos falando do médico dermatologista, especialista que cuida de tratamentos que envolvem não só a pele, como também unhas e cabelos.
Buscar este especialista na hora de planejar um procedimento estético garante, além de bons resultados, um tratamento mais seguro e com menos riscos de sequelas. Em um live exclusivo, oferecido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, a médica dermatologista Sylvia Ypiranga falou sobre este tema e respondeu a dúvidas dos leitores.
Veja algumas das principais perguntas abaixo ou assista ao live na íntegra na nossa página do Facebook.
Minha Vida: Qual é a importância de buscar a orientação de um dermatologista antes de começar qualquer tipo de procedimento?
Dra. Sylvia Ypiranga: Quando a gente fala de um procedimento estético invasivo a gente está falando de um procedimento médico, um ato médico. Então, é importante buscar um médico que tenha uma boa formação para ter a indicação, a orientação e a execução desse procedimento. E esse profissional é o médico dermatologista.
Minha Vida: Antes de fazer um procedimento, que condições do paciente devem ser avaliadas?
Dra. Sylvia Ypiranga: Na verdade, a avaliação pré-procedimento é uma consulta. Então, se a gente está falando de um paciente em um consultório médico, passando por uma consulta, ele será examinado de maneira geral. Vamos ver a saúde geral e ele vai trazer a queixa dele, que pode ser traduzida na identificação de um determinado problema. Vamos, então, buscar uma solução, não necessariamente com o objetivo pelo qual ele veio à consulta, a decisão é do médico de fazer um determinado procedimento ou não. Também se busca saber de condições de saúde prévias, condições de pressão, antecedentes, se já fez outros procedimentos. Tudo isso é importante na consulta inicial, principalmente o perfil psicológico desse paciente.
Minha Vida: O perfil psicológico realmente conta nessa hora?
Dra. Sylvia Ypiranga: Muito, porque quando se fala em estética se busca uma satisfação pessoal. Então, é importante que haja o entendimento daquele paciente como um todo, não só o físico, o todo. E que esse paciente venha a entender as consequências de qualquer procedimento, bem como os riscos. Uma vez que ele busca um resultado, é importante que ele saiba que a expectativa tem que ser real, para que não haja frustração ao final do tratamento.
Minha Vida: Existem pessoas que não podem passar por alguns procedimentos invasivos?
Dra. Sylvia Ypiranga: Sim, dependendo do procedimento, existem algumas contraindicações. Para pacientes que têm problemas de coagulação, temos que tomar um pouco mais de cuidado em procedimentos com corte ou injeções; em pacientes com pressão alta também temos que tomar mais cuidado, mas não chega a ser uma contraindicação; para gestantes, a maioria dos procedimentos é contraindicado naquele período, mas a gestação passa e podemos fazer o procedimento depois; também é o caso de algumas situações, como alergias, dependendo do produto que vai ser utilizado. Tudo isso faz parte da anamnese, que é a consulta inicial. O médico, para se sentir seguro naquele determinado procedimento, ele precisa conhecer o paciente a fundo.
Minha Vida: E como a gente pode saber se o especialista escolhido é de confiança e habilitado?
Dra. Sylvia Ypiranga: Essas questões vêm juntas, é importante ter uma indicação e conhecer o profissional. Essa confiança vem do conhecimento do profissional, seja por indicação ou pelo contato inicial na consulta. Também é importante conhecer a formação daquele profissional, mesmo quando bem indicado. Temos ferramentas hoje em dia para fazer essa pesquisa. O médico tem um registro, junto ao Conselho Federal de Medicina, e você pode consultá-lo no site do CRM do seu estado ou do CFM e buscar se aquele profissional está inscrito e se tem autorização legal para exercer a medicina naquele estado.
Além disso, tem que verificar se ele tem uma formação de especialista. Além do registro de médico, há também o registro de especialista, que se chama RQE, o Registro de Qualificação de Especialista. O site da Sociedade Brasileira de Dermatologia também oferece uma consulta pública, basta digitar o nome do médico ou CRM e ele fará uma pesquisa. Se o médico for um especialista, vai constar o nome dele no site.
Minha Vida: Além desses detalhes que você comentou agora, a que outros a pessoa deve estar atenta na hora da consulta? O que deve servir de alerta?
Dra. Sylvia Ypiranga: É um procedimento médico, então, é importante verificar se ele ocorre em um ambiente adequado e verificar que tipo de ambiente é esse. Para procedimentos pequenos, eles podem ser feitos em consultórios e clínicas que estejam dentro das regulamentações da Vigilância Sanitária. Procedimentos maiores exigem um ambiente hospitalar. E nunca devemos realizar procedimentos em ambiente domiciliar, isso é inaceitável.
Minha Vida: Que tipos de sequelas podem surgir com procedimentos inadequados e profissionais não habilitados?
Dra. Sylvia Ypiranga: Na verdade, todo procedimento tem um risco e esse risco deve ser explicado ao paciente. Um profissional bem preparado está sempre atento para minimizar as chances deste risco. Uma vez que ele acontece, o médico estará preparado para lidar com essas intercorrências. Então, é importante buscar um profissional que tenha a capacidade de lidar com essas situações.
E quais são essas sequelas que poderiam eventualmente acontecer? Desde uma alergia, quando aplicamos um peeling, sequela que tem que ser manejada muitas vezes com urgência, até situações limítrofes de procedimentos com injetáveis, quando pode haver obstrução da vascularização, embolização, tanto local como à distância, e a intervenção imediata faz toda a diferença na sequela, na capacidade de nutrição daquele tecido e até mesmo na necrose dele.
Minha Vida: E essas sequelas podem surgir imediatamente após o procedimento ou mesmo anos depois, se ele for feito de forma inadequada?
Dra. Sylvia Ypiranga: Dependendo da escolha do produto e da forma como ele for executado, sim. Os sinais imediatos são muito importantes de serem reconhecidos pelo fato de servirem de guia para uma intervenção precoce e diminuição de sequelas. A sequela tardia está muito mais relacionada com produtos de escolha inadequada, como no passado era usado o silicone líquido, e também eventualmente com respostas individuais do paciente.
Estamos falando de situações que não são frequentes. A gente faz muito mais procedimentos do que temos de sequelas. Mas perigos existem. E um profissional bem formado, o médico, está preparado para reconhecer. Como ele se prepara para isso? Ele estuda anatomia, se prepara a cada procedimento, toma cuidados e sabe dos riscos, tomando as medidas mais importantes para diminuí-los. A formação básica do dermatologista é longa e consiste em 6 anos de medicina, 2 a 4 anos de residência médica, com duração de até 10 anos ao todo. É indiscutível que uma formação como essa oferece maior segurança ao paciente.