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No momento em que chega aquela notícia que mistura manchete de jornal com emojis com diferentes expressões como susto, raiva ou correntes com caracteres em formato de capivara você costuma fazer o que? Imediatamente seleciona o botão de compartilhar e espalha a notícia para o maior número de pessoas ou respira fundo e tenta checar se aquela informação é verdade e se o conteúdo da matéria, no caso de um link, corresponde ao título?
Se você se identificou com a primeira opção é possível que você já tenha acreditado e compartilhado uma fake news ou notícia falsa. Uma fake news nada mais é do que uma notícia que parece verdadeira, mas que contém informações mentirosas. As notícias falsas podem estar atreladas a diferentes temas. No atual momento, uma das principais abordagens das fake news tem sido direcionada às eleições.
No entanto, os problemas relacionados às fake news não são novos no Brasil. Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para Acesso à Informação (Gpopai), da Universidade de São Paulo (USP), cerca de 12 milhões de pessoas compartilham notícias falsas no Brasil. O estudo foi publicado no ano passado e já levantava suspeita de que as fake news poderiam influenciar no processo eleitoral de 2018. Para a realização do estudo foram monitoradas 500 páginas digitais com divulgações políticas.
Fake news trazem consequências para a saúde mental
A questão é que a disseminação das notícias falsas pode refletir também na saúde mental das pessoas. Isso porque muitas das notícias falsas, correntes ou links que circulam pelas redes sociais ou pelos aplicativos de mensagens instantâneas podem, além de espalhar desinformação, também conter recursos capazes de roubar os dados dos usuários que caem nesses golpes.
"O furto de informações é como um furto de bens. A pessoa fica com um sentimento de perda, acompanhado de raiva e sentimento de invasão", explica o psicólogo Aurélio Melo, professor de psicologia do Mackenzie. em alguns casos, esse tipo de situação pode gerar insegurança e até mesmo isolamento social.
Um dos grandes problemas causados pelas fakenews é que as pessoas não sabem distinguir com precisão o que é uma notícia falsa de uma verdadeira. O estudo Edelman Trust Barometer 2018, uma pesquisa anual que tem o objetivo de medir a confiança de 28 países, entre eles o Brasil, em instituições como governos, empresas, ONG e veículos de comunicação revela que 59% das pessoas que responderam à pesquisa disseram não saber distinguir uma notícia falsa de uma verdadeira.
Espalhar fake news contribui para que crimes cibernéticos aconteçam
Para a advogada Nora Rachman, professora de Direito Digital,do Mackenzie Campinas, a disseminação de notícias falsas contribui para que crimes cibernéticos aconteçam. Ela conta que hoje é muito comum as pessoas receberem links e repassá-los sem questionar a origem do conteúdo, checar se a fonte é confiável ou se é um ataque criminoso. "Dessa forma, uma notícia que era mentirosa acaba ficando com cara de verdadeira", conta.
Essa atitude espontânea de compartilhar informações sem checar a procedência do conteúdo se dá porque as pessoas acreditam muito na segurança. De acordo com Melo, nossa segurança é relativa. "A medida que uma ferramenta de segurança é desenvolvida, muitos grupos também criam formas de burlar esse recurso", ressalta.
Além disso, de acordo com Nora, pessoas que compartilham notícias falsas podem ser responsabilizadas judicialmente. Sendo assim caso a pessoa ou empresa que espalha notícias falsas sejam identificadas.
Como identificar fake news
Assim como quando compramos um eletrodoméstico novo precisamos nos atentar a algumas regras de uso do produto, quando usamos a internet também devemos ficar de olho em algumas orientações para fazermos um bom uso dela.A seguir, algumas dicas:
Não aja por impulso:
Por mais que a internet possibilite que muitas das nossas necessidades sejam solucionadas em poucos cliques, é necessário ter cautela na hora de utilizar o recurso. Sendo assim, a advogada Caroline recomenda que sempre que receber um link, uma notícia ou um email evite agir por impulso. "Se a pessoa receber um link de um de seus contatos, vale perguntar de onde vem aquele link", ensina.
Veja a notícia no desktop:
Uma forma de ajudar a identificar possíveis golpes é procurar na internet quando receber um link misterioso. Assim, é possível ver se existem notícias falando sobre aquele conteúdo e tirar a dúvida se é seguro ou não.
Atualize o seu antivírus:
Além de desconfiar de possíveis links maliciosos, ter um antivírus que proteja o computador e o celular também é uma forma de dificultar possíveis ataques.
Consulte sites de checagem de notícias
Atualmente existem serviços de checagem de notícias certificados pela International Fact-Checking Network, uma entidade dedicada a reunir e apoiar instituições que visem a verificação de fatos, a fim de incentivar melhores práticas na internet. No Brasil, sites como Agência Lupa, Aos Fatos e Agência Pública possuem registro concedido pela Internacional Fact-Checking Network.