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Com maior ou menor intensidade, colocar aparelho ortodôntico fixo muda a rotina de qualquer pessoa. Embora hoje haja mais conforto do que há uma década - o tamanho dos bráquetes diminuiu, por exemplo -, é um elemento novo na boca que exige adaptação além da escovação especial dos dentes.
Conversamos com o cirurgião-dentista Eglisson Amaral, especialista em ortodontia da Crie Odontologia (CRO-DF 8621), e o cirurgião-dentista Márcio Panhota, responsável pela área de ortodontia e diretor da JP Odonto (CRO-SP 57765), para entender todos os aspectos da adaptação ao aparelho ortodôntico fixo.
Mastigação com aparelho fixo
Ir aos poucos: este é o segredo do sucesso para não se ferir ao comer com um novo aparelho ortodôntico fixo. "O ideal é que, nos primeiros dias após a instalação, o paciente faça a ingestão de alimentos mais macios. Assim, conseguirá entender o nível de incômodo que sentirá", orienta Eglisson Amaral. Isso porque algumas pessoas sentem muita dor a cada mordida, enquanto outras mal notam diferenças.
O dentista também deve ajudar neste momento de sensibilidade, usando fios mais finos e flexíveis nas primeiras semanas e fornecendo ceras protetoras para serem colocadas sobre os bráquetes a fim de evitar irritações na mucosa bucal. "A cavidade bucal não deve ser machucada ou ferida em nenhuma hipótese", afirma Márcio Panhota.
Em um período de três dias a uma semana, a adaptação à alimentação estará completa, garantem os especialistas.
Dificuldade para falar com aparelho fixo
Márcio Panhota observa que os aparelhos que ocupam o céu da boca têm uma adaptação diferente no que diz respeito à fala, mas o prazo acaba sendo o mesmo para estes e para os que deixam a área livre: no máximo dez dias.
É preciso ter paciência para encontrar a melhor forma de mexer os lábios para articular e pronunciar as palavras, o que é muito pessoal, e consciência de que isso é uma fase que logo será ultrapassada. Os benefícios que virão na sequência valem o esforço.
Lesões na parte interna das bochechas
Machucados, feridas e lesões abertas na parte interna das bochechas podem ocorrer depois da colocação do aparelho fixo, principalmente por causa da fricção dos bráquetes ou de o fio ortodôntico soltar (é raro, mas pode acontecer).
Esses tipos de lesões são sinais que não podem ser ignorados, sob o risco de se tornarem portas de entrada para infecções e inflamações. Neste caso, deve-se passar por uma consulta com o dentista imediatamente para conter os danos e adotar medidas preventivas, como a aplicação da cera para os bráquetes mencionada anteriormente.
Aparelho fixo e dores na gengiva
"A gengiva não dói por conta do tratamento ortodôntico. Isso não acontece. O problema mais comum com a gengiva durante o tratamento é a gengivite, causada principalmente pela dificuldade de fazer a higiene bucal por parte do paciente", esclarece Márcio Panhota. Eglisson Amaral lembra que algumas alergias podem causar inchaços na gengiva e nas bochechas, mas são raras.
Cabe ao profissional que estiver guiando o tratamento explicar como deve ser feita a higienização dos dentes e da boca. Caso o estrago já esteja feito, intervir e resolver o problema (de uma placa bacteriana, por exemplo) e reorientar o paciente quanto à escovação, ao uso do fio dental e de enxaguantes bucais.
Pode comer alimentos duros usando aparelho fixo?
É melhor não. E não apenas na fase de adaptação, como diz Eglisson Amaral: "Alimentos duros, como castanhas, barras de cereais, pipocas e balas pegajosas, devem ser evitados sempre. Um dos fatores que podem atrasar os resultados e prolongar o tratamento ortodôntico é a soltura das peças com uma frequência acima do normal, e isso é ocasionado pela mastigação destes elementos."
Em caso de insegurança quanto à textura de um alimento, uma boa solução recomendada por Márcio é cortá-lo em pedaços pequenos, de modo a diminuir a força exigida pelos dentes.