Médico urologista e doutor em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também é membro da...
iO ciclo sexual do homem é bastante complexo e do ponto de vista meramente didático pode ser dividido classicamente em cinco aspectos principais: desejo, excitação, platô, orgasmo e resolução.
O ponto culminante da atividade sexual conhecida como orgasmo envolve intensa atividade cerebral e geralmente é acompanhado pela ejaculação. Ou seja, quando ocorre o prazer máximo durante a atividade sexual (orgasmo), o homem percebe a expulsão do sêmen em jatos pelo pênis (ejaculação). Fica claro que o orgasmo é uma atividade cerebral. A sensação de prazer é percebida no córtex e envolve várias sensações, sendo comparada a uma explosão multicolorida.
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Por outro lado, a ejaculação ocorre localmente, na região genital e pode ser dividida em duas etapas: a primeira chamada emissão que corresponde a liberação inicial das secreções da próstata, testículos e vesículas seminais que se armazenam gradativamente na uretra posterior e vão em conjunto formar o sêmen; e a segunda etapa, conhecida como ejaculação propriamente dita, quando os músculos que envolvem a uretra se contraem de maneira ritmada propelindo o sêmen em jatos pelo canal.
De tanto observar a ocorrência simultânea destes fenômenos, muitos consideram que seria um evento só. Não é verdade! Apesar de ocorrer de maneira casada e o momento ser conhecido na linguagem coloquial como "gozo", o orgasmo e a ejaculação são fenômenos fisiológicos distintos. Envolvem inclusive sistemas nervosos diferentes. Vias de ativação e resposta específicas.
Por isso, existem situações em que um dos processos pode deixar de acontecer, produzindo o chamado orgasmo seco (prazer na ausência da eliminação do sêmen) e a ejaculação sem prazer (expulsão do sêmen sem a sensação de prazer).
Essas situações são chamadas de disfunções ejaculatórias, e consistem em falha nos mecanismos de emissão e/ou ejaculação do sêmen.
Anejaculação
A anejaculação trata-se da ausência da saída do sêmen durante a atividade sexual. O homem tem preservados o desejo, a excitação, fica com o pênis ereto, consegue a atividade sexual com penetração ou masturbação, mas apesar de sentir o prazer do orgasmo, não elimina esperma. Ou seja, não ocorre a saída do sêmen em jatos apesar de sentir prazer.
Com a anejaculação, apenas ocorre a ausência da saída do sêmen. Chamamos isso de sinal. O restante do ciclo sexual costuma estar preservado. A queixa do homem e às vezes da parceira é a de que não observa a eliminação do esperma.
Esta é uma situação diferente da anorgasmia, quando o homem não consegue sentir o auge do prazer durante a atividade sexual.
O que a anejaculação causa
O grande problema decorrente da anejaculação é a fertilidade. Como não há prejuízo das outras fases do ciclo sexual, o desempenho e o prazer não estão prejudicados.
Logicamente quando o problema tem uma causa removível, esta deve ser a solução desejada. Nos casos citados como exemplo, em que a anejaculação ocorre após uma cirurgia, em geral o dano causado é irreversível.
Anejaculação x ejaculação retrógrada
Uma situação semelhante acontece na chamada ejaculação retrógrada em que a produção do sêmen está normal, mas não acontece o fechamento do colo vesical (saída a bexiga) no momento da ejaculação e, com isso, o esperma durante a contração ritmada dos músculos que envolvem a uretra vai para trás, entrando na bexiga.
Do ponto de vista científico, anejaculação é diferente de ejaculação retrógrada. Neste segundo caso, ocorre a emissão do sêmen que se acumula na uretra posterior, mas na hora da ejaculação a culatra do canhão que seria o canal não se fecha. Ou seja, a parte posterior do canal que corresponde à bexiga, que deveria se fechar para obrigar o sêmen a seguir para frente saindo na ponta do pênis fica parcialmente aberto permitindo que o líquido siga para trás, caracterizando a chamada ejaculação retrógrada.
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Causas da anejaculação
As principais causas de anejaculação são adquiridas através de cirurgias como as linfadenectomias retroperitoneais (retirada de gânglios na região posterior do abdome), prostatectomias e ressecções amplas do intestino grosso. Outras causas frequentes são os traumatismos raqui medulares e o diabetes.
Essas situações provocam cada uma de uma forma distinta, lesões neurológicas que ocasionam a interrupção das vias nervosas que levariam os estímulos para as fases de emissão e ejaculação acontecerem normalmente.
Na verdade a confirmação ocorre através da entrevista médica, do exame clínico e eventualmente com exames complementares que permitem confirmar o dano neural e/ou descartar outras situações onde o sêmen não é eliminado pelo canal.
Na prostatectomia radical cirurgia realizada para tratar o câncer da próstata, a próstata e vesículas seminais são retiradas. Os ductos que levam os espermatozoides produzidos nos testículos até a uretra são ligados. Desta forma, todos os componentes do sêmen são eliminados. O homem não poderá mais ejacular. Trata-se de uma das causas mais frequentes de anejaculação. O homem tem o prazer do orgasmo preservado, mas não ejacula mais.
Portanto, o tratamento deve ser focado no suporte psicológico, em informação qualificada para tranquilizar o homem e em medidas específicas para restabelecer a fertilidade quando é este o desejo do paciente.
Algumas regiões no oriente buscam a perpetuação do prazer masculino através da dissociação entre orgasmo e ejaculação. Do ponto de vista fisiológico seria possível. E consiste em uma maneira de permitir vários orgasmos masculinos mantendo a ereção do pênis e como isso prolongando a relação, para somente no final existir a ejaculação propriamente dita que a detumescência peniana e fase da resolução.