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Se você é mulher provavelmente já se desesperou pelo menos uma vez na vida porque sua menstruação atrasou, certo? Embora a primeira coisa que venha à mente seja gravidez, o atraso não significa necessariamente isso. A explicação por trás disso está no ciclo menstrual.
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Isso porque o ciclo menstrual engloba as mudanças pelas quais o corpo da mulher passa ao longo do mês e que resultam na menstruação. Os ciclos menstruais se iniciam na adolescência, que é um marco do final da infância para o começo da vida adulta, terminando na menopausa.
O ciclo menstrual normal costuma durar entre 25 e 30 dias - contudo, algumas mudanças simples na rotina podem causar uma variação no intervalo, seja para mais ou menos. Se a sua menstruação irregular estiver gerando sintomas sérios como anemia, dores ou hemorragia é essencial procurar ajuda médica.
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No entanto, se o problema não for médico, é possível que algum hábito do seu dia a dia esteja afetando os ciclos menstruais. Os motivos mais comuns associados ao atraso da menstruação são:
1. Pílula anticoncepcional
A pílula anticoncepcional é um método de contracepção que usa hormônios para evitar a ovulação e assim impedir uma gravidez não programada.
No entanto, a ginecologista e obstetra Flávia Fairbanks alerta nem sempre a pílula oferece ao organismo feminino a mesma quantidade de hormônios que era produzida naturalmente por ele.
Por esse motivo, uma determinada pílula pode funcionar muito bem para algumas mulheres e regular sua menstruação, enquanto para outras, se a dosagem de hormônios não for parecida com a dosagem que seu corpo estava acostumado a produzir naturalmente, a menstruação pode ficar bem atrapalhada.
"Algumas mulheres apresentam essa desregulagem na menstruação com escapes frequentes. Outras ficam sem menstruar mesmo durante os dias de pausa do anticoncepcional. Daí a importância de descobrir, junto ao médico, a dosagem adequada para cada mulher", diz a ginecologista.
2. Estresse
O estresse é um sintoma que muda nosso estado emocional de forma indescritível, sendo caracterizado por sensações de irritação, medo, preocupação e nervoso.
"O estresse libera uma grande concentração de substâncias chamadas neurotransmissores pela glândula supra renal. Dessa maneira, esses neurotransmissores podem atrapalhar o ciclo menstrual porque eles atuam no cérebro nos mesmos centros onde são controlados os hormônios que regulam a menstruação", afirma Flávia Fairbanks. Esses dois hormônios acabam "brigando" e geram uma grande bagunça no organismo.
Além disso, a endocrinologista Juliana Garcia Dias explica que a função menstrual normal depende das ações dos ovários, da hipófise, do hipotálamo e do sistema nervoso central. O sistema nervoso central estimula o hipotálamo e pode interferir na sua ação sobre a hipófise que enviaria estímulo ao ovário para o ciclo menstrual ocorrer corretamente. A resposta do corpo ao estresse pode afetar na menstruação.
3. Obesidade
Segundo a endocrinologista Juliana Dias, em mulheres com sobrepeso, o tecido adiposo produz mais estrogênio do que o necessário. Isso provoca um desequilíbrio e os ovários não trabalham com excelência. Isso pode fazer com que a mulher deixe de menstruar ou ovular de maneira eficiente.
"Outro problema do sobrepeso é desenvolver a resistência à insulina. Além de poder causar diabetes tipo 2, a condição compromete a produção de hormônios e prejudica a ovulação, afetando a menstruação", complementa Juliana.
4. Medicamentos
Alguns medicamentos podem sim desregular a menstruação, principalmente aqueles que atuam no sistema nervoso, área que controla o ciclo menstrual. Existem medicamentos como antidepressivos, ansiolíticos e remédios para emagrecer, por exemplo, que atuam no sistema nervoso central, dado às suas funções primordiais. A ginecologista Flávia Fairbanks afirma que esses medicamentos ocupam os mesmos receptores no cérebro que outros hormônios que deveriam regular a menstruação. Logo, pode haver uma briga entre eles e, como consequência, uma profunda desregulação da menstruação.
5. Gravidez
A gravidez não desregula a menstruação, mas suspende ela. É por esse motivo que o primeiro sinal que pode indicar que uma mulher está grávida é o atraso menstrual. Contudo, algumas mulheres podem ter sangramentos no começo da gestação, sendo assim confundido com a menstruação. Segundo Flávia Fairbanks, esse sangramento acontece devido a um pequeno escape do endométrio que ainda não foi ocupado pelo saco gestacional.
6. Pílula do dia seguinte
A pílula do dia seguinte é composta por um hormônio em alta dosagem, o progestógeno. Trata-se de um derivado da progesterona, que tem uma ação profunda no endométrio no transporte tubário e no mecanismo da ovulação.
"A pílula tem por função inibir a concepção de uma gestação não desejada, mas por suas alterações no endométrio e nos outros órgãos do trato reprodutor feminino, pode haver sim uma completa desregulação da menstruação", revela a ginecologista e obstetra.
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7. Dietas
De acordo com Juliana Dias, dietas muito restritivas ou transtorno anorexígeno, por exemplo, podem levar a uma perda de peso excessiva ou déficit nutricional que pode refletir na menstruação.
Além disso, a magreza excessiva também causa falhas na produção hormonal. Quando o corpo tem baixo índice de gordura, as taxas de colesterol tendem a cair. O colesterol é usado pelo organismo para criar hormônios sexuais, como a progesterona e o estrogênio. Sem gordura e sem colesterol em níveis adequados não há hormônios para ovulação.
8. Tabagismo e álcool
Tanto o álcool quanto o cigarro podem causar danos ao corpo. Embora não exista nenhum estudo que comprove ação direta do tabagismo no ciclo menstrual, sabemos que, por conter substâncias nocivas, o uso excessivo pode sim afetar a menstruação. Contudo, o consumo do álcool em excesso pode estar mais ligado a desregulagem do ciclo.
"Devido ao seu efeito depressor, o álcool em quantidade muito acima do considerado socialmente aceitável pode levar à alteração do ciclo menstrual. Mas isso acaba sendo raro no dia a dia, uma vez que as mulheres costumam usar concentrações mais adequadas à essas substâncias", indica Flávia Fairbanks.
9. Dormir pouco
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ideal é dormir, em média, de 6 a 8 horas por dia. Isso porque o sono tem diversas outras funções essenciais para o nosso organismo.
"O sono é um elemento muito importante para a manutenção da saúde em geral justamente pelo equilíbrio da liberação dos hormônios, sendo que muitos deles são liberados durante o período de sono mais profundo. Pessoas que dormem pouco acabam tendo níveis de cortisol e adrenalina (relacionados ao estresse) muito mais elevados do que o desejado e uma melatonina em dosagens inadequadas, o que pode desregular o ciclo menstrual", diz a ginecologista.
Como regular o ciclo menstrual?
Evitar alguns dos hábitos citados acima podem ser formas de controlar a menstruação. No entanto, a manutenção da saúde e do equilíbrio hormonal é o melhor remédio para regularizar o ciclo menstrual.
Segundo Flávia Fairbanks, é importante lembrar que algumas mulheres apresentam o risco de ter algumas doenças como síndrome do ovário policísticos e problemas de tireoide, por exemplo, que podem afetar essa regularidade menstrual. Cada uma delas precisa ser investigada para que a paciente faça o tratamento adequado para manter essa regularidade, que é muito importante para a saúde em geral e para garantir a capacidade reprodutiva da mulher, evitando dificuldades quando ela tiver o desejo de engravidar.
Saiba mais: É possível engravidar menstruada?
Marque uma consulta médica se você percebeu mudanças no volume ou duração da menstruação e dos ciclos. Especialmente nas seguintes situações:
- Se você ficou por 3 ou mais meses sem menstruar
- Sua menstruação acontece em intervalos menores do que a cada 21 dias
- Os intervalos entre períodos duram mais do que 35 dias
- Você está sangrando mais fortemente do que o normal durante o período
- Você menstrua por mais de sete dias
- Você tem mais dor do que o habitual durante um período.