Especializada em Neuropsicologia e mestre pela Universidade de Illinois – E.U.A. Professora no Centro de Diagnósticos Ne...
iA afasia é definida como um distúrbio de linguagem adquirido por uma lesão no Sistema Nervoso Central, isso é, no cérebro. Consideramos que a criança se tornou afásica quando ela já havia adquirido ou estava desenvolvendo sua linguagem e foi acometida por uma lesão cerebral na área ou nas áreas cerebrais importantes para a linguagem. Uma criança não nasce afásica. Estamos desconsiderando retardos na aquisição de linguagem por fatores patológicos ocorridos no período pré, peri ou pós natais (4).
Para reconhecer e assumir a condição afásica, o pré-requisito será o sujeito (a criança) ser um falante constituído (3). Na maioria das crianças, a partir dos dois anos, faixa etária em que a criança inserida em um contexto de um idioma, já deve ter o domínio de aspectos mínimos de linguagem, como alguns fonemas e a habilidade para construir frases simples (2).
Causas da afasia
Na criança, algumas das principais causas de afasia são tumores, traumatismos cranioencefálicos, anóxias por afogamento e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). As causas de AVC na infância são cardiopatia congênita, doença hematológica, doença autoimune, coagulopatias, anomalias vasculares, doenças metabólicas, desidratação, desnutrição, entre outras (4,2). Os sintomas e a severidade dos distúrbios dependerão da localização e da extensão da lesão.
As afasias na infância não são classificadas como nos adultos, elas são divididas apenas em afasia emissiva e afasia receptiva (1). Nas emissivas, o maior comprometimento ocorre na capacidade da criança se expressar e na receptiva a maior dificuldade está na compreensão da linguagem.
Como tratá-la
O fonoaudiólogo é o profissional que fará a avaliação da afasia, planejará a reabilitação e promoverá a habilitação da função linguística, seja ela oral e/ou escrita. Como a criança está no processo de aquisição, algumas funções serão recuperadas, isso é, reabilitadas, enquanto outras habilitadas, uma vez que ainda não foram adquiridas.
A maior prevalência da afasia na infância é a a do tipo emissiva, podendo em alguns casos mais graves ocorrer até o mutismo. Quando o insulto ao cérebro ocorrer antes da alfabetização, o processo de aquisição da leitura e escrita pode também ficar comprometido e só ser notado na época em que estas habilidades estão sendo requisitadas e aprendidas. Assim, se tratando de uma criança que esteja no processo de alfabetização, é comum que ela necessite de um acompanhamento fonoaudiológico de longo prazo para suprir eventuais comprometimentos que ela possa a ter (4).
A maior prevalência da afasia na infância é a a do tipo emissiva, podendo em alguns casos mais graves ocorrer até o mutismo. Quando o insulto ao cérebro ocorrer antes da alfabetização, o processo de aquisição da leitura e escrita pode também ficar comprometido e só ser notado na época em que estas habilidades estão sendo requisitadas e aprendidas. Assim, se tratando de uma criança que esteja no processo de alfabetização, é comum que ela necessite de um acompanhamento fonoaudiológico de longo prazo para suprir eventuais comprometimentos que ela possa a ter (4).
Os distúrbios de linguagem na afasia infantil podem envolver todos os aspectos linguísticos. Nas afasias com comprometimento maior na compreensão, a criança pode ter dificuldades em compreender uma ordem, em entender frases mais longas e complexas, entender o significado de palavras ou sentenças, reconhecer a diferença entre alguns sons, ela pode parecer não estar ouvindo, ter dificuldade em dar seguimento nas tarefas da escola ou ter o mesmo nível de entendimento que seus colegas de classe, podem ter problemas comportamentais, serem facilmente distraídos, parecerem esquecidos e não compreender uma leitura, entre outros.
Nas afasias de expressão, sua produção oral ou escrita pode estar empobrecida gramaticalmente, limitada em termos de variedade de assuntos, confuso no seu significado, ter dificuldade em iniciar uma conversa, dar seguimento em um assunto ou mesmo participar de uma roda de conversa, pode ter dificuldade em relembrar e recontar uma história, dificuldade em completar narrativas orais ou escritas e encontrar a palavra certa.
Como a criança está em desenvolvimento, ela deverá ser avaliada de forma processual e seu plano terapêutico também deverá ser feito em várias etapas, buscando sempre a compreensão do momento de desenvolvimento em que ela se encontra no âmbito das habilidades de comunicação e cognição. Entendemos como sendo cognição funções como a memória, a atenção, o raciocínio, etc (3). Algumas vezes uma avaliação neuropsicológica também pode ser necessária para a melhor compreensão dos distúrbios que apresenta.
O tratamento deve ser iniciado o mais breve possível, com terapias individuais, podendo depois se estender a uma intervenção escolar. Algumas vezes pode ser necessário um trabalho individualizado com um assistente terapêutico dentro da classe.
Estudos demonstram que o prognóstico das afasias na infância é melhor do que no adulto, pela própria plasticidade cerebral da criança, que é maior do que no adulto (4). Um cérebro maduro já estará com as áreas especializadas, enquanto o infantil, muito mais flexível, poderá ter uma reorganização, podendo às vezes até mesmo transferir a área da linguagem que está localizada no hemisfério cerebral esquerdo, na maioria das pessoas, para o hemisfério direito. No entanto, na infância a etiologia da afasia pode ser um fator mais grave a ser considerado.
Referências
- 1.Bertolucci, PH. Afasias na Infância. Temas de Desenvolvimento 1991, I:13-5.
- 2.Favoretto, NC, Carleto, NG, Cunha, PG, Panes, VCB, Fernandes, AY, Lamonica, DAC, Caldana, ML. Intervenção fonoaaudiologica precoce em afasia infantil decorrente de uma acidente vascular cerebral: relato de caso. HTTP://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.2017v29i3p480-486.
- 3.Fonseca, SC, Catrini, M. Considerações sobre a afasia infantil: um estudo de caso. Uberlandia. Anais de SILEL. 2009, volume 1.
- 4.Ortiz, K.Z. Afasia. In Ortiz, ZK (organizadora). Distúrbios Neurológicos Adquiridos: Linguagem e Cognição, São Paulo, editora Manole, 2005.