Andressa Bortolasso, autora de Sintonia de Mãe, publicado pela Luz da Serra Editora, é odontopediatra, especialista em a...
iSeu bebê não faz isso ainda? Você só perdeu 2 kg depois do parto? Nessa fase, eu já tinha perdido 10! Meu bebê com um mês já dormia a noite toda!
Basta nos vermos em uma roda de mães que logo mais já começam as comparações. É quase inevitável escutarmos uma dessas de vez em quando!
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E se a gente for prestar atenção, esse tipo de comparação normalmente vem da mãe mais insegura da roda. Na verdade, mães que estão com dúvidas acabam fazendo esse tipo de comparação, porque precisam validar se o que estão fazendo está certo. Elas estão testando se cuidam direito do seu bebê. Também preste atenção: essas comparações vêm normalmente relacionadas ao primeiro filho. No segundo, terceiro e quarto, por exemplo, já não temos mais essa necessidade de comparar, até mesmo, nem temos tempo mais para isso.
O mais difícil é quando a comparação vem de pessoas da nossa família, comparando primos, por exemplo, e sempre apontando qual das mães está "se saindo melhor" na criação das crianças.
Esses dias, uma amiga estava me contando que teve bebê na mesma época que a cunhada. E, em toda reunião familiar, era aquela comparação. Qual deles estava engordando mais, qual delas estava tendo mais leite, qual cocô era o mais bonito... e por aí vai. Ela me disse que chegou ao ponto de rejeitar convites de encontros familiares, porque simplesmente não aguentava mais essas comparações. Isso a fez se afastar da família. Somente na festa de aniversário de um aninho do filho é que conseguiu ficar bem e deixou de ser alvo de comparações.
Outra situação ainda mais delicada é quando alguém faz questão de comparar o nosso bebê ao pai, por exemplo, quando ele era bebê! E é claro que era um bebê mais gordo, mais bonzinho, dormia bem e dava muito menos trabalho do que o nosso bebê!
Acontece que essas comparações, além de gerar sentimento de raiva nas mães, minam a sua autoconfiança!
Não faz sentido algum comparar resultados da maternidade, até mesmo porque cada criança é única. E o importante mesmo é se conectar a melhor forma com o seu bebê, conforme explico no capítulo Alta Performance Materna do meu livro Sintonia de Mãe, publicado pela Luz da Serra Editora.
Sem julgamentos
Na verdade a comparação não é de toda ruim. Nos faz sentir parte de um grupo, pertencer... O maior problema é o julgamento que normalmente vem com ela acompanhado. "Esse é o jeito certo, e esse é o jeito errado". Dessa forma, toma um viés competitivo e é isso que destrói nossa autoestima. Perdemos a confiança em nosso potencial como mães, deixamos de escutar nosso instinto maternal por temermos o julgamento. E sempre ficamos na tendência de fazer do mesmo jeito que todo mundo faz. Esse eu acho o maior perigo!
Caímos na cilada de achar que as outras famílias são perfeitas e somente a nossa que tem problemas. Que tudo é melhor lá do que aqui. A grama do vizinho é sempre mais verde do que a nossa? Ficamos querendo ser aquela mãe infalível das redes sociais, que está sempre linda, com um bolo no forno e, ainda, vai à academia! Porque, é claro, as pessoas só nos mostram o lado bom. Ninguém viu quantos leões essa mãe matou por dia. Isso nos estagna, nos paralisa.
E o pior, deixamos de dar valor ao que temos e ao que somos de verdade! Muitas vezes esquecemos de sermos gratas a tudo o que conquistamos junto com a maternidade.
Deixamos de ver valor no que realmente tem valor. O quanto crescemos como seres humanos depois que nos tornamos mães, o quanto somos mais fortes, mais sensíveis, mais belas, mesmo que com alguns quilinhos a mais e um pouco mais de olheiras.
Não é nada fácil ser mãe. Lembre-se sempre de que você não precisa ser perfeita, basta fazer o seu melhor. E certamente você é hoje uma mãe melhor do que foi ontem.