Formado em Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP) em 1992. Newton Nunes é professor do Instituto do C...
iEm alunos hipertensos e cardiopatas o treinamento físico aeróbico (como caminhada, corrida, dança, bicicleta) produz um importante efeito hipotensor, razão pela qual é recomendado, sim, no tratamento da hipertensão arterial. Mais recentemente, porém, tem aumentado o interesse científico acerca dos efeitos cardiovasculares de outro tipo de exercício físico: os exercícios resistidos - ou seja, aqueles que treinam a resistência, como a musculação.
Muitas pessoas com hipertensão têm receio de treinos de musculação pela ideia de que a pressão alta pode aumentar. A recomendação no treinamento resistido é trabalharmos com o objetivo de resistência muscular localizada, ou seja, um número maior de repetições e cargas moderadas. Com isso, promovemos gradativamente a diminuição da pressão arterial dos nossos alunos hipertensos e cardiopatas após algumas sessões de treinamento físico. Assim, a musculação para hipertensos terá efeitos benéficos à saúde.
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Exercícios de hipertrofia podem apresentar riscos
Contudo, o treinamento físico que tem por objetivo melhora da força/hipertrofia muscular proporciona grandes elevações da pressão arterial durante sua execução, podendo até levar ao rompimento de aneurismas cerebrais preexistentes. Além disso, durante o treino de hipertrofia ocorre o fenômeno da Manobra de Valsalva, a qual não é indicada para pessoas com hipertensão.
Treino resistido é a melhor opção
O treinamento resistido é uma modalidade de exercício importante para a população hipertensa e cardiopata, visto que se mostrou eficiente para aumentar a força muscular, uma das principais habilidades físicas que contribuem para a melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida dessa população.
Estas são as principais adaptações fisiológicas ao treinamento resistido que nossos alunos (populações especiais) poderão adquirir a partir das primeiras semanas de treinamento:
- Melhora do equilíbrio estático e dinâmico
- Melhora da tolerância a estressores ortostáticos
- Aumento da capacidade aeróbia máxima
- Aumento da densidade óssea
- Aumento do armazenamento do glicogênio muscular
- Aumento da sensibilidade à insulina
- Aumento da amplitude de movimentos
- Aumento da área da fibra muscular e da massa muscular total
- Aumento da força, resistência e potência muscular
- Aumento da taxa de síntese protéica miofibrilar
- Aumento da capacidade de enzimas oxidativas
- Aumento do gasto total de energia
- Diminuição da massa de tecido adiposo total
- Diminuição da isquemia induzida pelo exercício aeróbio, ou seja, aumento do limiar de angina (aumento da frequência cardíaca de positivação)
- Melhora na composição corporal
- Melhora no metabolismo de glicose
- Melhora na sensibilidade à insulina
- Melhora nos níveis dos lipídios séricos (aumentando os níveis do HDL e diminuindo os de LDL)
- Diminuição na pressão arterial sistólica e diastólica em repouso e em cargas submáximas
- Diminuição do duplo produto (pressão arterial sistólica x frequência cardíaca) em repouso e em cargas submáximas
Concluindo, a musculação para hipertensos deve ser realizada entre 2 a 3 séries de 40% a 70% da carga máxima, entre 8 a 15 repetições.
Espero ter ajudado e até a próxima!