Redatora especialista na cobertura das editorias de saúde, alimentação, fitness e bem-estar.
Você fica olhando para uma foto de uma famosa em seu celular e fica se imaginando naquele corpo esbelto e sarado; porém, você só consegue treinar duas horas por semana. Ou mesmo você tem malhado todos os dias e até emagreceu, mas ainda não ganhou aquela massa muscular tão desejado e se sente um fracasso.
Essas são duas situações muito comuns para quem tem uma rotina dividida entre casa, trabalho e até estudos e que costumam atormentar as esperanças de ter o tão sonhado corpo escultural. Contudo, na maioria das vezes essa frustração é causada por um falso reflexo que temos diante de nossos esforços praticando exercícios.
Grande parte dos indivíduos traçam metas irreais e que em nada condizem com os limites de seus próprios corpos. Ao idealizar o corpo perfeito, acabamos por nos inspirar em famosos e só enxergamos o resultado final (que são os belos corpos), ignorando todo o processo pelo qual eles passaram para atingir aquela forma física.
O desafio da autoaceitação
Ao digitar "corpo feminino bonito" no Google, aparecem uma série de imagens de mulheres magras, com barrigas chapadas, bumbuns durinhos, pernas torneadas e corpos sem uma gordurinha extra. Imagens semelhantes aparecem ao digitar "mulheres saudáveis", por exemplo.
Nem sempre este foi o padrão de beleza feminina. Mas hoje nos apegamos à publicidade e fotos de celebridades, aderindo à ideia de que o corpo magro e definido é o ideal. A psicóloga Amanda Gallo contou para o Minha Vida que desejamos este tipo de corpo, mas não associamos todo o processo e dificuldades desses famosos para chegarem a tal resultado.
Sem contar que também não ligamos essas imagens às edições que elas sofrem. Programas de computador e até mesmo aplicativos de celulares são capazes de corrigir estrias e celulites, dar mais luz ao rosto, bronzear a pele, deixar os dentes mais brancos e afinar a cintura.
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Fatores que podem impedir de alcançar metas com exercícios:
- Má alimentação
- Estresse
- Noites mal-dormidas
- Hormônios
- Estilo de vida agitado
- Saúde em geral
Especialistas ressaltam que há aspectos físicos que também podem evitar com que alcancemos objetivos aos nos exercitarmos. A educadora Thaynara Fumieri, proprietária do Centro de Treinamento Viva Melhor, diz que não adianta, por exemplo, estabelecer um treino querendo emagrecer se não aderir a uma dieta saudável.
Insônia, estresse e demais transtornos mentais podem causar indisposição e fazer com que os treinos não saiam como o esperado. Claramente, as metas estabelecidas ficam mais distantes. Doenças crônicas e alterações hormonais também podem afetar a performance com exercícios físicos.
Por isso, a primeira recomendação para se estabelecer metas é consultar um médico. Faça exames para checar sua aptidão física e compreender melhor os limites de seu corpo.
Veja outras dicas para traçar metas reais de treinos abaixo:
1. Entenda sua rotina
Stephanie Tambor acorda e já vai treinar. A redatora de 25 anos pratica caminhada e natação logo cedo, pois no restante do dia trabalha e estuda.
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Para Maurício Pinto Marques, psicólogo e membro da diretoria da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP), há sempre um meio de encaixar uma atividade física na rotina. Porém, é importante que sejam práticas que despertem prazo e possam ser mantidas no dia a dia da pessoa, alinhadas com o ritmo pessoal.
São frequentes os casos em que pessoas estabelecem treinos em dias e horários que não são plausíveis e, então, seus exercícios são facilmente trocados por qualquer outro evento. Essa atitude torna ainda mais difícil conquistar as metas estabelecidas com os treinos - pois os treinos se tornam cada vez mais raros.
2. Dê tempo ao tempo
No poledance há dois anos, Jacqueline Balaton, 23, ressalta que respeitar seu corpo é um dos fatores mais importantes para atingir os objetivos sonhados. A publicitária conta que já tentou fazer um espacate pressionando muito o corpo contra o chão e isso acarretou em uma lesão na virilha. "Sinto muita dor ainda, mas está melhorando. Eu queria 'tanto, tanto, tanto' abrir um espacate que eu extrapolei meus limites e isso me causou dor. Entendi isso e vou tentar de novo, devagar, dando tempo ao tempo", comenta.
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É necessário respeitar o período de adaptação do corpo a cada movimento, evitando inflamações musculares que podem se tornar graves lesões. Por isso, não veja exercícios feitos por famosos como possíveis de serem executados instantaneamente. Essas são pessoas que treinaram bastante para conseguir executar aquele movimento em específico - então, veja-as como uma inspiração.
3. Busque se inspirar em vez de comparar
Ver celebridades com o "corpo perfeito" leva muitas pessoas a compreenderem que seus corpos são "imperfeitos" e, portanto, "errados, feios, ou fora do que é padrão". Não à toa problemas ligados à ansiedade, bullying e depressão em relação à autoimagem têm surgido com o uso de tais mídias, conforme a pesquisa Status of Mind (Reino Unido).
Médico psiquiatra membro da Sociedade Internacional de Psiquiatria do Esporte (ISSP), Helio Fádel recomenda evitar a comparação com os outros: a faça apenas consigo mesma. Compare os resultados de ontem com os de hoje, buscando sempre se aperfeiçoar e revisar seus resultados de forma construtiva.
Médico psiquiatra membro da Sociedade Internacional de Psiquiatria do Esporte (ISSP), Helio Fádel recomenda evitar a comparação com os outros: a faça apenas consigo mesma. Compare os resultados de ontem com os de hoje, buscando sempre se aperfeiçoar e revisar seus resultados de forma construtiva.
Jacqueline e Stephanie falam ainda de enxergar perfis de celebridades que praticam atividades físicas como uma inspiração. Ambas afirmam que é comum, sim, associar a imagem desses famosos com a ideia de que temos um corpo imperfeito. Porém, isso é algo a ser trabalho e superado. "Sei que são pessoas que não são da mesma modalidade que eu faço e que não têm o mesmo ritmo que eu. Mas isso a ajuda a entender que tudo é um processo, que exige muito treino", diz Stephanie.
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Ela afirma que para quem desconhece o próprio corpo e limites, essa desassociação se torna mais difícil - só que é uma jornada possível. "Para mim, que estou num bom processo de autoconhecimento, seguir essas celebridades me ajuda. Procuro seguir também indivíduos que não mostram esse processo de emagrecimento, de fazer academia como algo fácil", diz.
4. Tenha sintonia com seu treinador
Não adianta insistir em um professor ou treinador com o qual você não se identifica. Isso porque são esses profissionais que te ajudarão a encontrar motivação para praticar os exercícios, bem como compreenderão suas limitações e passarão exercícios de acordo com seu corpo, seu histórico de doenças e lesões, sua rotina e seus objetivos.
"Eu não sou uma aluna que pega as coisas fácil e tenho muito medo ao praticar poledance. Então, eu demoro para conseguir fazer o movimento. Aí a professora não me deixa fazer exercício sozinha; ela está sempre me segurando, sempre perto para auxiliar. Ela passa os movimentos e sabe dos meus limites", comenta Jacqueline.
Já Stephanie buscou acompanhamento profissional tanto em relação à alimentação quanto às atividades físicas. Ela fez uma lista de atitudes que queria mudar e esses dois âmbitos estavam listados. Junto a nutricionista, psicóloga e personal trainer, ela conseguiu traçar metas reais, que não exigem muito de si e que ela sabe que não largará "mão de tudo" que tem conquistado. "Cada um tem o seu processo e é necessário achar o equilíbrio, contando com o máximo de profissionais capacitados para te ajudar. Toda ajuda é bem-vinda", Stephanie ressalta.
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Dica extra: maneire nos treinos esporádicos
De fato treinos intensos podem trazer bons resultados, como o treino HIIT. Porém, treinos com alta intensidade, praticados "vez ou outra" (como somente aos finais de semana) e ao ar livre podem fazer com que você fique com a "síndrome da cara de corredor": rosto enrugado, manchado e magro. O nome é associado ao corredor por este ter bastante contato com o sol ao treinar na rua.
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Essa síndrome é causada principalmente pela relação entre malhar demais e a estimulação de radicais livres. Quando os exercícios são feitos em excesso, há uma maior produção de radicais livres - moléculas que se acumulam e podem gerar estresse oxidativo nos órgãos e tecidos do corpo. Como consequência desse "estresse", marcas e manchas surgem, além de ocorrer a aceleração do envelhecimento e maior possibilidade de doenças crônicas como câncer, problemas cardiovasculares e artrite.
Todos esses dados foram publicados no periódico Dynamic Medicine, por pesquisadores do Departamento de Saúde e Ciência do Esporte da Universidade de Memphis (EUA). A pesquisa ainda aponta que exercícios de baixa intensidade também produzem radicais livres, mas em menor quantidade - fazendo com o que o nosso organismo seja capaz de compensar essa produção com antioxidantes naturais.
Diante disso, não tente alcançar suas metas colocando maior carga e intensidade em seus treinos se esses são executados periodicamente. Procure sempre o auxílio de um profissional qualificado para que haja um acompanhamento adequado e totalmente benéfico para sua saúde.
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