Bacharelado em Educação Física pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, instituição onde t...
iA ideia de discutir ou descobrir a eficiência de um exercício sempre rondou e ronda ainda as academias e locais de treinamento.
Hoje sabemos que a eficiência mecânica de um movimento exclusivamente passa por muito mais fatores do que anteriormente eram pensados ou imaginados e que envolvem uma pergunta inicial básica: eficiente para quem?
Eficiência dos exercícios
Na parte biológica da história, já começam os primeiros questionamentos: corpos diferentes, com ossos, músculos, tendões, ligamentos, assimetrias, posicionamentos, controle motor, propriocepção, têm uma chance infinitamente pequena de apresentarem desempenho motor de igual eficiência quando teoricamente estão fazendo o mesmo movimento.
Na outra ponta da história, temos os aspectos psicossociais da execução do movimento, que se relacionam com a confiança, segurança, prazer e vontade de fazer esse ou aquele movimento.
Sabemos e consideramos hoje que os exercícios que gostamos fazem nos sentirmos seguros, confiantes e com motivação para executar.
Assim, costumam ser feitos com intensidades maiores do que os outros que não têm esses aspectos emocionais ligados a eles.
Um exemplo claro é aquela tradicional situação de academia, em que os homens em sua grande maioria adoram treinar peito, chamam os amigos para ajudar e carregam na carga. E quando vão treinar pernas, fazem em intensidades muito menores.
No caso das mulheres, na grande maioria das vezes temos um cenário oposto, em que treinam membros inferiores com alta intensidade e seguram bastante nos membros superiores.
Prancha ou abdominal: qual o melhor?
Quando vamos analisar e comparar os dois abdominais, por exemplo, prancha isométrica ou abdominal crunch (tradicional), precisamos somar todas essas variáveis para entender qual será mais eficiente para aquela pessoa.
Além disso, há outros aspectos que devem ser levados em consideração, como os abaixo.
Mecânica do movimento
Prancha isométrica: Limitando nossa análise à questão biomecânica do movimento, a prancha trabalha partindo do princípio de termos uma contração conhecida como isométrica, ou melhor explicando, o músculo faz força para manter uma posição sem deslocamentos visualmente acentuados.
Abdominal tradicional: Já o crunch, ou aquela flexão tradicional do tronco que aproxima a porção alta do tórax na direção do quadril como se fôssemos "enrolar o tronco", trabalha com movimentos dinâmicos que alteram o comprimento da musculatura entre a extensão e a flexão torácica.
Sobrecarga
Prancha isométrica: Com movimentos estáticos, como na prancha, temos teoricamente menos sobrecarga nas articulações, pois elas permanecem imóveis durante o movimento, o que em tese, nos permite dizer que é um movimento mais seguro para quem tem algum comprometimento das articulações.
Uma segunda vantagem seria o fato do trabalho isométrico da musculatura do tronco ser muito parecido com o trabalho que executamos ao longo do dia, nas diversas posições em que nos mantemos por muito tempo, como sentados no escritório, no carro, etc.
Abdominal tradicional: Já o abdominal crunch nos permite trabalhar a musculatura com movimentos em variadas amplitudes, cargas e intensidades.
Ele demanda grau de atenção importante para boa manutenção da técnica e permite intensidades um pouco mais altas, pois tem um trabalho que isola mais a musculatura, sem que haja necessidade de grande trabalho das musculaturas auxiliares.
Assim, permite com que o sistema nervoso foque mais na contração intensa do abdominal, fato este que acaba sendo menor na prancha, porque o sistema nervoso acaba dividindo atenção contraindo uma série de outros músculos auxiliares para a manutenção da posição.
Resumindo: o melhor exercício é aquele que você gosta, que para seu corpo é eficiente mecanicamente, que você consiga fazer e te leve às intensidades mais importantes, próximas do limite de cada um.
Não existe uma fórmula secreta no exercício: é preciso considerar quem está executando.
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