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O que é útero bicorno?
O útero bicorno é uma má-formação uterina que divide o útero em dois, tendo como característica o formato de um coração - diferentemente do útero normal, que tem formato de pêra invertida. É possível afirmar que as mulheres nascem com essa alteração.
Nos primeiros três meses de vida da bebê ocorre a junção das estruturas que darão origem ao útero, trompas e terço superior da vagina da mulher, os ductos paramesonéfricos.
Segundo o ginecologista e obstetra Rafael Lacordia após a junção completa, ocorre a reabsorção da porção central e a formação desses órgãos termina. No entanto, caso haja falha na fusão ou na reabsorção, têm a origem as malformações uterinas, entre elas o útero bicorno.
Sintomas
Geralmente, a mulher pode ter sinais que indicam um possível diagnóstico de útero bicorno, pois a anomalia apresenta algum destes sintomas associados:
- Relações sexuais dolorosas
- Dor ou desconforto no abdômen
- Sangramento vaginal irregular
- Abortos de repetição.
Causas
O útero bicorno é causado por conta de uma falha na junção dos ductos paramesonéfricos durante o desenvolvimento fetal, fazendo com que o útero fique dividido em duas partes.
Por ser uma má-formação uterina congênita, a ginecologista e obstetra Carolina Curci alerta que a mulher não deve se culpar por ter essa condição, pois não foi algo que ela tenha feito que ocasionou a anomalia do útero.
Útero bicorno afeta a gravidez e a fertilidade?
Em geral, o fato de a mulher ter útero bicorno não afeta a fertilidade. Aliás, muitas mulheres antes mesmo de saber o diagnóstico engravidam normalmente.
No entanto, conforme afirma o ginecologista e obstetra Rafael Lacordia, a gravidez da mulher com útero bicorno pode causar malformações fetais e parto prematuro, porque há menos espaço para o bebê crescer, e o útero fica sobrecarregado.
"Em alguns casos também o colo do útero pode abrir antes do tempo, e nesse caso o obstetra pode indicar uma cirurgia para manter o colo uterino fechado, conhecida como cerclagem", ressalta o especialista.
É importante também se atentar à ocorrência de abortos espontâneos. Segundo a ginecologista e obstetra Carolina Curci, até 40% das pacientes que abortaram repetidamente apresentaram uma uma má-formação uterina.
Diagnóstico
É possível fazer o diagnóstico de útero bicorno com o auxílio de exames, que geralmente são associados para que se possa ter certeza da anomalia. Os mais importantes são:
- Ultrassonografia transvaginal, de preferência a 3D
- Histerossalpingografia, que consistem em injetar um contraste no útero e fazer radiografias da pelve
- Ressonância magnética (RM)
- Histeroscopia
- Laparoscopia, menos usado por se tratar de uma cirurgia que acessa o útero por meio de pequenos cortes.
Tratamento
O útero bicorno é uma condição quase totalmente assintomática. "Sendo assim, é mais provável que uma mulher com útero bicorno nunca precise realizar um tratamento", afirma o ginecologista Rafael.
Mas caso seja necessário, os médicos indicam a cirurgia chamada de laparoscopia, a fim de examinar melhor o útero e as tubas e possibilitar que a mulher engravide caso isso esteja dificultando.
Diferença de útero bicorno, útero septado e útero didelfo
"O útero bicorno tem sua região fúndica dividida completamente, como se fossem dois úteros separados. Já o útero septado parece normal externamente, tem o formato de pêra, porém no seu interior há uma parede fibrosa dividindo sua cavidade, parcialmente ou totalmente", esclarece o médico Rafael Lacordia. Além disso, o útero septado pode trazer dificuldade de engravidar.
No caso do útero didelfo, a mulher também tem dois úteros, devido a uma falha no processo de fusão dos ductos paramesonéfricos ou ductos mullerianos. No entanto, essa divisão afeta estruturas diferentes. "A falha ocorre desde o fundo uterino até o colo, tendo então a formação de duas estruturas completamente separadas entre si, ficando uma trompa de cada lado", afirma.
No exame ginecológico é possível identificar o útero didelfo, o que facilita o diagnóstico.
Referências
Médico ginecologista e obstetra, Rafael Lacordia, especialista em reprodução humana da Huntington Medicina Reprodutiva - CRM: 135154
Médica ginecologista e obstetra, Caroline Curci, especialista da Clínica Curci - CRM: 111858