Ginecologista e obstetra da Clínica Mantelli. Assistência Integral à Saúde da Mulher, Parto Humanizado, Gestação de Alto...
iO que é o anel vaginal?
O anel vaginal é um método contraceptivo hormonal combinado. Feito de material maleável e em formato redondo, ele é introduzido no canal vaginal e libera diariamente no organismo os hormônios progesterona e estrogênio, que agem na inibição da ovulação, evitando uma possível gravidez.
Considerado como um anticoncepcional muito eficaz, as estatísticas indicam que, a cada 1.000 mulheres avaliadas, apenas 4 a 12 engravidaram usando o anel vaginal. Segundo dados do Hospital Israelita Albert Einstein, a eficácia do método é de 91% com uso recomendado.
Como funciona o anel vaginal?
O anel vaginal funciona de forma muito similar à pílula anticoncepcional combinada. Porém, em vez de ingerir o medicamento diariamente, a mulher utiliza o anel durante 3 semanas seguidas. Durante esse período, ele libera lentamente na circulação sanguínea os dois hormônios sexuais femininos que impedem a liberação do óvulo pelos ovários.
Ao bloquear a ovulação, o anel impede que ocorra a concepção dentro do útero. Além disso, ele também age no organismo feminino alterando a consistência do muco vaginal, que fica mais hostil para os espermatozoides, dificultando a mobilidade dos gametas masculinos pelo colo uterino.
Como usar o anel vaginal?
Em primeiro lugar, é importante saber que, antes de ser usado, o anel precisa ser mantido na geladeira. Diferente de alguns métodos, como o DIU e o implante contraceptivo, ele pode ser inserido pela própria mulher em casa e até existem aplicadores para anel vaginal que ajudam aquelas que sentem dificuldade na inserção.
Na primeira vez em que a mulher usar o anel vaginal, ela deve inseri-lo exatamente no primeiro dia do ciclo menstrual, logo que o sangramento tiver início. A médica ginecologista Jéssica Trafani afirma que o método começa a funcionar imediatamente após a inserção, porém, durante os sete primeiros dias de uso, é recomendado que se utilize camisinha nas relações sexuais.
Ao inserir o anel, a mulher precisa estar com as mãos bem lavadas e se colocar em uma posição confortável. Em seguida, deve apertar o anel com o polegar e o dedo indicador, fazendo com que as duas hastes se encostem. Nesse formato "espremido", a mulher introduz o anel na vagina, de forma vertical, e o empurra até o fim do canal, aonde ele vai se ajustar e ficar na posição adequada.
O anel deve ser usado ao longo de três semanas ininterruptas e não precisa ser retirado durante este período. Jéssica Trafani explica que ele não é sentido pela mulher no dia a dia, entretanto, é importante verificar regularmente que o anel está na vagina, principalmente após as relações sexuais com penetração.
Após o ciclo de três semanas, a mulher precisa retirar o anel e ficar sete dias (uma semana inteira) sem o método, para ter uma nova menstruação. A médica ginecologista ressalta ainda que, se o anel foi colocado em um certo horário do dia, ele deve ser retirado no mesmo horário.
No oitavo dia, um novo anel pode ser introduzido seguindo o mesmo horário dos últimos processos. "Se houver um atraso de mais de três horas desse horário de inserção, a eficácia contraceptiva do método já pode estar reduzida", ressalta a especialista.
O que fazer se o anel vaginal sair?
Se o anel sair da vagina por alguma razão, a mulher deve se atentar para garantir que haja nenhuma perda na eficácia do método. "Se ele ficou fora da vagina por um período menor do que três horas, ele ainda poderá trazer proteção contra a gestação", aponta a médica Jéssica Trafani. Neste caso, é necessário apenas lavar o anel em água fria ou morna (nunca quente) e inseri-lo novamente.
Caso o anel vaginal ficar exposto por mais de três horas, durante a primeira e a segunda semana de uso, a especialista diz que ele pode ser recolocado, porém, não terá a mesma eficácia. Assim, a médica recomenda o uso da camisinha nos sete dias seguintes à reinserção.
Agora, se o anel ficar fora da vagina por um período maior de três horas durante a terceira semana de uso, ele pode não proteger mais contra a gravidez. "Você joga fora o produto usado e tem duas opções: inserir um novo anel imediatamente e ter um novo ciclo (mais três semanas até a menstruação); ou não inserir nenhum anel, aguardar a sua primeira menstruação e introduzir o novo anel até no máximo sete dias após o antigo ter sido expelido", recomenda Trafani.
Contraindicações do anel vaginal
Assim como qualquer outro método contraceptivo, o anel vaginal não deve ser utilizado sem recomendação médica. "É importante sempre procurar um especialista, conversar com ele para saber se você pode ou não usar esse anticoncepcional", reforça Jéssica Trafani.
Por ser um método hormonal combinado, a ginecologista explica que o anel vaginal não é recomendado para quem também não pode consumir a pílula anticoncepcional. Outros casos em que o anel vaginal é contraindicado são:
- Uso concomitante a outro método hormonal (como DIU hormonal)
- Histórico de trombose
- Histórico de embolia pulmonar
- Histórico de infarto
- Histórico de trombofilia (maior risco de formação de coágulos no sangue)
- Pacientes que têm enxaqueca com aura em qualquer idade
- Pacientes que têm enxaqueca sem aura depois dos 35 anos
- Pessoas com diabetes e com lesão de vasos sanguíneos
- Histórico ou presença de inflamação do pâncreas, com concentração de gordura no sangue
- Histórico ou presença de uma doença grave no fígado
- Histórico de algum tumor benigno ou maligno no fígado
- Quem já teve ou tem câncer de mama
- Quem tem alergia aos compostos do anel vaginal
Efeitos colaterais do anel vaginal
Por se tratar de um método contraceptivo hormonal, o anel vaginal pode causar alguns efeitos colaterais em quem o utiliza. Entre as reações mais comuns relatadas pelas usuárias (entre 1% e 10% das pacientes que adotam este medicamento), estão:
- Dores abdominais
- Mal-estar, como náuseas
- Aumento de secreção vaginal
- Coceira vaginal
- Infecções fúngicas, como candidíase
- Dor de cabeça
- Enxaqueca
- Dores nas mamas
- Acne
- Aumento de peso
- Diminuição da libido
Saiba mais: Ciclo menstrual: saiba o que é, como funciona e fases
Vantagens e desvantagens do anel vaginal
Antes de optar pelo uso do anel vaginal, é importante conhecer os prós e contras oferecidos pelo método para garantir conforto e proteção adequados. Entre as principais vantagens do contraceptivo estão:
- O anel vaginal tem alta eficácia
- É muito fácil de inserir e retirar
- Não precisa de um controle diário
- Não interrompe, interfere ou prejudica a vida sexual
- Não é sentido pela mulher no dia a dia, nem causa desconforto
- Pode ser usado com a camisinha masculina
- Pode ser usado com absorvente interno
Já entre as desvantagens apresentadas pelo método estão:
- Exige que a mulher lembre de retirá-lo após três semanas
- Aumenta o corrimento vaginal
- Pode causar alteração no peso
- Pode causar dores de cabeça
- Custo-benefício pode não ser o melhor