Redatora especialista na cobertura de saúde, bem-estar e comportamento.
O que é displasia
A displasia é caracterizada por um crescimento anormal de células do corpo. Vistas em um microscópio, essas células chegam a apresentar uma alteração em sua forma. Além disso, em muitas situações, a displasia pode ser uma lesão pré-cancerígena.
Causas da displasia
O motivo que leva o organismo a desenvolver a displasia pode ser tanto por herança genética do paciente como fatores externos. "Múltiplas causas podem levar a este quadro, como tabagismo, alterações hormonais, infecção pelo vírus HPV, alterações genéticas", explica Fábio Rodrigues, mastologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O uso de ventiladores em bebês prematuros por um longo período, por exemplo, pode gerar lesões nos pulmões dos pequenos, levando à displasia broncopulmonar. Já o consumo de cigarro é muito associado à displasia fibromuscular, comum em mulheres de 40 a 60 anos.
Em alguns tecidos, essas alterações contínuas das células podem levar ao desenvolvimento de tumores malignos, como é o caso do câncer de colo do útero em mulheres.
Displasia é câncer?
A displasia, entretanto, não é câncer. Conforme esclarece o médico Fábio Rodrigues, ela é uma condição de transformação de tecidos relacionada a alterações genéticas e externas. "Não é a mesma coisa que câncer, mas em alguns tecidos representa uma alteração que pode evoluir para um tumor", diz o mastologista.
A displasia mamária é um caso que não tem nenhuma relação com o câncer de mama. Atualmente, esta condição é chamada de "alterações funcionais benignas de mamas" (AFBM) e, segundo Rodrigues, não apresenta relação direta com um risco maior de desenvolvimento de câncer.
"No câncer, as células precisam ter a capacidade para invasão e gerar metástase", complementa Tiago Kenji Takahashi, diretor técnico do Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula.
Tipos de displasia
A displasia recebe um nome e uma característica própria de acordo com o órgão ou tecido em que ela se desenvolve. Desta forma, alguns tipos mais comuns de displasia são:
- Displasia cleidocraniana (que afeta as clavículas, ossos do crânio, ossos da face e dentes)
- Displasia mamária
- Displasia de colo de útero
- Displasia coxofemoral (que afeta o fêmur)
- Displasia ectodérmica (que afeta cabelos, unhas, dentes e pele)
- Displasia de quadril
- Displasia fibrosa
- Displasia óssea
- Displasia fibromuscular
- Displasia broncopulmonar
Sintomas de displasia
Os sintomas de displasia também variam conforme o tipo diagnosticado. "No caso da displasia mamária, observamos dor na região, sensação de peso e, por vezes, até nódulos palpáveis, que costumam estar associados à menstruação e desaparecem totalmente após o fluxo ocorrer", aponta Fábio Rodrigues.
De acordo com o médico, nas displasias óssea e coxofemoral, em geral, o indivíduo observa dor ao caminhar e pode sentir encurtamento de membros, tendo até mesmo impossibilidade de andar.
Fatores de risco para a displasia
Tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, exposição a hormônios e infecções virais costumam facilitar a ocorrência de displasia. Porém, cada tipo de displasia tem seus fatores de risco próprios, assim como os sintomas, que têm suas características específicas.
O vírus do HPV, por exemplo, aumenta a possibilidade de se desenvolver displasia no colo do útero. Já as inflamações causadas pela doença do refluxo gastroesofágico podem aumentar as chances de uma displasia no esôfago.
Diagnóstico de displasia
O diagnóstico da displasia é feito por meio de exame clínico, de imagem e também biópsia para investigação do tecido. Para a conclusão do quadro, qualquer profissional médico pode realizá-lo e o direcionamento para a especialidade médica depende da queixa clínica do paciente.
Tratamento da displasia
Concluído o diagnóstico, o tratamento da displasia depende de cada caso. Há pacientes que são encaminhados para o tratamento cirúrgico, enquanto outros utilizam apenas a via medicamentosa. Há ainda a via dietética-comportamental, que promove mudanças de hábitos alimentares e diários.
"O tratamento depende do órgão afetado e das características. Nos casos em que a displasia é diretamente relacionada ao risco maior de câncer, como o câncer de colo uterino, o tratamento é cirúrgico. Além disso, existe atendimento gratuito pelo SUS para a maioria das displasias, dependendo apenas da região do corpo onde ela ocorre", afirma Fábio Rodrigues.
É possível conviver com a displasia?
Existem casos de displasia em que a convivência com o distúrbio é totalmente possível, como a displasia mamária. Nesta situação, o paciente pode realizar um tratamento com orientações dietético-comportamentais ou medicamentosas que visam o alívio dos sintomas.
Referência
MSD Manual
Tiago Kenji Takahashi, diretor técnico do Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula - CRM-SP: 125042
Fábio Rodrigues, mastologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRM-SP: 81.824