O nervo olfatório, que leva o estímulo do cheiro até o cérebro, pode ser afetado por diversas condições - fazendo com que muitas pessoas percebam alterações no olfato. Além das situações mais comuns de redução (hiposmia) ou total falta da capacidade de sentir cheiros (anosmia), também é possível passar a sentir cheiros que não existem (fantosmia), ter distorção do olfato (parosmia) ou ainda experimentar a sensação de "cheiro ruim" (cacosmia).
Alguns desses quadros podem acompanhar a pessoa por muitos anos, tornando-se um problema crônico, porém, existe uma solução para quem quer recuperar seu olfato: é a fisioterapia de cheiros. Segundo o médico otorrino Márcio Freitas, o método se trata de um treinamento olfativo que ajuda os pacientes a "reaprenderem" os cheiros, possibilitando a reconstituição ou melhora do problema.
Causas da perda ou alteração de olfato
Em geral, entre as possíveis causas que fazem com que um indivíduo tenha seu sistema olfativo prejudicado, estão:
- Condições neurológicas
- Uso de alguns medicamentos
- Doenças psiquiátricas
- Obstruções nasais
- Rinite e sinusite
- Gripe e resfriado
- Tumores nasais
- Pós-operatórios de cirurgias nasais que causem alguma lesão no epitélio olfatório (responsável pelo olfato)
- Traumas, como batidas no nariz ou na cabeça
Perda de olfato pela COVID-19
Mais recentemente, outro fator que também vem sendo associado à perda ou diminuição do olfato é a COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Nestes casos, as alterações na capacidade de sentir cheiros aparecem de forma súbita e intensa.
Especialistas suspeitam que o vírus afeta o nervo olfatório, causando uma irritação temporária ou até permanente do mesmo. Desta forma, ele promove uma desconexão entre os receptores dos cheiros e o cérebro.
Apesar de ser uma doença nova, o otorrinolaringologista Márcio Freitas explica que a fisioterapia de cheiros pode ajudar muito os pacientes com COVID-19. Segundo ele, com algumas semanas de tratamento, o olfato da pessoa volta quase que totalmente, sem nenhuma sequela ou problema.
Como funciona a fisioterapia de cheiros
A fisioterapia de cheiros visa estimular o olfato do paciente através de um treinamento olfativo, fazendo com que haja uma recuperação da sensação dos cheiros e conexões cerebrais. "O indivíduo vai treinar diversas vezes por dia, se expondo ao cheiro de coisas estabelecidas pelo médico para que, com o tempo, haja melhora no quadro e até recuperação do olfato e da percepção dos cheiros", diz Freitas.
Mas o método não precisa ser, necessariamente, feito apenas em consultório médico. É possível treinar o olfato em casa a partir das orientações médicas recebidas. De acordo com o otorrino Alexandre Colombini, o treinamento olfativo pode ser feito com diversos recursos simples, como:
- Cravo
- Suco de maracujá
- Sucos concentrados
- Mel
- Pasta de dente de menta
- Café
- Essência de baunilha
- Vinagre de vinho tinto
- Frutas com cheiro forte
Segundo o especialista, é recomendado que o paciente cheire uma pequena porção de cada um dos produtos acima por 10 segundos, com intervalos de 15 segundos entre eles. Isso deve ser feito duas vezes ao dia e por um período de, pelo menos, três meses.
É importante ressaltar que, mesmo que a fisioterapia de cheiros possa ser feita em casa, é necessário que o indivíduo busque orientação médica ao notar qualquer alteração no olfato. Só assim o especialista poderá identificar a causa do problema e indicar o melhor tratamento para o quadro.