Muitas pessoas têm dificuldade em meditar por não conseguirem ancorar a mente no presente, divagando para o passado, futuro ou preocupações do dia a dia. O método Koan ajuda o praticante a focar a consciência no agora e entrar em estado meditativo com mais facilidade.
O método Koan surgiu dentro do Budismo Zen Japonês há cerca de 900 anos como um recurso para atingir a expansão da consciência, auxiliando no autoconhecimento e promovendo um estado meditativo através da reflexão sobre os Koans.
Koans são afirmações, perguntas e pequenas narrativas ou diálogos com uma característica em comum: todos são propositalmente enigmáticos; "a ideia é que não haja resposta para os Koans, tampouco um entendimento racional" diz Luís Delgado, mestre em Reiki.
O porquê dos Koans serem reflexões que não podem ser resolvidas é simples: eles proporcionam a percepção de que nem todo mistério tem solução e a aceitação dos aspectos da vida para os quais não temos respostas - um "mindset" difícil para o ser humano, que está sempre a procura de explicações.
Assim, o método Koan é uma prática para que as pessoas consigam aprender a conviver com os enigmas da existência e das suas próprias vidas.
O método Koan na meditação
"A pessoa que vai meditar pode escolher uma postura confortável, com o máximo de silêncio possível, sem preocupações com o tempo e, nesse estado relaxado, repetir mentalmente o Koan", explica Delgado.
Colocando a atenção no Koan, a mente vai voltar toda a atenção à afirmação, à resposta da pergunta ou à compreensão do ensinamento inserido em uma narração ou diálogo, por exemplo.
Ele alerta que, para uma pessoa iniciante não é aconselhável a escolha de uma história muito extensa, pois a preocupação com a memorização do texto pode impedir o relaxamento.
A mente irá se voltar para esse o enigma no Koan e aos poucos estará totalmente envolvida, de modo que o indivíduo possa compreender como seus próprios processos mentais funcionam quando confrontados com o fato de que nem tudo é compreendido através da razão.
"Temos transformado nossas vidas em existências extremamente analíticas, voltadas além do necessário para objetivos e metas, desvalorizando o nosso sentir. Um Koan coloca algo em evidência, ele traz algum conteúdo inconsciente à consciência".
Mas o método Koan não precisa, necessariamente, ser posto em prática apenas na tradicional postura meditativa. O praticante deve apenas focar sua atenção sobre um Koan de modo que sua mente se volte para essa questão ou narrativa sem solução.
A técnica irá facilitar o alcance da atenção plena. O especialista diz que, ao meditar, é comum que a pessoa escolha colocar sua atenção na respiração, mas se ela tem uma mente agitada, logo sua atenção estará de volta aos pensamentos, lembranças, compromissos do trabalho ou relacionamentos. Como o método Koan é uma prática que se dá na mente, é mais difícil que a atenção se disperse.
Benefícios do Método Koan
Uma vez que é um meio de meditar, o método koan pode proporcionar os mesmos benefícios da prática. São eles:
- Tranquilidade: enquanto você volta toda a sua atenção para um ponto, um koan, a perturbação vai ficando de lado
- Maior atenção e concentração
- Diminuição da ansiedade
- Redução da depressão
- Aumento da criatividade
- Melhora da qualidade do sono
- Mente relaxada
- Autoconhecimento
- Aceitação das situações sem uma explicação
Alguns koans
Visto todos os benefícios do método koan, aqui vão alguns koans para inserir na meditação ou nas reflexões dia a dia.
Podem ser perguntas para as quais não há resposta: "Quem sou eu?" ou "Como tirar o ganso de dentro de uma garrafa de vidro sem quebrá-la?".
Podem ser afirmações, como: a forma mais sutil do ódio é o amor.
Podem ser diálogos: Dois monges discutiam a respeito da bandeira do templo, que tremulava ao vento. Um deles disse: "É a bandeira que se move".O outro disse: "É o vento que se move". Trocaram ideias e não conseguiram chegar a um acordo. Então Hui-neng, o sexto patriarca, disse: "Não é a bandeira que se move. Não é o vento que se move. É a mente dos senhores que se move".
Podem ser narrativas curtas: Certa vez, um Mestre sonhou que era uma borboleta, voando alegremente. No sonho, ele não tinha mais a mínima consciência de sua individualidade como pessoa. Ele era realmente uma borboleta. Repentinamente, ele acordou, e se descobriu deitado em sua cama, uma pessoa novamente. Mas, então, ele pensou para si mesmo: "Antes, fui um homem que sonhava ser uma borboleta ou, agora, sou uma borboleta que sonha ser um homem?".