Método Billings: o que é, como funciona e como usar

O que é o Método Billings?

O método de ovulação Billings (MOB), ou simplesmente método Billings, é um método natural de controle de ovulação que se baseia na avaliação do muco cervical, ou seja, na identificação do período fértil por meio da observação da secreção vaginal ao longo do mês.

O método só funciona para mulheres que não utilizam nenhum recurso hormonal, como anticoncepcionais. Ter um ótimo conhecimento do próprio corpo e saber o período da ovulação só pela secreção vaginal também é favorável ao método.

Como funciona o método de ovulação Billings?

A partir da observação diária e da avaliação ao longo do ciclo menstrual, a mulher precisa reparar se há presença ou ausência de muco e na sensação de secura ou umidade da vagina. O muco pode ser pegajoso, turvo, elástico, claro, transparente ou sensação escorregadia.

No período fértil, é possível observar a mudança da consistência da secreção, que tende a vir em mais quantidade e geralmente tem aspecto mais úmido e de clara de ovo. Esse é o muco típico do período de ovulação, que normalmente acontece um pouquinho antes da ovulação e perdura até um ou dois dias após o período fértil.

Identificando o muco no período fértil: Pegue a secreção e, com o dedo polegar e indicador, avalie a textura do muco. Se ao esfregar os dois dedos, separá-los e a secreção não se romper, como se fosse uma filância ou uma saliva, então você está na época de ovulação. Por isso que, dessa forma, antes de aplicar o método na rotina, é preciso conhecer bem o corpo e as consistências de cada muco durante o ciclo menstrual.

Tipos de muco vaginal

Entender a consistência e os tipos de secreção vaginal é a base do método de ovulação Billings. Veja abaixo quais os tipos de muco para cada fase do ciclo menstrual:

Início do ciclo menstrual (menstruação)
A menstruação é a fase em que o colo do útero não produz muito muco e o pouco que produz pode passar despercebido devido ao fluxo de sangue.

Muco pós-menstruação
Após a menstruação, a mulher tem menos secreção e geralmente com uma coloração mais esbranquiçada ou meio transparente - às vezes até discretamente amarelada. É normal manchar bem pouco a calcinha ou nem chegar a manchar. Normalmente o pós-menstruação é o período pré-ovulatório.

Muco pré-ovulatório 
Com o aumento nos níveis de estrogênio, o colo do útero passa a produzir mais muco vaginal com uma consistência mais grossa e pegajosa, com coloração esbranquiçada e aspecto cremoso.

Muco ovulatório
Conforme se aproxima o período fértil, o colo do útero passa a produzir muito mais muco. Durante essa fase é normal a mulher sentir a região íntima cada vez mais úmida. O muco que antes era mais consistente agora passa a ser mais fino, claro - quase transparente - e com aspecto de clara de ovo (escorregadio e elástico).

Muco pós-ovulatório
Com o fim do período fértil e o término da ovulação, a quantidade de muco diminui novamente, e o que o colo do útero produz pode apresentar uma consistência mais grossa e pegajosa.

Como evitar a gravidez com o método de Billings?

Na fase ovulatória o muco, que inicialmente é esbranquiçado, turvo e pegajoso, vai se tornando a cada dia mais elástico e lubrificante, havendo fluxo mucoso ou sensação de lubrificação.

O método então pode ser aplicado, pois ao observar essa mudança na secreção, é possível adotar medidas para evitar a gravidez, seja utilizando camisinha ou se abstendo de relações sexuais durante esse período.

O último dia de sensação vulvar de umidade lubrificante chama-se Ápice. O dia Ápice, no entanto, só pode ser reconhecido posteriormente, quando o muco desaparece ou retorna à aparência de muco pegajoso, o que indica que a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer até aproximadamente 48 horas. Nessa fase, é importante evitar o contato genital para evitar a gravidez.

Na quarta noite após o dia Ápice, a mulher entra no período de infertilidade, que dura mais ou menos duas semanas. Nesse período, é possível ter relações sexuais mais seguras, pois os indicadores do período fértil (muco e ovulação) já ocorreram.

Como usar o método de ovulação Billings para engravidar?

Seguindo as recomendações contrárias do tópico acima, para usar o método Billings para engravidar, a mulher precisa apenas observar a mudança na secreção e quando ela irá se tornar mais fina e lubrificante, significando assim que ela se encontra no período fértil. Desse modo, a mulher poderá priorizar as relações sexuais durante essa fase de muco, em que é provável haver fecundação e consequente gravidez.

O método de ovulação Billings é seguro?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com base em estudos científicos, o método de ovulação Billings é seguro e eficaz quando realizado de maneira correta.

Para isso, a mulher precisa fazer o uso perfeito do método e, acima de tudo, ter um bom autoconhecimento do próprio corpo, além de ter o ciclo menstrual regular, a saúde em dia e verificar se não sofre de alterações hormonais. Ao saber dessas informações, a mulher observará com facilidade as mudanças de muco durante todo o ciclo menstrual e, especialmente, quando estará ovulando.

No entanto, quando a mulher não tem tanta percepção de seu corpo ou quando o corpo não está funcionando adequadamente - seja por alguma disfunção hormonal, metabólica ou até psicológica -, ela tende a ter dificuldade de avaliação do período fértil e com isso existe um índice de falha no método que pode chegar até 20%.

Candidíases, vaginoses, uso de creme vaginais, duchas vaginais excessivas e o próprio conteúdo do sêmen também podem atrapalhar a avaliação do muco.

Quais as vantagens do método?

A principal vantagem do método de ovulação Billings é a mulher conhecer mais de perto e minuciosamente o seu próprio corpo e como ele funciona, conseguindo assim controlar seu ciclo menstrual e consequentemente saber como engravidar e como não engravidar.
Outras vantagens são:

• Maior atenção ao que acontece na região íntima e em qualquer possível alteração
• O não uso de medicamentos hormonais como método anticoncepcional e contraceptivo.

Referências

Débora Oriá (CRM 158985) - Ginecologista e Obstetra, especialista em Cirurgia Ginecologia e Uroginecologia no Hospital das Clínicas / USP.

Lilian Fiorelli (CRM 129.306) - Médica Ginecologista especialista em Sexualidade Feminina e Uroginecologia pela USP.