Redatora especialista em família e bem-estar, com colaboração para as editorias de beleza e alimentação.
Um estudo britânico aponta que a pandemia trouxe um aumento na taxa de depressão na gravidez e no pós-parto, sendo que mães de primeira viagem e com bebês pequenos apresentam o dobro de chances de ter o quadro de depressão.
A pesquisa do College London, na Inglaterra, concluiu que quase metade das mulheres (47,5%) com bebês de seis meses ou menos atingiram o limite para depressão pós-parto durante o primeiro lockdown de COVID-19, no primeiro semestre de 2020 na Europa, mais do que o dobro das taxas médias levantadas no período pré-pandemia (23%). O estudo foi publicado nesta terça-feira (11) pela revista científica "Frontiers in Psychology".
As mulheres descreveram sentimentos como isolamento, exaustão, preocupação, culpa e aumento do estresse. Muitas delas lamentaram pelas oportunidades que elas e os filhos estavam perdendo, bem como preocupação com os impactos do isolamento nos filhos.
Aquelas cujos parceiros eram incapazes ou indisponíveis para ajudar com as tarefas parentais e domésticas sentiram os impactos negativos da pandemia de forma mais aguda.
No entanto, as mais afetadas pelo isolamento social foram as mães de primeira viagem, especialmente as que tiveram uma redução significativa do contato social.
Depressão pós-parto durante a pandemia
Os pesquisadores entrevistaram 162 mães em Londres, entre maio e junho de 2020, de maneira remota por meio de uma rede social exclusiva.
Para o estudo, as participantes tinham que listar até 25 pessoas que eram importantes para elas, com quem mais interagiam e como se dava essa comunicação (pessoalmente, por telefone, vídeo chamada ou redes sociais).
As mães que mantiveram mais contato, seja remoto ou presencialmente, relataram menos sintomas depressivos, sugerindo que a redução do contato social durante o isolamento pode ter aumentado o risco de depressão pós-parto.
De acordo com Sarah Myers, antropóloga e líder do estudo, todas as mães sofrem algum nível de exaustão mental, física e emocional ao cuidar de um novo bebê. Segundo ela, o baixo apoio social é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de depressão pós-parto, especialmente considerando o cenário de distanciamento, com diversas barreiras para essas mulheres receberem apoio.
"É realmente muito difícil criar um filho, especialmente em uma crise, quando todos estão lidando com demandas crescentes, estresses e eventos significativos da vida", relatou Sarah.
Muitas mães sentiram que o isolamento por conta da pandemia criava um "fardo da maternidade constante", sem ninguém por perto para ajudar e que, embora o contato virtual ajudasse, ainda não era o suficiente.
Apesar do sentimento dominante de estresse, algumas mulheres descreveram a experiência de isolamento como não sendo totalmente negativa. Algumas delas achavam que o tempo para a família levava a uma melhor ligação, além de outros benefícios, como os parceiros estarem mais presentes.
Como lidar com a depressão pós-parto?
A maneira mais eficaz de diagnosticar e tratar a depressão pós-parto é buscando ajuda de especialistas capazes de avaliar os sintomas e elaborar o melhor plano de tratamento. Dentre os tratamentos estão a psicoterapia, antidepressivos ou alguma combinação de ambos. Buscar uma rede de apoio com outras mães também pode ajudar.
Apesar de ser um momento delicado, é importante que a mãe entenda que não está sozinha e que existem diversos recursos para ajudá-la a retomar a saúde mental.
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