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Conteúdo atualizado em 29/10/2021
A vacina da Janssen é um dos quatro imunizantes utilizados no Brasil na campanha de vacinação contra a COVID-19. Um de seus diferenciais é a possibilidade de imunização do organismo contra o coronavírus (silo) com apenas uma aplicação - diferente das demais vacinas da COVID-19 usadas até o momento no país, que não são de doses únicas.
Atualmente, a aplicação de uma dose de reforço do imunizante no Brasil está sendo estudada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nos Estados Unidos, a segunda dose da vacina da Janssen já foi autorizada pela Food & Drug Administration (FDA).
Veja a seguir tudo o que você precisa saber sobre a vacina da Janssen:
Como funciona a vacina da Janssen
A vacina da Janssen utiliza a tecnologia de adenovírus atenuado para estimular o sistema imunológico contra o SARS-CoV-2.
Os adenovírus são um grupo de vírus que causam doenças respiratórias leves, como resfriados. Desse modo, a vacina é produzida a partir de uma modificação na estrutura do adenovírus para que ele receba a proteína spike (também chamada de proteína S).
Com um formato semelhante a uma coroa pontiaguda, essa proteína se conecta aos receptores ACE2 do corpo - molécula enzimática encontrada em regiões como vias respiratórias, coração e rins - e é considerada estratégica para a instalação do coronavírus no corpo.
No caso da vacina da Janssen, o adenovírus escolhido para receber a proteína S foi o Ad26 - o mesmo usado na Sputnik V, vacina desenvolvida na Rússia.
"O objetivo da vacina é fazer com que as nossas células passem a produzir essa proteína e que isso ensine o sistema imune a se defender do coronavírus", explica Francisco Ivanildo de Oliveira Jr, gerente de Qualidade Assistencial e Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Sabará Hospital Infantil.
Vacina de dose única
Uma das principais bandeiras da vacina da Janssen é o fato de o imunizante garantir proteção contra o coronavírus com apenas uma dose. De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC), a imunização contra o SARS-CoV-2 acontece, de fato, com uma aplicação da vacina e 14 dias após sua interação no corpo.
Dose de reforço
Tanto o CDC quanto a FDA, ambos órgãos norte-americanos, já recomendaram a aplicação da dose de reforço da vacina da Janssen nos Estados Unidos. A segunda dose do imunizante foi liberada para pessoas maiores de 18 anos que foram vacinadas há dois meses ou mais.
No Brasil, a Anvisa iniciou em agosto deste ano a discussão com a Janssen sobre a necessidade da dose de reforço e quando ela deve ser aplicada. Segundo a agência, o laboratório já está conduzindo estudos para apurar os dados de necessidade e eficácia.
Eficácia e segurança
A vacina da Janssen se mostrou segura nos testes clínicos e, 28 dias após a aplicação da dose única, revelou uma eficácia de 85% contra casos severos de COVID-19. A eficácia geral do imunizante é de 66%, após 28 dias da vacinação. Ao longo dos testes, nenhuma pessoa que recebeu a vacina necessitou de hospitalização após um mês da imunização, segundo o CDC.
Em um recente comunicado feito pela Johnson & Johnson, a empresa alegou que o imunizante se mostrou eficaz contra uma série de variantes do coronavírus. Segundo o estudo divulgado, durante uma análise feita nos últimos 8 meses, a única dose da Janssen foi capaz de gerar uma forte resposta de anticorpos pelo organismo que possuem a tendência de aumentar com o tempo.
"A dose única da vacina contra COVID-19 da Johnson & Johnson gerou anticorpos neutralizantes contra uma série de variantes preocupantes do SARS-CoV-2, que aumentaram com o tempo, incluindo a variante Delta (B.1.617.2), cada vez mais prevalente e transmissível, a Beta parcialmente resistente à neutralização (B.1.351), as variantes Gama (P.1) e outros, incluindo o Alfa (B.1.1.7), Epsilon (B.1.429), Kappa (B.1.617.1 ) e a variante D614G, bem como a cepa SARS-CoV-2 original", relatou a companhia.
Ainda segundo a empresa, os dados mostraram que as respostas das células T - incluindo as células T CD8 + que procuram e destroem as células infectadas - persistiram durante o período de oito meses examinado.
Reações da vacina
Entre as reações possíveis da vacina, destacam-se:
- Dor no local da injeção
- Sudorese
- Vermelhidão no braço onde a vacina foi aplicada
- Dor de cabeça
- Cansaço
- Dor muscular
- Náusea
- Febre.
Existe a possibilidade de coágulos sanguíneos e trombose, mas a chance de ocorrência é de sete em um milhão em adultos, segundo o CDC - e ainda mais rara em idosos.
Prazo de validade
Em outubro deste ano, a Anvisa aprovou a extensão do prazo de validade do imunizante da Janssen para seis meses, sob condições de armazenamento de 2ºC a 8ºC. De acordo com a agência, a aprovação foi baseada em uma criteriosa avaliação de qualidade.
Quando armazenada entre temperaturas de -25ºC e -15ºC, o prazo de validade é de 24 meses, desde a data de sua fabricação.
Armazenamento
De acordo com o FDA, o recomendado é que a vacina da Janssen fique armazenada em refrigerador sob temperaturas de -8ºC a 2ºC.
Quem pode tomar?
A aplicação da vacina da Janssen é recomendada para adultos maiores de 18 anos. Estudos estão sendo realizados para que o imunizante seja usado no público mais jovem, mas ainda não foram comprovadas a sua eficácia ou segurança entre os menores de 18 anos.
Grávida pode tomar?
De acordo com o FDA, não existe contraindicação para grávidas a respeito da vacina - assim como lactantes. O recomendado, porém, é discutir com o médico obstetra sobre o uso da vacina.
Protege contra todas as variantes?
Com os desdobramentos da pandemia de COVID-19, a comunidade científica identificou diferentes tipos de linhagens de SARS-CoV-2 que causam preocupação por sua alta transmissibilidade - e, consequentemente, o aumento de possíveis casos graves da doença. Pela nomenclatura oficial da Organização Mundial de Saúde, as variantes são:
- Variante britânica: B.1.1.7/Alpha
- Variante sul-africana: B.1.351/Beta
- Variante brasileira: P.1/Gama
- Variante indiana: B.1.617.2/Delta
Em estudo publicado na revista Nature, em junho de 2021, a vacina da Janssen foi considerada eficaz contra a variante original (WA1/2020), além da Alpha, Beta e Gama. Quanto à variante delta, a chefe da célula técnica anti-COVID-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, garantiu, em entrevista coletiva, que todas as vacinas são eficazes contra a nova linhagem.
Doses da vacina previstas para o Brasil
Pelo acordo feito entre o governo federal e a farmacêutica, a previsão é de que, ao todo, 38 milhões de doses sejam entregues até dezembro de 2021. Em junho, o Brasil recebeu mais de 1,5 milhões de doses, por conta da antecipação do contrato.
Segundo comunicado do Ministério da Saúde, representantes da Janssen estipularam que, em novembro, sejam entregues 7,8 milhões de doses e, em dezembro, 28,4 milhões, totalizando 36,2 milhões de doses do imunizante.
Em recente comunicado feito pela Johnson & Johnson, a empresa alegou que o imunizante se mostrou eficaz contra uma série de variantes do coronavírus. Segundo o estudo divulgado, durante uma análise feita nos últimos 8 meses, a dose única da Janssen foi capaz de gerar uma forte resposta de anticorpos pelo organismo que possuem a tendência de aumentar com o tempo.
"A dose única da vacina contra COVID-19 da Johnson & Johnson gerou anticorpos neutralizantes contra uma série de variantes preocupantes do SARS-CoV-2, que aumentaram com o tempo, incluindo a variante Delta (B.1.617.2), cada vez mais prevalente e transmissível, a Beta parcialmente resistente à neutralização, as variantes Gama e outros, incluindo o Alfa, Epsilon, Kappa e a variante D614G, bem como a cepa SARS-CoV-2 original", relatou a companhia.
Ainda segundo a empresa, os dados mostraram que as respostas das células T - incluindo as células T CD8 + que procuram e destroem as células infectadas - persistiram durante o período de oito meses examinado.