Redator de saúde e bem-estar, entusiasta de pautas sobre comportamento e colaborador na editoria de fitness.
O que é aromaterapia?
A aromaterapia é uma das terapias complementares, ou terapias alternativas, mais conhecidas atualmente. A prática consiste na utilização de óleos essenciais concentrados e de origem vegetal para o equilíbrio das emoções, aprimorando o bem-estar mental e físico. Ela foi reconhecida como ciência em 1910 e, até hoje, é utilizada para diversas finalidades terapêuticas.
Além de outras terapias complementares, a aromaterapia tem recebido destaque e é estimulada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a prática já é oferecida de forma gratuita através do Sistema Único de Saúde (SUS). Já no município de São Paulo, especificamente, a aromaterapia e outras terapias naturais foram incluídas na Secretaria Municipal de Saúde através da Lei Municipal 13.717 de 2004.
Aromaterapia na prática
Na maioria das vezes, a aromaterapia é realizada a partir da inalação dos óleos essenciais, porque é através das vias respiratórias que o óleo é absorvido com mais rapidez, ao passar pelo trato respiratório.
O que são óleos essenciais?
São compostos concentrados e orgânicos, extraídos de plantas aromáticas como flores, sementes, frutos ou raízes. Através da inalação, uma parte dos óleos essenciais chega aos nervos olfatórios, que levam um estímulo ao sistema límbico - região do cérebro associada a emoção, memória e sexualidade.
Segundo Mari Rossi, aromaterapeuta e mestre em Reiki, os três óleos essenciais mais populares são:
- Lavanda: poderoso calmante e antidepressivo
- Melaleuca: fungicida e bactericida
- Eucalipto Globulus: melhora no trato respiratório.
Já Rodrigo Maffei, químico da Phytoterápica e especialista em aromaterapia, completa a lista e recomenda a utilização dos seguintes óleos essenciais:
- Alecrim: estimula o raciocínio e melhora o ânimo, sendo utilizado em momentos em que é preciso manter o foco
- Limão - Tahiti: melhora do humor
- Hortelã - pimenta: melhora de fadiga mental e depressão
- Gerânio: alivia sintomas da ansiedade, insônia, nervosismo e tensão.
Para que serve a aromaterapia?
Além de ser um tratamento energético e revitalizante, a aromaterapia também apresenta aspectos benéficos aos sistemas respiratório e imunológico. E, por promover um equilíbrio emocional, a prática também é utilizada para o tratamento da saúde mental.
De acordo com um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a aromaterapia age no sistema respiratório aprimorando as trocas gasosas, promovendo a assepsia respiratória, aliviando a tosse e auxiliando nas expectorações.
Ainda segundo o levantamento da Fiocruz, a aromaterapia está sendo utilizada por profissionais da saúde na pandemia de COVID-19. Por ser um momento de preocupações, medos e angústias perante uma crise sanitária, muitas pessoas acabam enfrentando quadros de ansiedade, estresse e depressão. Assim, tanto pacientes quanto profissionais da saúde estão recorrendo ao tratamento com aromaterapia.
Maffei também aponta que a aromaterapia pode ser utilizada para a limpeza do ar do ambiente, afastar insetos, purificação da pele e amenizar rinites alérgicas.
Benefícios da aromaterapia
"Aliviar e tratar doenças físicas, proporcionar bem-estar, aumentar defesas e imunidade do corpo, trabalhar profundamente doenças emocionais, ressignificar e/ou auxiliar na busca de objetivos de vida, limpar energias de ambientes e salvar vidas são os principais benefícios da aromaterapia", resume Rossi.
A aromaterapia age, principalmente, no equilíbrio das emoções, trazendo tranquilidade, clareza mental, acolhimento e redução do estresse e da ansiedade. Esse equilíbrio ocorre através da ligação entre os receptores olfatórios e o sistema nervoso central.
Um estudo realizado pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) ressaltou a eficácia dos óleos essenciais de tangerina e lavanda na redução de estresse em alunos universitários. 13 estudantes com idades entre 18 e 35 anos foram entrevistados. No início do estudo, 12 estudantes apresentavam ansiedade e, ao final, apenas quatro permaneceram com o sintoma.
Como fazer aromaterapia?
A aromaterapia e o uso dos óleos essenciais podem ser feitos de diversas maneiras, segundo Rossi. Inalações, escalda-pés, compressas e uso dérmico são algumas formas listadas pela aromaterapeuta. Porém, ela alerta que o uso de óleos puros em escalda-pés, inalações e uso dérmico pode causar alergias e irritações e recomenda a consulta de um aromaterapeuta antes de mais nada.
Para a inalação, geralmente, é utilizado um difusor, aparelho semelhante ao umidificador.
"Quando falamos de aromaterapia, a forma inalatória é 100% segura e muito eficaz, principalmente quando for para tratar questões emocionais, pois acelera o processo de absorção do óleo. Em 5 minutos de inalação diária, o efeito já pode ser sentido. O difusor é amigo inseparável da aromaterapia", afirma Rossi.
A Fiocruz recomenda que a inalação seja feita com uma a três gotas do óleo essencial. Além do uso do difusor, a pessoa pode colocar as gotas nas palmas das mãos, num lenço, no travesseiro ou em um chumaço de algodão. Depois, inalar profundamente, reter o ar por alguns segundos, expirar lentamente pela boca e repetir esse processo mais duas vezes.
No escalda-pés, é importante manter os pés previamente aquecidos - com uma bolsa de água quente, por exemplo - para evitar choque térmico. Feito isso, mergulhe os pés em um balde com água quente, a cerca de 40 graus, e adicione de cinco a dez gotas de óleo essencial. A água deve cobrir pés, tornozelos e chegar a altura da panturrilha. Permaneça com os pés molhados por até 15 minutos. Ao final do processo, você deve secar totalmente a região e calçar meias, novamente para evitar um choque térmico.
Já as compressas podem ser utilizadas em várias regiões do corpo, como nas costas, para melhorar a expansão e a oxigenação pulmonar; no tórax, para aliviar a tosse; na panturrilha, para aliviar a febre; e no pescoço, para aliviar dores de garganta.
Para a realização da compressa, é necessário utilizar de 40 a 100 gotas para 100 ml de óleo vegetal espalhadas em um pano de algodão. Depois, aquecer o pano levemente, colocando-o entre bolsas de água quente. O tempo máximo da compressa é de 30 minutos.
Quem pode fazer aromaterapia?
Qualquer pessoa pode fazer aromaterapia, segundo Rossi. "Porém, nem todos os óleos essenciais podem ser utilizados por todos, por isso é muito importante consultar um aromaterapeuta. Este poderá, em uma única sessão, passar todos os cuidados que se deve ter e verificar nas empresas que comercializam óleos essenciais as contraindicações", complementa.
Ainda de acordo com a aromaterapeuta, as maiores contraindicações são para menores de 6 anos, gestantes e lactantes, hipertensos, epiléticos e pessoas que utilizam medicação contínua e dérmica. "Estas pessoas podem utilizar a aromaterapia, mas com restrições", diz Rossi.
Já a Fiocruz alerta que é importante evitar o uso de essências sintéticas, pois esses produtos não oferecem os mesmo benefícios do óleo puro e natural.
Aromaterapia no SUS
Desde 2018, a aromaterapia e outras práticas integrativas e complementares foram incluídas na PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares). Através de uma portaria do Ministério da Saúde, o tratamento passou a ser oferecido gratuitamente no SUS.
De acordo com o Ministério da Saúde, as práticas complementares já são oferecidas em mais de 4.297 municípios brasileiros, através do Piso de Atenção Básica. A prática mais comum realizada pelo SUS, até o momento, é a acupuntura.
"Para ser atendido pelo SUS, utilizando a aromaterapia ou qualquer outra prática integrativa, basta ter o cartão do SUS e agendar consulta com um especialista. Esse profissional irá indicar a melhor forma de tratamento, visando complementar a Medicina Tradicional", explica Maffei.