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O bombeiro Walker Isaac de Sousa virou notícia ao realizar um feito para lá de emocionante: ele foi o responsável por ajudar uma gestante a realizar um trabalho de parto à distância. A situação, por si só, já seria impressionante. Porém, havia um fato a mais: a mulher era deficiente auditiva e não entendia as orientações que recebia.
Fluente em Libras, o soldado entrou em ação para ajudar uma equipe médica a se comunicar com a mamãe através de uma videochamada. O caso ocorreu em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e garantiu o nascimento seguro de um bebê prematuro.
"Ligaram dizendo que uma mãe surda estava prestes a dar à luz e precisavam de alguém para se comunicar com ela. Não tinha ninguém no hospital com conhecimento em Libras", relatou o bombeiro em conversa com o portal G1.
A mãe não conseguia entender as instruções ou se comunicar com a equipe médica durante o momento do parto. Até que a videochamada com Walker de Sousa a tranquilizou e foi decisiva para a chegada do bebezinho, que veio ao mundo no último dia 30 de junho.
Curso de Libras e ações sociais
O soldado, que atualmente trabalha no Corpo de Bombeiros de Ribeirão Preto, conta que aprendeu Libras através de um curso básico em uma antiga associação na cidade de Franco da Rocha.
Depois do curso, Walker de Sousa passou a estudar pelo Youtube e a aprender com amigos que fazem parte da comunidade surda. Ele também contou que, há cerca de dois anos, começou a participar de projetos dedicados à inclusão de pessoas com deficiência auditiva.
Após o ocorrido, o bombeiro pôde visitar a mãe e o bebê no hospital e não escondeu a satisfação em poder fazer a diferença em um momento tão especial. "Eu não tenho palavras, eu não encontro palavras para decifrar a alegria", contou Walker na entrevista.
O soldado disse ainda que pretende fazer uma pós-graduação de Libras e educação inclusiva especial. "Talvez eu nem seja um intérprete de Libras futuramente, mas eu sou um multiplicador, um multiplicador de empatia, de amor ao próximo, de inclusão", finalizou Walker de Sousa.
Inclusão de surdos e deficientes
O caso, que ganhou as manchetes brasileiras, abriu margem para a discussão sobre a inclusão e o direito a intérprete de Libras para gestantes com deficiência auditiva em hospitais. A dificuldade enfrentada pela grávida atendida pelo bombeiro, no entanto, não é uma situação isolada.
Em todas as esferas públicas e privadas, surdos e deficientes auditivos ainda encaram muitas barreiras - que vão desde a falta de acesso à informações até as limitações para realizar tarefas cotidianas, como usar o transporte público ou frequentar a escola.
Neste sentido, desde janeiro de 2016, existe a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) - que promove mudanças significativas em diversas áreas, como educação, saúde, mobilidade, trabalho, moradia e cultura. Além disso, também é exigido que os serviços de empresas ou órgãos públicos ofereçam acessibilidade para as pessoas com deficiência.