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O paracetamol, também chamado de acetaminofeno, deve ser administrado somente quando houver indicação médica durante a gestação e em doses pequenas pelo menor tempo possível, segundo um estudo publicado na última semana pela revista científica Nature Reviews Endocrinology.
A pesquisa foi apoiada por um grupo de 91 especialistas internacionais e contou com a revisão de dados de trabalhos publicados entre 1995 e 2020. Seus resultados, porém, ainda são controversos para alguns pesquisadores, que acreditam que a coleção de artigos revisados "não é robusta o suficiente para tirar quaisquer conclusões".
O paracetamol é um analgésico e antitérmico indicado para o alívio de dores leves a moderadas, muito utilizado durante a gravidez, com estimativas de que seja usado por mais de 50% de gestantes em todo o mundo. Em função da diminuição dos níveis de estrogênio, é comum que grávidas sofram com dores de cabeça, especialmente no primeiro trimestre da gestação, quando o medicamento costuma ser indicado.
Todavia, os especialistas acreditam que a exposição ao medicamento no pré-natal possa prejudicar o desenvolvimento fetal, apontando que inúmeras pesquisas associaram o paracetamol a maiores riscos de certos distúrbios neuro desenvolvimentais, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), autismo, atraso de linguagem em meninas e diminuição do QI. Em meninos, o estudo também sugere que o medicamento pode estar relacionado a distúrbios reprodutivos e urogenitais, além de câncer testicular.
Fertilidade reduzida, puberdade precoce e contagens de espermatozoides diminuídas também teriam sido problemas identificados em meninos. Já meninas expostas ao analgésico, ainda durante a gestação, poderiam iniciar a puberdade mais cedo.
Com base na revisão, os autores do estudo propõem que as gestantes devem ser aconselhadas no início da gravidez sobre o paracetamol e como limitar seu uso, a menos que haja indicação médica.
Entretanto, segundo Sarah Stock, especialista em medicina fetal da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, o paracetamol é eficaz na redução da dor e da febre e, portanto, continua a ser um medicamento importante que as gestantes podem usar se necessário. "Claro, grávida ou não, ninguém deve tomar um medicamento desnecessariamente, por mais tempo do que o recomendado ou em uma dose maior do que a necessária", reforça Sarah.
Automedicação pode oferecer riscos na gravidez
O ato de administrar um medicamento sem prescrição médica pode representar riscos sérios à saúde da mãe e do bebê. O primeiro trimestre da gravidez é um período essencial para o desenvolvimento do feto, pois é a fase em que ele está formando os principais órgãos do corpo, como coração, pulmão, intestino e rins.
Dessa forma, uma avaliação médica é primordial antes da utilização de qualquer medicamento. O que a gestante pode fazer é recorrer a métodos naturais para aliviar certos desconfortos, como repouso e uma boa alimentação - o consumo de chá, por exemplo, pode ajudar a amenizar sintomas característicos do período, como náuseas, ansiedade e insônia. Porém, é importante buscar pelas ervas adequadas e seguras de serem consumidas nesse período.
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