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Apesar de comum, a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma condição séria. Ela pode acontecer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças abaixo dos dois anos, algo que exige a atenção dos responsáveis para o diagnóstico precoce.
A identificação prematura da doença é importante por possibilitar o rápido início do tratamento e, consequentemente, a diminuição do desconforto nos pequenos. Se não tratada, a alergia pode até levar à desnutrição e reações graves, como anafilaxia - que pode ser fatal e necessita de atendimento imediato -, conforme explica a pediatra e alergista Caroline Peev, do Sabará Hospital Infantil.
É essencial saber notar os sinais da APLV, uma vez que o diagnóstico costuma começar a partir da investigação da história clínica do paciente. É o que afirma a especialista antes de acrescentar que, em alguns casos, como nas alergias de reações imediatas (lgE mediadas), exames podem ser usados para complementar a avaliação médica.
Convencionalmente a confirmação do diagnóstico é feita somente por meio da exclusão do leite da dieta, seguida por um teste de provocação oral solicitado pelo especialista.
Principais sintomas e como aliviá-los
As reações alérgicas estão relacionadas a uma resposta do sistema imune às proteínas do leite que, por serem vistas como inimigas no organismo da pessoa alérgica, estimulam a produção de anticorpos.
Afetando diversas partes do corpo, a APLV provoca sintomas gastrointestinais, cutâneos, cardiovasculares e respiratórios. Entre eles, a especialista cita urticária, sangue nas fezes, vômitos, constipação, refluxo e diarreia, que também podem ser acompanhados de cólica, queda de pressão arterial, tosse, falta de ar, chiado no peito, coriza, espirros etc.
As reações podem aparecer logo após o consumo de produtos com leite, mas também podem demorar horas ou até dias para se manifestar, sendo assim classificadas como tardias.
Um especialista sempre deve ser consultado diante da aparição de tais sintomas. Para investigar a causa do problema, ele vai analisar toda a história clínica, considerar o histórico familiar e verificar se há necessidade de solicitar exames ou fazer o teste de provocação oral. Somente com todas as etapas do diagnóstico concluídas é possível confirmar se o paciente realmente tem APLV.
Do tratamento à cura
Como as proteínas do leite de vaca podem chegar ao corpo dos bebês via amamentação, tanto as mães lactantes quanto as crianças que já passaram pela introdução alimentar precisam excluir esse alimento da dieta durante o tratamento. Por isso, após o diagnóstico, é muito importante prestar atenção aos rótulos dos produtos, incluindo os de cosméticos e medicamentos.
Segundo Caroline Peev, diante de uma mudança tão grande na dieta, as pessoas devem manter uma alimentação rica em vegetais e frutas para suprir a falta do leite. ''Brócolis, folhas escuras, grão de bico, feijão preto e castanhas auxiliam nesse processo. A orientação de um nutricionista também é fundamental''.
''Se não for possível o aleitamento materno com a exclusão de leite pela lactante, deverá ser feita a suplementação de cálcio para que o alérgico adquira todos os nutrientes necessários'', completa a alergista.
As fórmulas hipoalergênicas utilizadas no tratamento são escolhidas pelos médicos a partir da análise de cada caso, podendo elas ser à base de aminoácidos ou de proteína extensamente hidrolisada. Para crianças maiores de seis meses, aquelas à base de soja e arroz são as mais indicadas.
O que não é recomendado pelos especialistas é o consumo de leite de cabra, ovelha ou búfala, afinal, as proteínas deles são muito similares às do leite de vaca e têm grandes chances de provocar reações alérgicas em pacientes com APLV. As bebidas vegetais, por sua vez, não devem ser usadas como substitutas na dieta por serem pobres em nutrientes.
Com orientação e supervisão de um médico, ainda é possível acompanhar a evolução da doença para uma tentativa de reintrodução alimentar no futuro. ''Pode-se avaliar se houve uma tolerância oral com testes de provocação em ambiente hospitalar'', afirma Caroline.
Na maioria dos casos, a alergia à proteína do leite de vaca não se perpetua para a vida inteira, evoluindo para a cura até o primeiro ano de vida. Contudo, a médica alerta: ''Essa é uma doença que deve ser levada a sério e acompanhada por um especialista''.