Dr. Carlos Moraes se graduou na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo em 1991. Fez Residência Médica...
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O que é reposição hormonal?
A terapia de reposição hormonal (TRH), também conhecida como terapia de substituição hormonal, é um tratamento que consiste na administração de hormônios ou substâncias "disfarçadas" de hormônios, a fim de repor a deficiência de estrogênio e progesterona causada pelo início da menopausa em mulheres.
Reposição hormonal natural
A reposição hormonal natural é uma alternativa buscada para aliviar os sintomas da menopausa, a partir do uso de substâncias de origem vegetal, como alimentos e chás, que apresentam atividades semelhantes aos hormônios. As terapias de reposição hormonal natural mais comuns estão relacionadas ao uso de derivados de plantas, como a soja, a amora e outros produtos fitoterápicos.
Todavia, apesar de ter ação em receptores de estrogênio, alguns estudos apontaram um resultado controverso da TRH natural em relação à melhora de sintomas da menopausa.
"Muitas vezes o alívio dos sintomas é insuficiente e a mulher acaba recorrendo ao tratamento convencional. Sem falar no 'efeito placebo', que acompanha os tratamentos não convencionais. A melhora costuma ser passageira e não se sustenta ao longo dos meses em muitos casos", diz Carlos Moraes, ginecologista e obstetra da Santa Casa de São Paulo.
Para que serve a reposição hormonal?
A terapia de reposição hormonal é utilizada para aliviar os sintomas da deficiência de alguns hormônios no corpo feminino, como os sinais da menopausa. Quando uma mulher atinge certa idade, é comum que o corpo diminua grande parte da produção de alguns hormônios, como o estrogênio e a progesterona.
"Quando a mulher para de produzir hormônios, e naturalmente isto ocorre na mulher brasileira por volta dos 50 anos, muitas delas passam a apresentar sintomas muitos desconfortáveis. O mais comum deles é o fogacho, ou onda de calor. Mas outros também podem estar presentes, como insônia, irritabilidade e dificuldade para concentração, por exemplo", explica Carlos, que também é membro da Febrasgo e especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
Embora nem todas as mulheres apresentem a necessidade de repor hormônios, aquelas que possuem sintomas moderados ou intensos podem utilizar da terapia para aliviá-los. Alguns deles incluem:
- Calor
- Sudorese noturna
- Mudanças de humor
- Períodos de ansiedade, irritabilidade e depressão
- Desaceleração do metabolismo
- Diminuição da elasticidade da pele
- Dor de cabeça
- Aumento da porosidade dos ossos.
A reposição hormonal também é indicada para prevenir o surgimento de doenças, como as cardiovasculares e a osteoporose.
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Como a reposição hormonal é feita?
Existem várias alternativas para o tratamento de reposição hormonal. Segundo Flávia Torelli, médica especialista em reprodução assistida da Huntington Medicina Reprodutiva, a terapia pode ser:
- Sistêmica: realizada via oral, com a administração de comprimidos, ou transdérmica, utilizando gel e adesivos
- Tópica: realizada a partir do uso de cremes vaginais de estrogênio.
"Após alguns anos na menopausa, muitas mulheres se queixam de 'secura vaginal', com dificuldade para ter relações sexuais, por exemplo. Em casos como estes, geralmente utilizamos reposição hormonal local, com o uso de cremes que contém estrogênio e que tem ação tópica na vagina da paciente", esclarece Carlos Moraes.
Atualmente, existe a opção do uso de implantes hormonais, também chamados de chips da beleza, devido a seus possíveis efeitos estéticos. Todavia, os implantes hormonais são utilizados em tratamentos ginecológicos para algumas condições, como endometriose, TPM e reposição hormonal na menopausa.
Porém, é importante ressaltar que implantes manipulados sem aprovação da ANVISA não são recomendados pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Para quem a reposição hormonal é indicada
A terapia de reposição hormonal é mandatória em mulheres com insuficiência ovariana prematura (menopausa precoce), segundo Flávia. Ademais, ela também é indicada para pacientes com sintomas intensos da menopausa, como fogachos, insônia e secura vaginal.
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Benefícios da reposição hormonal
O objetivo principal da terapia de reposição hormonal feminina é melhorar os sintomas da falta dos hormônios durante a menopausa. Com isso, os benefícios do tratamento incluem:
- Reduz a secura vaginal
- Alivia as ondas de calor (fogacho)
- Melhorar a vida sexual
- Reduzir riscos de demência
- Reduzir riscos de depressão
- Reduzir riscos de fratura por osteoporose
- Melhora a qualidade do sono.
Contraindicações da reposição hormonal
A terapia de reposição hormonal é contraindicada para mulheres que estão tratando o câncer de mama. Isso porque esta é uma doença hormônio dependente, ou seja, o seu desenvolvimento está associado diretamente ao hormônio (estrogênio). Por consequência, tais mulheres não podem fazer a reposição hormonal.
Riscos da terapia de reposição hormonal
Existem estudos que indicam um discreto aumento do risco de câncer de mama, relacionado principalmente ao tempo de exposição à TRH. Porém, segundo Flávia, quando há critérios para uso e acompanhamento médico adequado, os benefícios superam os riscos.
Além do câncer de mama, algumas pesquisas apontam que a terapia pode aumentar o risco de outras doenças como:
- Doenças tromboembólicas
- AVC
- Câncer de endométrio do útero.
Efeitos colaterais da reposição hormonal
Os efeitos colaterais dependem de qual hormônio está sendo usado. Segundo Flávia, o uso de estrogênio na menopausa pode causar dor de cabeça em algumas mulheres. Já o uso de androgênios, como a testosterona, pode levar ao aumento da pilificação, engrossamento da voz e alteração da genitália.
Carlos Moraes ainda complementa que a paciente pode apresentar um certo desconforto mamário e alguns episódios de sangramento genital.
Ademais, é importante ressaltar a importância de realizar o acompanhamento por um médico especialista.
"O uso indiscriminado, sem acompanhamento médico, com doses suprafisiológicas e com formulações não aprovadas pela ANVISA, principalmente de hormônio como a testosterona, pode levar a efeitos colaterais como aumento da pilificação, do risco cardiovascular e, de forma mais grave, até falência hepática", finaliza Flávia Torelli.
Referências
Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, Membro da FEBRASGO e Especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein
Flávia Torelli, médica especialista em reprodução assistida na Huntington Medicina Reprodutiva
Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia