Redator de saúde e bem-estar, entusiasta de pautas sobre comportamento e colaborador na editoria de fitness.
Em 28 de junho de 1969, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, um levante organizado por gays, lésbicas, bissexuais e pessoas trans contra as opressões sofridas pela comunidade, conhecido como "Revolta de Stonewall", foi uma das movimentações que deram início ao que hoje conhecemos como "movimento LGBTQIAP+".
Apesar de ser mais popular atualmente, muitas pessoas ainda desconhecem o significado da sigla e a sua importância.
LGBTQIAP+: o que significa a sigla?
Para listar o que significa cada letra na sigla, o Minha Vida consultou o Manual de Comunicação LGBTI+, desenvolvido pela Aliança Nacional LGBTI+ e pela GayLatino, rede pela igualdade de direitos. Confira a seguir.
L - Lésbica
São as mulheres cis, transgêneras ou travestis atraídas afetiva e/ou sexualmente por pessoas do mesmo gênero.
O termo, de acordo com o Manual de Comunicação LGBTI+, originalmente referia-se apenas aos habitantes da Ilha de Lesbos, na Grécia. Entre os séculos VI e VII a.C. vivia nessa ilha a poetisa Safo, conhecida por escrever poemas românticos para outras mulheres.
G - Gay
São homens cis ou transgêneros atraídos afetiva e/ou sexualmente por pessoas do mesmo gênero.
Segundo o Manual de Comunicação LGBTI+, o termo gay vem do inglês e antigamente significava "alegre". Somente a partir dos anos 1960 que a palavra começou a ser utilizada para homens que se atraem por outros homens.
B - Bissexual
São pessoas atraídas afetiva e/ou sexualmente por dois ou mais gêneros.
É importante lembrar que pessoas bissexuais não precisam, necessariamente, ter tido experiências com outras pessoas de mais de um gênero para se identificarem como tal. Ou seja, por exemplo, um homem bissexual que sente atração por homens e mulheres, mas nunca se relacionou com outro homem continua sendo bissexual.
Saiba mais: Ser bissexual não é ser confuso: entenda melhor
T - Transgênero e Travesti
São pessoas que possuem uma identidade de gênero diferente do designado no nascimento, ou seja, mulheres trans, homens trans e pessoas não-binárias. Vale lembrar que pessoas trans não precisam necessariamente realizar terapias hormonais e/ou cirurgia de redesignação sexual.
Já “travesti” é um termo utilizado para descrever pessoas de gênero femino, oposto ao designado no nascimento. É considerado um termo político, pois passou por uma ressignificação. Isso porque, antigamente, "travesti" era tido como um termo pejorativo, muitas vezes ligado à marginalização e à prostituição.
Q - Queer
São pessoas cuja orientação sexual não é exclusivamente heterossexual. Ou seja, queer funciona como um “termo guarda-chuva” que abrange lésbicas, gays, bissexuais e pansexuais.
I - Intersexo
São pessoas que, de acordo com o Manual de Comunicação LGBTI+, nascem com a anatomia reprodutiva ou sexual que não pode ser classificada como sendo tipicamente masculina ou feminina. As pessoas intersexo não precisam necessariamente realizar terapias hormonais ou cirurgias.
Antigamente, essas pessoas eram chamadas de "hermafroditas", porém, o termo foi substituído pela palavra "intersexo".
A - Assexual
A assexualidade pode ser definida como a ausência total, parcial, condicional ou circunstancial de atração sexual por outra ou outras pessoas. Ou seja, no geral, as pessoas assexuais não possuem a atração sexual como atração primária, dando prioridade a outras atrações, como a romântica, a platônica ou a estética.
Saiba mais: O que significa ser assexual?
P - Pansexual
São pessoas atraídas afetiva e/ou sexualmente por dois ou mais gêneros.
Assim como as pessoas bissexuais, os pansexuais - ou apenas “pans” - também se relacionam afetiva e/ou sexualmente por indivíduos de duas ou mais identidades de gênero, incluindo pessoas não binárias.
Porém, a diferença entre as duas orientações está no contexto histórico. Isso porque o termo “pansexual” surgiu para combater o preconceito até então existente em uma parte da comunidade bissexual, que rejeitava qualquer relacionamento com pessoas trans e não binárias na época. Hoje, bissexuais costumam se relacionar tanto com pessoas cis quanto com pessoas trans e não binárias.
+ (Mais)
O símbolo de “mais” representa outras orientações sexuais e identidades de gênero que não se encaixam nas “normas” da cisheteronormatividade. Ou seja, é um símbolo que mostra a constante progressão e o movimento da sigla.
Como surgiu a sigla LGBTQIAP+?
Um longo caminho teve que ser percorrido para chegar à sigla tão conhecida atualmente. Para entender a história e a importância da sigla para a comunidade LGBTQIAP+, conversamos com Guilherme Gobato, consultor especialista em diversidade, equidade e inclusão na Diálogos Entre Nós.
Na década de 1960, iniciou-se uma emancipação dos direitos e pautas gays, principalmente nos Estados Unidos. Nesse momento, a expressão utilizada para representar a comunidade era "movimento gay". Assim, por conta de um apagamento histórico, nem todas as diversidades entravam nessa discussão.
Foi apenas na década de 1980 que uma sigla entrou em cena: GLS, ou seja, gays, lésbicas e simpatizantes. Nesse contexto, simpatizantes são pessoas que não eram gays, lésbicas, pessoas trans ou queers, mas pessoas que apoiavam o movimento. No entanto, os simpatizantes não tinham uma causa, portanto a utilização da sigla tornou-se inviável.
Com isso, no final da década de 1980, foi introduzida a sigla GLBT: gays, lésbicas, bissexuais e transsexuais. Apesar de incluir novas letras, a sigla foi substituída por conta do G em primeiro lugar. "Acaba se reproduzindo dentro do movimento o ‘G’ da questão, uma pauta de homens para homens. Ou seja, acaba reproduzindo o machismo estrutural", explica o especialista.
Por fim, entre as décadas de 1990 e 2000, surge o LGBT+ que, com o passar do tempo, ganhou diferentes significados e, consequentemente, novas letras. Por isso, atualmente, é utilizada a sigla LGBTQIAP+.