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Metade das pessoas que contraíram COVID-19 apresentou sequelas da doença por mais de um ano, indica um novo estudo da Fiocruz Minas. Segundo a pesquisa, dos 646 pacientes ouvidos e que tiveram a infecção, 324 (50,2%) tiveram sintomas pós-infecção, caracterizando COVID longa.
De acordo com definição do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, a COVID longa é uma condição caracterizada pelo alívio e pelo retorno dos sintomas típicos da infecção por Sars-CoV-2 ao longo de quatro ou mais semanas.
O estudo, publicado na revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, contabilizou 23 sintomas após o término da infecção aguda. Entre eles, o mais incidente foi a fadiga, relatada por 35,6% dos pacientes acompanhados.
Em seguida, as sequelas mais mencionadas foram: tosse persistente (34%), dificuldade para respirar (26,5%), perda de olfato ou paladar (20,1%) e dores de cabeça frequentes (17,3%). Além desses, o estudo coletou relatos de transtornos como insônia (8%), ansiedade (7,1%) e tontura (5,6%). Também há relatos de sequelas mais graves, como trombose (6,2%).
Outros sintomas constatados pelo estudo são:
- Dor de garganta;
- Taquicardia;
- Nariz escorrendo;
- Presença de muco na garganta ou no nariz;
- Manchas vermelhas na pele;
- Baixa mobilidade;
- Dor no peito;
- Dores nas articulações;
- Mudança na pressão sanguínea;
-
Olhos vermelhos;
- Dor no corpo;
- Mialgia;
- Dispneia.
Comorbidades foram fatores de risco para surgimento de sequelas
O estudo também constatou que comorbidades, como hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatias, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica, tabagismo ou alcoolismo foram fatores de agravamento da COVID-19 e aumentaram a chance de sequelas.
Além disso, a pesquisa mostrou que de 260 pacientes que tiveram infecção grave, 33,1% tiveram sintomas duradouros. Nos 57 que tiveram a forma moderada da doença, 75,4% manifestaram sequelas. Já dos 329 infectados que tiveram a forma leve da COVID, 59,3% apresentaram sintomas persistentes após a infecção aguda.
Como o estudo foi feito?
A pesquisa acompanhou pacientes entre 18 e 91 anos atendidos no pronto-socorro do Hospital Baleia e do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, ambos em Belo Horizonte, entre abril de 2020 e março de 2021. O monitoramento dos sintomas e das sequelas foi feito através de entrevistas mensais, presenciais ou virtuais ao longo dos 14 meses após o diagnóstico positivo para a doença.
Para Rafaella Fortini, pesquisadora que coordenou o estudo, os resultados do levantamento permitem compreender melhor os efeitos a longo prazo da COVID-19.