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De acordo com pesquisa inédita do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2,9 milhões de brasileiros se declararam homossexuais ou bissexuais, o equivalente a 1,8% da população adulta. Os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) - Quesito Orientação Sexual foram divulgados na quinta-feira (25).
Essa é a primeira vez que o IBGE pergunta aos brasileiros sobre orientação sexual. O objetivo é atender à demanda por informações sobre a sexualidade da população, já que, até então, faltavam dados sobre a comunidade LGBTQIAP+. A PNS não incluiu perguntas sobre a identidade de gênero, mas o instituto espera acrescentá-las nas próximas edições.
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Ciente de que o tema é sensível, o IBGE buscou assegurar, durante a entrevista, a privacidade do informante ao responder à pergunta. Assim, foi oferecido o preenchimento da resposta por meio do Dispositivo Móvel de Coleta (DMC), utilizado pelos entrevistadores para o registro das informações.
Das 159,2 milhões de pessoas de 18 anos ou mais no país em 2019, 53,2% eram mulheres e 46,8% eram homens. Desse total, 94,8% se declararam heterossexuais; 1,2% homossexuais; 0,7% bissexuais; 1,1% não sabiam a sua orientação sexual; 2,3% não quiseram responder e 0,1% declararam outra orientação sexual, como assexual e pansexual, por exemplo.
Jovens são maioria entre homossexuais e bissexuais
Entre os que se declararam homossexuais ou bissexuais, a maioria era composta por jovens entre 18 e 29 anos (4,8%). Essa faixa etária também teve os maiores percentuais de pessoas que não souberam responder (2,1%) ou se recusarem a dar a informação (3,2%).
Os homens são maioria entre os homossexuais, representando 56,9% dos respondentes. Já entre as pessoas que se declararam bissexuais, as mulheres obtiveram o maior percentual, 65,6%. Ao avaliar os resultados por cor ou raça, não foi verificada diferença significativa entre brancos (1,8%) e pretos e pardos (1,9%).
Dados podem estar subnotificados
É possível que os dados ainda estejam subnotificados, já que há uma parcela que preferiu não responder à pergunta. “O número de pessoas que não quiseram responder pode estar relacionado ao receio do entrevistado de se autoidentificar como homossexual ou bissexual e informar para outra pessoa a sua orientação sexual”, pondera Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa.
Segundo a sua avaliação, há diversos fatores que podem interferir na verbalização da orientação sexual, como: contexto cultural e familiar, insegurança, desconfiança em relação à pesquisa, indefinição sobre a orientação sexual e a não compreensão dos termos homossexual e bissexual.
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Entretanto, inserir esses dados na pesquisa é importante para compreender as características sociodemográficas da comunidade e dar visibilidade às estatísticas para que políticas públicas específicas para a população LGBTQIAP+ sejam criadas, conforme apontou Maria Lúcia.