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Enquanto algumas pessoas podem passar despercebidas pelo ataque dos mosquitos, é comum que outras estejam mais propensas a receber picadas — e não só do incômodo pernilongo, mas também de moscas, abelhas e até mariposas.
Seja ao ar livre ou dentro de casa, existem inúmeros motivos que condicionam a atração do mosquito por determinadas pessoas, desde o consumo de álcool até a gestação. A maioria está relacionada a um fator: os odores expelidos pela pele.
“Tanto a transpiração quanto a temperatura corporal podem atrair ou inibir a chegada dos insetos na pele. Algumas substâncias expelidas na transpiração, como ácido lático, ácido úrico e amônia são atrativas para os mosquitos”, explica a dermatologista Simone Neri.
“Sangue doce” atrai mais mosquitos?
A resposta é não. Ainda que muitas pessoas acreditem na crença que o sabor do sangue possa atrair a atenção dos mosquitos, essa atração está relacionada às substâncias exaladas pelo corpo humano, conforme apontou Simone.
Os insetos que se alimentam de sangue, chamados de hematófagos, possuem órgãos sensoriais dedicados à detecção de substâncias químicas, como o ácido lático, presente no suor humano — especialmente após a prática de atividades físicas.
Outra substância que também pode acionar as antenas dos hematófagos é o dióxido de carbono (CO2), gás que é liberado durante a respiração e que, em uma quantidade grande, aumenta a possibilidade de receber a picada de um mosquito.
Nesse contexto, conheça alguns fatores que aumentam o risco de ser alvo de mosquitos e como se proteger deles de forma adequada, segundo os especialistas consultados pelo Minha Vida.
1. Gravidez
Devido às alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez, é comum que as gestantes exalem mais gás carbônico e apresentem o aumento da temperatura corporal, ficando mais expostas ao ataque de mosquitos.
Isso foi apontado em um estudo realizado em 2016 pela Universidade de Durham, no Reino Unido. Segundo os pesquisadores, mulheres grávidas são duas vezes mais vulneráveis aos mosquitos.
“A conclusão é de que isso ocorreu devido ao metabolismo acelerado em decorrência da gravidez. As gestantes exalam 21% mais gás carbônico do que outras pessoas, o que pode atrair mais insetos”, aponta Simone.
A outra hipótese é que, quando grávida, a mulher passa por uma elevação da temperatura corporal em cerca de 0,7°C, o que a leva a exalar mais substâncias como ácido lático, ácido úrico e amônia, atrativas para os mosquitos.
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2. Tipo sanguíneo
Pessoas com tipo sanguíneo “O” atraem duas vezes mais mosquitos do que pessoas com outros tipos sanguíneos, seja positivo ou negativo, de acordo com Camila Hoffman, dermatologista do hospital Alemão Oswaldo Cruz. Esse fator foi estudado em uma pesquisa publicada no Journal of Medical Entomology.
Segundo os pesquisadores, esse comportamento está relacionado às secreções produzidas pelo corpo humano, que contribuem para os insetos identificarem o nosso tipo sanguíneo. Porém, ressalta-se que o caso requer mais estudos científicos para que a tese seja validada.
3. Atividades físicas
Ao praticar exercícios físicos, o organismo produz ácido lático para gerar mais energia para os músculos. Ao ser expelida no suor, a substância é facilmente detectada pelas antenas dos mosquitos, tornando a pessoa mais vulnerável à picada. Além disso, conforme explica Simone Neri, o aumento da temperatura corporal durante exercícios físicos também pode atrair mais pernilongos.
4. Consumo de bebidas alcóolicas
O consumo de bebidas alcoólicas aumenta a atratividade humana para os mosquitos, em especial vetores da malária, conforme apontou um estudo de Lefèvre et all. Segundo os pesquisadores, o etanol presente no álcool (e que é expelido pelo suor) pode tornar as pessoas mais propensas à picada desses insetos.
A pesquisa ainda indicou que outras formas de álcool encontradas na natureza também podem atrair os mosquitos, como a frutose e o néctar produzido pelas flores.
Além desse, outros estudos já apontaram a possível relação entre o álcool e a atratividade desse tipo de inseto. Mas, assim como o fator sanguíneo, ainda são necessárias mais pesquisas para que a tese seja validada na comunidade científica.
5. Fatores genéticos
Fatores genéticos podem estar relacionados à atratividade de mosquitos. Ainda não se sabe ao certo o motivo, mas entende-se que enquanto algumas pessoas emitem compostos que repelem os insetos, outras realizam o processo oposto, conforme apontou uma pesquisa da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Durante os experimentos, foi observado que duas gêmeas idênticas não apresentaram diferenças quanto ao nível de atração dos mosquitos — enquanto que, quando as gêmeas eram diferentes, percebeu-se que uma delas atraiu mais a atenção dos insetos que a outra.
Como se proteger dos mosquitos?
Os mosquitos, além de provocarem feridas e alergias, podem ser vetores de doenças perigosas, como dengue, febre amarela e malária. Em função disso, é essencial manter a carteirinha de vacinação atualizada e adotar alguns hábitos de proteção — especialmente para grupos considerados de risco, como gestantes.
Camila explica que o uso de repelente é fundamental para se proteger contra os mosquitos e deve ser adotado desde a infância. “Existe repelente específico para bebês, por exemplo. A recomendação é usar a partir dos seis meses e, a partir dos dois anos, já pode usar repelente de adulto”.
Para pessoas que apresentam alergias ou irritações de pele a esse tipo de produto, Simone ressalta que existem repelentes à base de citronela, um composto natural e biodegradável que não oferece riscos à saúde.
Por fim, um método que pode ajudar a impedir a entrada de mosquitos em casa é instalar telas em portas e janelas. Lembre-se de não deixá-las abertas ao nascer e ao pôr-do-sol, pois são períodos de maior atividade dos mosquitos.
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