Membro da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro, ele é graduado em Medicina pela Universidade Gama Filho...
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Embora a vacinação seja uma das principais formas de prevenir doenças, muita gente tem questionado sua eficácia e segurança nos últimos anos, deixando de tomar os imunizantes recomendados para a população. Prova disso é que, em 2021, a taxa de vacinação completa contra a poliomielite atingiu o menor patamar no Brasil desde 2018, ficando em apenas 67,71%, de acordo com o Ministério da Saúde.
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O médico Rodrigo Lins, da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro, aponta que o receio e a resistência à recomendação de se vacinar são infundados. “Os estudos clínicos obrigatórios são feitos não só para ter a certeza de que o imunizante é eficaz, mas também que ele é seguro para uso em humanos”, diz.
Ou seja: antes de serem introduzidas nos programas de vacinação, as vacinas passam por uma série de testes até serem liberadas para aplicação em massa por órgãos governamentais, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que historicamente exige um severo padrão de qualidade.
Como a criação de uma vacina pode ser tão rápida?
Essa pergunta foi feita por várias pessoas quando, em 2020, os primeiros imunizantes contra a COVID-19 ficaram prontos - já que, até então, demorava mais de 10 anos para as vacinas ficarem prontas. Segundo Rodrigo Lins, o maior equívoco é achar que o desenvolvimento do imunizante começou no início da pandemia.
“Na verdade, a vacina em questão já era estudada desde outros episódios de pandemia com coronavírus”, esclarece o especialista. Na verdade, de acordo com o médico, existem pesquisas nessa área desde 2003, mas nenhum imunizante chegou a ficar pronto porque os outros surtos da doença acabaram antes.
Fato é que, quando o vírus da COVID-19 surgiu, os cientistas só precisaram adaptar a vacina que já tinham desenvolvido para combater esse novo integrante da família dos coronavírus, que tinha uma proteína diferente das versões anteriores.
Além disso, outros fatores favoreceram esse processo, incluindo a baixa taxa de mutação do vírus, a forma como ele age no organismo e o investimento financeiro que as pesquisas receberam devido à pressa em acabar com a pandemia.
Monitoramento constante
Vale ressaltar ainda que, mesmo após a liberação para o uso, estudos continuam sendo realizados para verificar como o imunizante se comporta durante a vacinação em massa. “Geralmente, é nessa etapa que as pessoas detectam algum efeito adverso muito raro (da ordem de 1 evento para 100 mil doses aplicadas) que acabou não acontecendo nas pessoas estudadas no início”, comenta o infectologista.
Segundo ele, essas pesquisas também servem para avaliar a eficácia da vacina contra novas variantes da doença. “Ainda não chegamos a uma variante em que os antígenos definitivamente não cubram, mas pode haver uma variabilidade de efeito da vacina de acordo com a mutação do vírus”, explica o especialista, usando a COVID-19 como exemplo.
Dependendo dos resultados, em alguns casos, pode ser necessário desenvolver outro imunizante para a doença. É exatamente o que acontece com a gripe, cuja fórmula é constantemente alterada para trazer as cepas do vírus influenza que mais circularam no ano anterior.
Efeitos colaterais
De forma geral, o máximo que pode acontecer ao tomar uma vacina é ter uma forma mais leve da doença que ela pretende evitar. Isso porque o seu mecanismo de ação envolve introduzir no corpo humano uma forma muito enfraquecida do agente infeccioso, para que o organismo produza anticorpos contra ele e esteja pronto para usá-los novamente caso seja necessário.
O infectologista Rodrigo Lins, no entanto, afirma que é muito raro que os sintomas da doença cheguem a se manifestar após a imunização. O mais comum é que a pessoa tenha apenas uma reação inflamatória devido à introdução de um material considerado estranho no corpo.
“Geralmente, surge uma dor ou uma vermelhidão no local em que foi aplicada a vacina. Também é possível ter febre e dor de cabeça”, revela o especialista, antes de destacar que os benefícios da imunização compensam os riscos de todos os efeitos colaterais, justamente porque é melhor lidar com eles do que com formas graves de doenças perigosas.