Fonoaudióloga graduada pela USP, mestre pelo Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia da pela USP com a dissertação d...
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O teste da linguinha é um exame que avalia o frênulo lingual, conhecido popularmente como “freio da língua”, do bebê. Ele serve para diagnosticar alterações na região que podem prejudicar a amamentação e o desenvolvimento da criança, tanto na fala quanto nas estruturas físicas do crânio.
“Algumas crianças apresentam uma alteração anatômica do frênulo lingual, seja na espessura, seja no ‘chão’ ou no ‘céu’ da boca, que acaba limitando alguns movimentos da língua”, explica a fonoaudióloga Camilla Guarnieri, mestre e doutora em Fonoaudiologia pela Universidade de São Paulo (USP).
“Essa alteração pode dificultar a mamada e a alimentação no futuro e pode ter impacto no crescimento crânio-facial e nas estruturas físicas. Então, é um teste que é feito com base nas características e no teste das funções que envolvem a língua”.
O teste da linguinha é feito ainda na maternidade e é indolor. Em geral, o profissional irá manusear o freio da língua para fazer a avaliação de suas funções. Desde 2014, a realização do teste é obrigatória em todos os hospitais e maternidades do Brasil, de acordo com a lei federal nº 13.002. O exame também é reconhecido pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e pela Associação Brasileira de Motricidade Orofacial.
Para que serve o teste da linguinha?
O teste da linguinha serve para avaliar o frênulo da língua e diagnosticar alterações que possam impactar no desenvolvimento do bebê. “Ele é muito importante para avaliar não só a parte anatômica e estrutural, mas também avaliar a parte funcional. Ou seja, ver como a língua está se movimentando, para ver se o frênulo vai limitar ou dificultar os movimentos da língua”, explica Camilla.
Portanto, o exame serve para diagnosticar, logo nos primeiros dias de vida, alterações que podem levar a complicações ao longo do desenvolvimento do bebê até sua vida adulta.
“A limitação de movimento da língua pode gerar alteração no crescimento crânio-facial e a mandíbula pode ficar mais retraída, por exemplo. Mas o que mais vemos na prática clínica são questões relacionadas à função. As crianças vão tendo dificuldades na fala para sons mais refinados, em que é preciso de um movimento mais preciso da língua”, afirma a fonoaudióloga.
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É o caso da anquiloglossia, popularmente conhecida como “língua presa”. Essa é uma das alterações mais comuns que ocorrem no freio da língua e pode prejudicar a fala da criança. “Às vezes a criança não consegue fazer vibrações com a língua por causa da limitação do movimento do freio, como no som do ‘R’. O mesmo acontece com os movimentos em que precisamos da ponta da língua no céu da boca, como no som do ‘L’”.
Outra alteração importante é do movimento para sugar, fundamental para a amamentação. Quando o freio é mais curto ou apresenta outras mudanças estruturais, esse movimento pode ficar limitado, gerando dificuldade para amamentar.
“A criança pode não conseguir fazer a sucção direito, não se alimentando corretamente e perdendo peso. Ou, então, a mãe pode ter dor e feridas na hora de amamentar por causa desse movimento inadequado”, acrescenta a profissional.
Como é feito o teste da linguinha?
O teste da linguinha é feito, geralmente, por um fonoaudiólogo, mas também pode ser realizado por cirurgião-dentista, otorrinolaringologista, médico pediatra e enfermeiro. É um exame baseado na observação das características do frênulo lingual. O profissional pode manusear o freio para analisar suas funções, sua estrutura e sua espessura.
Além disso, durante o teste, o especialista poderá avaliar as funções do freio da língua em situações como choro e amamentação. Durante essa avaliação, o profissional irá preencher um protocolo para pontuar as características da língua e do freio, identificando se há ou não alterações.
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Em casos em que são constatadas alterações no frênulo lingual, os pais são orientados a iniciar um tratamento adequado, que pode incluir uma cirurgia simples para correção da estrutura do freio da língua. “Trata-se de uma cirurgia de baixa complexidade, sem muito risco, que pode, até mesmo, ser feita no ambiente clínico, não sendo obrigatório ser realizada em ambiente hospitalar”, afirma Camilla.
O pós-operatório inclui acompanhamento com fonoaudiólogo especializado, para garantir que a movimentação e a cicatrização da língua sejam adequadas.
Quando fazer o teste da linguinha?
Preferencialmente, de acordo com o protocolo, o teste da linguinha deve ser feito ainda na maternidade, nas primeiras 72 horas de vida do bebê. A avaliação precoce é fundamental para que os recém-nascidos sejam diagnosticados e tratados com sucesso. Caso não seja realizado na maternidade, o ideal é que o teste seja feito ainda no primeiro mês de vida.
Preço do teste da linguinha e onde fazer
Por ser um procedimento simples, baseado apenas na observação clínica, a lei determina que o teste da linguinha não deve ser cobrado, mesmo na rede particular. Porém, nesses casos, pode haver a cobrança da consulta com o profissional que realizará o teste, como o pediatra ou fonoaudiólogo.
O teste da linguinha pode ser feito no SUS também. Por ser obrigatório por lei, todas as unidades de saúde e maternidades que atendem pelo SUS devem oferecer o exame para todos os recém-nascidos antes do recebimento da alta médica.