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Apesar de ser um processo natural, envelhecer ainda assusta muita gente. Há anos a velhice tem sido associada, de forma equivocada, a doenças e à perda de mobilidade e de autonomia, colocando os idosos em uma posição de incapazes.
Uma pesquisa realizada pela iStock revelou que 80% das mulheres já sofreram discriminação na América Latina por serem vistas como “muito velhas”, algo conhecido como “etarismo” ou “ageísmo”. Os dados foram coletados em meados de 2022 a partir de entrevistas com mais de sete mil pessoas e mostraram que, para os homens, o cenário é melhor, mas não deixa de ser preocupante, chegando a 49%.
“A população em geral tende a estigmatizar toda e qualquer fase do desenvolvimento humano e, infelizmente, com frequência, a velhice é associada a estereótipos negativos. Na minha prática profissional, costumo escutar que ‘todo idoso é esquecido, tem dores, são queixosos, dependentes e deprimidos’”, comentou a psicóloga Ana Carolina Stamm Fávero, da Clínica Sainte-Marie, em entrevista prévia ao MinhaVida.
Por que o etarismo é tão ruim?
A desvalorização dos idosos pode ter sérias consequências, prejudicando os direitos humanos e o bem-estar dessa parcela da população, segundo o Relatório Global sobre Ageísmo da OMS, publicado em 2021.
O documento afirma que, no aspecto pessoal, o etarismo muitas vezes resulta no isolamento social e no aumento do risco de violência e abuso contra os mais velhos - o que, consequentemente, pode piorar a saúde física e mental deles.
Já no aspecto social, esse tipo de discriminação acaba reduzindo as oportunidades de emprego e de promoções para quem é mais experiente.
Como combater o etarismo?
Em nível individual, o que as pessoas podem e devem fazer é prestar atenção nas atitudes do dia a dia, fugindo de piadas que até podem parecer inofensivas, mas que reforçam a discriminação contra idosos.
A psicóloga Aline Cardoso acredita também que a mudança depende principalmente de políticas públicas que atuem de forma a combater o etarismo, usando ainda de métodos didáticos para que haja uma nova percepção social sobre o envelhecer.
Para os pesquisadores que lideraram o estudo da iStock, uma das formas de fazer isso é melhorar como a velhice é representada na mídia. Afinal, pessoas com mais de 60 anos aparecem, na maioria das vezes, fazendo apenas atividades domésticas ou, então, recebendo assistência médica - o que reforça ainda mais no imaginário coletivo a ideia de que envelhecer é ruim.
A psicóloga Ana Carolina concorda: “É inegável que somos extremamente influenciados pelas campanhas publicitárias”. Por isso, ela comemora que as grandes companhias estejam repensando as estratégias de marketing a fim de definirem expectativas mais realistas em relação à beleza e ao autocuidado, se movimentando em direção à aceitação do corpo e, por consequência, à aceitação da idade.