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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou um novo teste para diagnosticar a febre maculosa na segunda-feira (3). Desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o teste é o primeiro kit de biologia molecular desenvolvido no país para a detecção do material genético de bactérias causadoras de rickettsioses, principalmente febre maculosa e tifo.
Com o novo registro, o IBMP pode produzir o kit em caso de demanda do Ministério da Saúde. “Trata-se de mais uma entrega da Fiocruz, como instituição de ciência e tecnologia no campo da Saúde, oferecendo respostas rápidas a problemas de Saúde Pública e contribuindo para o fortalecimento do [Sistema Único de Saúde] SUS”, afirmou o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, em nota.
Como funciona o kit?
O kit Biomol Rickettsioses, idealizado pelo laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), utiliza a técnica de PCR. Isso permite a detecção do material genético de bactérias do gênero Rickettsia rickettsii, transmitidas pela picada do carrapato-estrela e causadoras da febre maculosa.
Segundo a instituição, o teste permite um diagnóstico laboratorial mais rápido e específico, ainda na fase inicial da doença, quando não há anticorpos detectáveis que permitam a confirmação da doença por meio de testes sorológicos.
O diagnóstico da febre maculosa pode ser desafiador, já que seus sintomas são similares aos de outras doenças, como dengue, hepatite viral, leptospirose, encefalite, sarampo, entre outras.
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De modo geral, é feita a avaliação clínica e alguns exames laboratoriais podem confirmar a doença, como a reação de imunofluorescência indireta (RIFI), que detecta a presença de anticorpos contra a bactéria a partir da coleta de sangue, e o exame de imunohistoquímica, que detecta a bactéria em amostras de tecidos obtidas a partir de biópsia de lesões de pele.
No entanto, o resultado desses exames costumam levar semanas. O objetivo com o novo kit de diagnóstico desenvolvido pelo IBMP é acelerar o processo de diagnóstico laboratorial, agilizando o início do tratamento, o que é fundamental levando em conta a alta taxa de mortalidade da doença.
Febre maculosa: casos recentes
Em 2023 foram confirmados 53 casos de febre maculosa no Brasil, com oito mortes registradas, de acordo com o Ministério da Saúde. Os óbitos ocorreram na região Sudeste: seis em São Paulo, um em Minas Gerais e um no Rio de Janeiro.
A febre maculosa é uma doença infecciosa e febril que pode causar sintomas leves ou cursar com formas mais graves, com alta taxa de letalidade. A transmissão acontece através da picada do carrapato infectado pela bactéria do gênero Rickettsia.
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Normalmente, os principais vetores são do gênero Amblyomma cajennense, popularmente conhecidos como carrapato-estrela ou micuim. Entretanto, potencialmente, qualquer espécie de carrapato pode ser reservatório, como por exemplo o carrapato do cão, Rhipicephalus sanguineus. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses.
Os sintomas da febre maculosa incluem febre alta, calafrios, dor de cabeça, dor muscular, dor abdominal, fadiga, perda de apetite e confusão mental. Também é comum surgirem manchas vermelhas na pele, conhecidas como máculas.