Especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Coordenadora do curso de gero...
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Fazer algum trabalho voluntário durante a terceira idade pode ajudar a prevenir o declínio cognitivo. O achado é de um novo estudo apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, que aconteceu em Amsterdã, na Holanda, em julho.
Os pesquisadores buscaram entender qual é o impacto de atividades comunitárias nas funções cognitivas de idosos. Para isso, os autores avaliaram dados de mais de 2.400 idosos, com média de 74 anos de idade, que participaram de dois projetos: Kaiser Healthy Aging and Diverse Life Experiences Study (KHANDLE) e o Study of Healthy Aging in African Americans (STAR).
Segundo os dados, 43% dos participantes tinham participado de tarefas voluntárias no ano anterior à pesquisa, atuando em organizações religiosas, educativas, relacionadas à saúde ou à caridade. Durante o período da pesquisa, que durou um ano, os participantes foram submetidos a testes de funções executivas e de memória, além de responderem a questionários sobre estilo de vida e rotina de atividades voluntárias.
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De acordo com o estudo, os idosos que se engajaram em trabalhos voluntários apresentaram um melhor desempenho nesses testes. Os resultados foram ainda mais significativos entre os participantes que realizavam essas atividades várias vezes por semana. Para os pesquisadores, essas atividades promovem a socialização com outras pessoas, o que contribui para a redução do estresse e estimula um processo cognitivo que pode proteger o cérebro.
Os benefícios da socialização para os idosos
Esse não é o único estudo que mostra que atividades coletivas podem ser positivas para os idosos. De acordo com um outro trabalho, apresentado no congresso Nutrition 2023, que aconteceu em Boston (EUA), em julho, manter relações sociais positivas era um dos oito hábitos que podem prolongar a vida em décadas.
“Essa parte de interação social é algo que a psicologia vem estudando muito e o que vemos é o impacto positivo da rede de amigos e de cuidados na saúde, principalmente na saúde cognitiva, como menor risco de depressão e isolamento”, comentou Simone Fiebrantz, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), em matéria publicada anteriormente no MinhaVida.
A especialista explicou que essa interação social, quando é positiva, rica em trocas de experiências e baseada na boa convivência, pode ser fundamental para a saúde e para o envelhecimento saudável. “Não é só estar junto, mas ter uma convivência saudável, de troca, principalmente, intergeracional, ou seja, a convivência com diferentes gerações”, completa.
Os outros hábitos que influenciam na longevidade incluem: ser fisicamente ativo, estar livre do vício de opioides, não fumar, controlar o estresse, manter uma boa alimentação, não beber compulsivamente regularmente e ter uma boa higiene do sono.