Sintomas de depressão: 8 sinais que talvez você não reconheça

Você conhece os principais sintomas de depressão? A doença provoca uma persistente sensação de tristeza profunda, de modo que a pessoa não consegue encontrar prazer nas coisas que antes lhe davam alegria e satisfação. Isso provoca falta de interesse em atividades diárias, afetando a forma como a pessoa pensa, sente e age. Apesar dos esforços, a depressão impede que a pessoa veja positividade na vida. 

Esses são alguns dos sinais mais conhecidos e associados ao problema, mas é importante entender que o impacto da depressão vai muito além e afeta diretamente a forma como o organismo funciona, podendo, inclusive, provocar sinais que passam despercebidos. 

De acordo com a psicóloga Priscilla Gasparini Fernandes, previamente ao MinhaVida, a depressão provoca desequilíbrio nos processos químicos dos neurotransmissores — substâncias responsáveis pelo bem-estar físico e mental —, o que pode provocar diversos sinais físicos, como queda na imunidade, problemas digestivos e mudanças nos hábitos noturnos. 

Para entender melhor como eles se manifestam, o MinhaVida conversou com especialistas e listou 8 sintomas ocultos da depressão para ficar de olho. Confira! 

1. Problemas digestivos 

Os problemas digestivos são comuns em quadros de depressão e podem se manifestar de diversas maneiras. Devido à queda na produção de neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, responsáveis pela modulação da dor e do equilíbrio emocional, pacientes com depressão apresentam maior sensibilidade à dor. 

A dor na parte gastrointestinal, inclusive, está bastante associada à síndrome do intestino irritável, uma condição crônica do trato digestivo que provoca episódios de dor abdominal ou cólicas, gases, constipação intestinal ou diarreias recorrentes. “Pacientes podem chegar ao gastroenterologista com esses sintomas e, após vários exames clínicos, são diagnosticados como de fundo emocional”, explica Priscilla. 

2. Dores de cabeça e no corpo 

Em casos de depressão, as dores físicas podem ser consequência da somatização — que é o acúmulo de sintomas emocionais, frustrações, medos e inseguranças. Noites mal dormidas e alterações de humor também podem provocar dores de cabeça e musculares além de sensação de aperto no peito e peso nas pernas. 

De acordo com a psiquiatra Danielle H. Admoni, especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria, casos de dores inespecíficas podem acometer especialmente crianças e adolescentes. “Quando você vai investigar, não é nada orgânico, você não encontra uma causa para aquela dor de barriga, para aquela dor de cabeça. É uma questão mais somática”, explica. 

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3. Fadiga ou cansaço  

A sensação de cansaço excessivo no dia a dia pode surgir após outras queixas do paciente, como alterações de sono e apetite, segundo Danielle. “Ele não dá conta de fazer o que fazia antes, está sempre se queixando de cansaço, de que tudo está difícil”, complementa a especialista. 

O motivo do cansaço pode ser devido à queda nos níveis de hormônios, como serotonina, dopamina e noradrenalina, o que causa uma prostração muito grande nos pacientes. Eles sentem fraqueza, cansaço e falta de ânimo e de iniciativa para executar as tarefas diárias.  

4. Mudanças nos hábitos de sono 

A mudança nos hábitos noturnos costuma ser um dos principais indícios de que algo não vai bem com a saúde, seja mental ou física. Nos casos de depressão, essa mudança pode se manifestar de duas formas: ou o paciente dorme muitas horas acima do comum para um adulto, buscando fugir da realidade em que se encontra, ou ele não consegue dormir, uma vez que não consegue desligar os pensamentos e problemas que o levaram à depressão. 

Em todos os casos, ele apresenta uma má qualidade no sono, o que provoca cansaço excessivo, problemas de concentração e piora no rendimento e de produtividade.  

5. Problemas de concentração

A perda de concentração pode ser consequência de outros problemas causados pela depressão, como os distúrbios do sono. As alterações neuroquímicas também podem levar a uma série de problemas cognitivos, como perda de memória e de concentração, atenção prejudicada e raciocínio lento.  

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6. Mudanças no apetite

A depressão é comumente associada a transtornos alimentares, pois a doença provoca alterações no apetite — o que resulta em perda ou ganho de peso. Em alguns casos, assim como o sono, a comida pode ser uma “válvula de escape” para a tristeza profunda que ela está sentindo. 

Por outro lado, existem pacientes com depressão que perdem o apetite parcial ou completamente. Por isso, mudanças repentinas no peso corporal devem ser observadas cuidadosamente, pois são uma consequência direta às alterações no apetite. 

É importante destacar que quadros de anorexia e de bulimia são diferentes de depressão, e devem ser tratados separadamente por um especialista. 

7. Irritabilidade 

Irritabilidade, agressividade e comportamento autoritário persistente também podem sinalizar um estado depressivo, segundo os critérios do Manual Diagnóstico dos Tratamentos Mentais (MSM-5). O paciente pode apresentar ataques de raiva, tremores, vontade incontrolável de gritar, além de sintomas de angústia. 

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8. Procrastinação

Outros indícios da depressão são a tendência frequente de adiar tarefas e a incapacidade de estabelecer prioridades e de se organizar — seja na vida profissional ou pessoal. Realizar atividades comuns do dia a dia pode ser extremamente difícil para alguém com depressão. Isso pode resultar em sentimentos de frustração, insegurança e culpa. 

Como ajudar uma pessoa com depressão? 

Nem sempre é fácil entender o que a pessoa com depressão está passando, e é comum se sentir imponente ao ver um ente querido sem perspectiva de vida e esgotado de si mesmo, mas compreender as particularidades da doença pode ajudar a ser mais empático e lidar com a situação. Todas as pessoas estão sujeitas a uma saúde mental afetada, o que torna essencial ter uma rede de apoio formada por amigos e familiares. 

Praticar gestos simples, como oferecer apoio e ouvir o que a pessoa tem a dizer, podem ajudar no processo. Veja algumas práticas para apoiar uma pessoa com depressão: 

• Comunique-se de maneira gentil e aberta, para que a pessoa não sinta que seus sentimentos estão sendo invalidados
• Escute sempre o que a pessoa tem a dizer
• Incentive a busca por tratamento profissional e busque serviços de apoio
• Não ignore pedidos de ajuda ou comentários sobre suicídio 
• Mantenha contato, não deixe a solidão tomar conta de quem está nesse estado
• Evite julgamentos ou críticas
• Esteja atento aos sinais, como mudanças de comportamento e discurso 
• Incentive passatempos, como atividades físicas, passeios ou aprender novas habilidades artísticas
• Evite usar palavras negativas, não é hora para dar sermões 

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Referências

Manual MSD

Manual Diagnóstico dos Tratamentos Mentais (MSM-5).