Graduado em Medicina pela Universidade de Taubaté. Possui residência médica em Patologia pela Universidade Federal de S...
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Um exame de sangue inédito capaz de diagnosticar Alzheimer ainda nas fases iniciais chegou ao Brasil nesta semana. De origem estadunidense, o Precivity AD2 detecta proteínas que indicam se há presença de placas amiloides cerebrais, características consideradas biomarcadores da doença - ou seja, são indicativos de que a condição existe no paciente.
No país, a testagem é feita pela Fleury Medicina e Saúde em parceria com a fabricante C2N Diagnostics e custa cerca de R$ 3.600, não estando disponível pelos planos de saúde e nem pelo Sistema Único de Saúde, por enquanto. Ele é indicado para pessoas que já apresentam quadros de declínio cognitivo e, por isso, não é recomendado como um exame de triagem ou check-up.
Como o exame para detectar Alzheimer é feito?
O exame é feito a partir de um método chamado espectrometria de massa (EM) de alta resolução e pela dosagem das proteínas que provocam alterações cerebrais relacionadas ao Alzheimer. As amostras são coletadas e preparadas na central técnica do Fleury e enviadas para análise nos Estados Unidos. O exame deve ser solicitado pelo médico e os resultados devem sair em cerca de 20 dias após a realização do teste.
O novo exame passou por estudos para avaliar sua eficácia, que alcançou 88% de precisão. De acordo com nota divulgada pelo laboratório, o teste promete ser menos complicado e excluir o Alzheimer diante de "outras causas de comprometimento cognitivo, como depressão, apneia do sono, demência vascular e problemas metabólicos". Na visão deles, também se trata de uma alternativa mais segura de diagnóstico, por não usar métodos invasivos ou radioativos no paciente.
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Ao apontar um resultado positivo para Alzheimer, a recomendação é que, após o PrecivityAD2, o paciente faça outro exame confirmatório. Isso porque o novo teste ainda não compõe as formas de diagnóstico aceitas no Brasil.
A importância do diagnóstico em fase inicial
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 1,2 milhão de pessoas têm Alzheimer no Brasil. A doença é caracterizada por causar o declínio das funções cognitivas, reduzindo as capacidades de trabalho e de relação social, principalmente entre pessoas de 65 a 85 anos.
A doença ainda não tem cura, mas o tratamento, quando iniciado em fase inicial, pode retardar a progressão da doença e oferecer uma melhor qualidade de vida. Nesse sentido, o diagnóstico precoce é fundamental e isso inclui o exame de sangue.
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“O exame utiliza uma tecnologia chamada espectrometria de massas, que é capaz de detectar moléculas em pequenas concentrações para identificar essas proteínas beta-amiloides 42 e 40, consideradas importantes biomarcadores da doença”, explica o Cristovam Scapulatempo Neto, diretor médico de anatomia patológica e genética do Delboni Medicina Diagnóstica.
Além dele, é necessária uma avaliação médica para o diagnóstico de Alzheimer, em que o profissional conversa com o paciente para obter informações sobre seu histórico pessoal e familiar.
Outros exames também podem ser solicitados, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, além da punção lombar, um procedimento para coletar uma amostra do líquido cefalorraquidiano que envolve o cérebro e a medula espinhal.
“Ainda não existe uma forma simples de diagnosticar a doença, mas exames de sangue e testes de estado mental e de imagem cerebral podem ser usados para determinar a causa dos sintomas”, finaliza Cristovam Scapulatempo Neto.