Psicólogo formado em Terapia Comportamental Dialética pelo Behavioral Tech, dos Estados Unidos, tem mestrado em Psicolog...
iA Terapia Comportamental Dialética (DBT, do inglês Dialectical Behavioral Therapy) foi desenvolvida pela americana Marsha Linehan como uma forma de intervenção em comportamentos suicidas e de automutilação. Posteriormente, a DBT foi reconhecida como o tratamento padrão-ouro para o transtorno da personalidade borderline e, mais recentemente, vem sendo adaptada e pesquisada para outros quadros clínicos envolvendo crianças, adolescentes e adultos.
O modelo padrão dessa terapia conta com quatro componentes:
1 - Psicoterapia individual: o terapeuta usa diferentes estratégias de intervenção com foco na mudança de comportamentos, pensamentos e emoções;
2 - Treino de habilidades: é voltado à instalação e fortalecimento de determinados repertórios comportamentais, como:
- Mindfulness: processo intencional de observar, descrever e participar de uma única atividade no momento presente e sem julgamentos;
- Efetividade interpessoal: ser assertivo, aprimorar relacionamentos e se manter fiel a seus valores;
- Regulação emocional: diminuir a frequência de emoções indesejadas, controlar fatores de vulnerabilidade às emoções, entre outras habilidades;
- Tolerância a mal-estar: inclui técnicas emergenciais de sobrevivência a crises e aceitação da realidade.
3 - Consultoria por telefone: para manejar situações de crise, generalizar as habilidades treinadas e incentivar a relação terapêutica;
4 - Reunião de consultoria entre terapeutas: tem como objetivo cuidar da competência técnica e da motivação dos profissionais que trabalham com casos graves e/ou de difícil manejo.
Para organizar a intervenção, a terapia comportamental dialética utiliza uma hierarquia clínica construída por meio da tradução das queixas do paciente em comportamentos-alvo, que são categorizados em diferentes estágios. Assim, comportamentos que colocam a vida em risco, tais como ações suicidas e automutilação, estão no topo dessa hierarquia. Comportamentos que interferem na terapia, como faltar na sessão e não implementar as habilidades propostas ao longo da semana, são os próximos da lista. E assim a hierarquia segue, sempre com base nos objetivos de vida do paciente.
Uma vez que os comportamentos-alvo foram selecionados e hierarquizados nos diferentes estágios, o paciente registra sua frequência e intensidade em um cartão diário, que é examinado no início de cada sessão de terapia individual.
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Com base nesse monitoramento dos comportamentos-alvo, o terapeuta navega por três paradigmas de intervenção, aceitação, mudança e dialética.
Aceitação é a habilidade de reconhecer a realidade como ela é, o que inclui pensamentos, sentimentos e comportamentos, sem julgamento e sem tentar negar, escapar ou mudar a experiência imediatamente. A ideia é que a aceitação pode levar a uma maior paz interior e proporcionar uma base mais sólida para a mudança.
Além disso, o terapeuta pode lançar mão da validação, compreendida como a comunicação clara e objetiva de que a dor emocional sentida pelo paciente e sua dificuldade em resolver certa situação são coerentes e justificáveis.
Por sua vez, o paradigma de mudança tem como objetivo a modificação de comportamentos. Primeiro, o terapeuta tenta descobrir exatamente o que aconteceu antes e depois do surgimento de um certo comportamento, para saber onde focar a ajuda. Depois, usa técnicas específicas para ajudar a mudar esse comportamento.
Essas técnicas, por sua vez, vêm principalmente das terapias comportamentais e cognitivo-comportamentais. Ainda dentro do paradigma de mudança, a terapia comportamental dialética tem algumas estratégias de comprometimento, que visam promover motivação no paciente para que ele possa aderir a um procedimento específico ou ao plano de trabalho como um todo.
É importante notar que a terapia comportamental dialética enfatiza a coexistência da aceitação e da mudança, buscando um equilíbrio entre aceitar a realidade como ela é e fazer esforços ativos para mudá-la.
Além disso, a terapia comportamental dialética conta com um conjunto de estratégias dialéticas, voltadas a solucionar obstáculos no processo terapêutico. Um exemplo disso é a estratégia conhecida por “fazer dos limões uma limonada”, em que o terapeuta mostra o valor de determinado problema como uma oportunidade para aprender comportamentos novos ou exercitar as habilidades aprendidas.
De forma geral, a terapia comportamental dialética é uma abordagem psicoterápica que tem como objetivo tratar problemas de saúde mental, proporcionar alívio no sofrimento psicológico e ajudar na construção de uma vida plena.
Vale destacar que a terapia comportamental dialética tem um forte compromisso com a sustentação científica de seus princípios; portanto, para ser um bom terapeuta DTB, é fundamental manter-se atualizado com os avanços tanto da ciência psicológica básica quanto da pesquisa clínica em psicoterapia.
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