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Um novo estudo sugere que consumir pouca quantidade de carboidrato ao longo da vida pode aumentar o risco de morte por doenças cardiovasculares. A constatação é de cientistas japoneses da Universidade de Nagoya e foi publicada no The Journal of Nutrition, em agosto deste ano.
Já havia evidências de que o consumo exagerado de carboidratos também poderia fazer mal à saúde e aumentar o risco de morte por doenças cardiovasculares. Mas esse novo estudo mostrou que dietas muito restritivas, que reduzem drasticamente o consumo deste macronutriente, também podem ser prejudiciais à saúde a longo prazo.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram mais de 80 mil voluntários ao longo de quase nove anos. Os pacientes tinham entre 35 e 69 anos de idade e, ao longo do período da pesquisa, preencheram questionários detalhados sobre sua alimentação.
Nesses questionários, os participantes forneceram dados tanto sobre o consumo de carboidratos refinados quanto de integrais e de gorduras saturadas e insaturadas. Informações sobre estilo de vida, ingestão de álcool, consumo de tabaco e frequência de atividade física também entraram na análise.
De acordo com os achados, aqueles que consumiam uma quantidade moderadamente baixa de carboidratos - entre 40% e 50% do total energético diário - tinham um risco de morte por doenças cardiovasculares elevado. Além disso, homens com ingestão inferior a 40% e mulheres com ingestão acima de 65% do total energético também apresentaram uma taxa de mortalidade mais elevada. Não houve diferença significativa quanto ao tipo de carboidrato preferido.
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Como conclusão, os autores do estudo advertem que dietas altamente restritivas, voltadas para perda de peso, podem trazer prejuízos a longo prazo e não são necessariamente saudáveis. Para eles, o ideal é adotar uma alimentação balanceada que assegure uma ingestão energética adequada proveniente de diversas fontes.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou novas diretrizes sobre a quantidade de carboidratos a serem ingeridos em uma dieta: 400 gramas de vegetais e frutas e 25 gramas de fibras por dia. A recomendação da entidade também é de que o consumo deste macronutriente deva vir de grãos integrais, vegetais, frutas e leguminosas, e menos de massas e produtos refinados.
Importância dos carboidratos para a saúde
Apesar de, muitas vezes, serem vistos como vilões da dieta, os carboidratos desempenham papéis muito importantes no organismo. “Eles são macronutrientes fundamentais em nossa alimentação, desempenham um papel vital na promoção da saúde e no funcionamento adequado do nosso corpo”, explica Daniela Zuin, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais e especialista em nutrição clínica e estética.
Entre as funções que o carboidrato desempenha em nosso organismo e que são importantes para a saúde estão:
- Ser a principal fonte de energia para o corpo
- Ajudar a manter a função cerebral e cognitiva adequada
- Ser armazenado como glicogênio nos músculos e no fígado, servindo como reserva energética
- Preservar a massa muscular, já que impede que o organismo utilize as proteínas dos músculos para obter energia
- Ser fonte de fibras (frutas, legumes e grãos integrais) que promovem a saúde digestiva
- Fornecer vitaminas, minerais e antioxidantes importantes para a saúde
- Regular o açúcar no sangue, no caso dos carboidratos complexos de absorção lenta (como grãos integrais)
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No entanto, a nutricionista ressalta que é importante escolher os carboidratos certos para incluir na alimentação. “Opte por carboidratos complexos, como grãos integrais, legumes e frutas, em vez de carboidratos refinados, como açúcar e farinhas processadas”, explica.
Riscos da baixa ingestão de carboidratos
Dietas restritivas, que limitam drasticamente a quantidade de carboidratos, podem acarretar riscos para a saúde a longo prazo. “Embora dietas com baixo teor de carboidratos possam ser eficazes para a perda de peso a curto prazo e o controle de certas condições clínicas, elas também apresentam desafios e preocupações significativas quando mantidas por um período prolongado”, afirma Daniela.
Entre os principais riscos da baixa ingestão de carboidratos estão:
- Deficiências nutricionais, com baixa ingestão de fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes
- Efeito rebote, pois pode resultar na perda rápida de peso, mas, ao reinserir os carboidratos na dieta, o peso pode ser recuperado rapidamente
- Desequilíbrio de macronutrientes, com maior ingestão de proteínas e gorduras, aumentando o risco de doenças cardíacas e outros problemas de saúde
- Desaceleração do metabolismo, prejudicando a capacidade do corpo de queimar energia
- Aumento do risco de distúrbios digestivos e constipação intestinal
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“Uma abordagem equilibrada, que inclua uma variedade de alimentos nutritivos, geralmente é mais sustentável e saudável a longo prazo”, afirma Daniela. “A importância de ter um nutricionista, pode ajudar a desenvolver um plano alimentar adequado às necessidades individuais e metas de saúde”, finaliza.