Médico graduado pela Universidade de São Paulo (USP) com doutorado em Medicina pela mesma instituição. É médico assisten...
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O Novembro Azul é uma campanha dedicada à conscientização da importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata. O tumor é o segundo mais comum entre homens e é silencioso, pois não apresenta sintomas em estágio inicial, o que dificulta sua detecção nessa fase e reduz as chances de sucesso no tratamento.
Para realizar esse diagnóstico precoce, são necessários exames de rastreamento. Porém, apesar da campanha de conscientização sobre a importância de realizar esses exames, ainda restam dúvidas de quem realmente deve rastrear a possibilidade de tumor.
Isso acontece porque existe uma divergência entre entidades e sociedades médicas acerca das recomendações. A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e o Ministério da Saúde, por exemplo, não recomendam o rastreamento como exames de rotina para a população geral, apenas para os homens que estão no grupo de risco para o tumor (como aqueles que têm histórico familiar).
O argumento utilizado é que esses exames aumentam de maneira significativa os “sobrediagnósticos” - termo utilizado para quando um câncer que não evoluiria clinicamente e nem causaria danos à vida é diagnosticado - e trazem riscos à saúde do homem devido a biópsias desnecessárias e complicações como dor, sangramento e infecções.
Saiba mais: Câncer de próstata: a importância do diagnóstico precoce
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica recomenda que os exames de rastreamento sejam indicados de maneira individualizada. No âmbito internacional, o mesmo é recomendado pela United States Preventive Services Task Force (USPSTF), pela Sociedade Americana de Oncologia (ACS) e pela Sociedade Americana de Urologia (AUA).
Já a Sociedade Brasileira de Urologia e a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) discordam desse ponto e recomendam o rastreamento do câncer de próstata a partir dos 50 anos para todos os homens - desde que eles sejam avisados dos riscos e dos benefícios.
Afinal, quem deve realizar o rastreamento como rotina?
A melhor conduta em relação aos exames de rastreamento para câncer de próstata deve ser definida de forma individualizada e em discussão com o médico. Apesar das divergências existentes, esses exames são essenciais para a detecção precoce do câncer de próstata e devem ser realizados regularmente caso haja essa concordância entre médico e paciente.
“Para aqueles com história familiar de câncer de próstata ou homens de raça negra, o ideal é a partir dos 40 anos”, afirma Marcos Lucon, médico assistente da disciplina de Urologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e credenciado à Rede Plus, da Care Plus. “Em outros casos, ele pode ser indicado pelo médico, caso haja necessidade, a partir dos 50 anos”, completa.
Esse é justamente o grupo de maior risco para o desenvolvimento do tumor. Além deles, outros fatores de risco incluem sobrepeso e obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool e exposição a químicos, como aminas aromáticas, arsênio, produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas.
Quais são os exames que rastreiam o câncer de próstata?
Mas, afinal, quais são os exames de rastreamento do câncer de próstata? Os principais são o toque retal e o PSA. O primeiro é realizado para avaliar possíveis alterações na glândula, como a presença de nódulos ou área que possa estar endurecida.
Já o PSA é um exame de sangue que irá medir a dosagem de uma proteína chamada antígeno prostático específico. Níveis altos dessa proteína pode ser um indicativo de câncer de próstata, mas também pode estar relacionada a outras condições que afetam a glândula.
Por isso, para fechar o diagnóstico é necessário, ainda, uma biópsia. “Ela é feita quando o médico percebe alterações suspeitas nos exames de rastreamento”, afirma Marcos. Podem ser solicitados, ainda, exames de imagem, como ultrassom e ressonância magnética.
Principais sintomas do câncer de próstata
O câncer de próstata é um tumor silencioso em sua fase inicial e não apresenta sintomas. “Em casos avançados, os sintomas mais comuns são dor ou ardência para urinar, dificuldade para começar a micção e jato urinário fraco, sangue na urina ou esperma”, elenca Marcos.
Leia mais: Câncer de próstata: como identificar esse perigo silencioso
Porém, o urologista ressalta: “Muitos desses sintomas se devem a outras condições, como crescimento benigno da próstata ou infecção. O médico deve fazer o diagnóstico”, afirma.
Ao confirmar o câncer, o tratamento é iniciado e deve incluir procedimentos como cirurgia ou radioterapia. Em alguns casos, os dois métodos podem ser necessários. Em tumores avançados, geralmente o tratamento inclui, ainda, hormonioterapia e quimioterapia.