Cirurgião ortopedista formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), é mestre em Ciências da Saú...
iA escoliose pode parecer um problema de saúde mais associado a adultos, mas existem muitos adolescentes que também são diagnosticados com esta patologia que, caso não seja tratada em tempo hábil, pode se agravar e trazer problemas de saúde maiores para os jovens.
Muitos hábitos são capazes de contribuir para uma piora desse desvio - e dor nas costas - nesta faixa etária, e precisam ser claramente compreendidos. Caso a escoliose venha a ser diagnosticada, é importante conseguir tratar rapidamente e assegurar uma boa qualidade de vida ao paciente.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que mais de 50 milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem com a escoliose. Por mais que seu surgimento e evolução variem conforme a tipologia desta curvatura identificada, é fato que certos comportamentos diários podem agravar esta dor e, em alguns casos, exigir procedimentos cirúrgicos para sua correção.
Nos mais jovens, o sedentarismo decorrente do maior tempo em frente às telas se mostra, hoje, como um dos fatores mais prejudiciais e que levam a esse diagnóstico, principalmente por conta do excesso de horas que passam usando seus aparelhos eletrônicos.
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Como prova disso, um estudo feito pela Common Sense Media constatou que os adolescentes verificavam seus telefones, em média, mais de 100 vezes por dia, um número realmente preocupante que impacta a realização de atividades físicas e que pode ser a causa do desenvolvimento de outros problemas, como obesidade e a inevitável piora da dor nas costas.
Na falta destes cuidados com a saúde, a escoliose idiopática é a tipologia que mais costuma ser diagnosticada nos pacientes que relatam os sintomas deste problema. De acordo com a OMS, este problema acomete cerca de 3% da população mundial, apresentando características e níveis de evolução variados. Apesar de sua causa concreta ainda não ser conhecida na medicina, costuma aparecer entre os 10 e 16 anos, existindo até mesmo casos mais precoces.
Além dela, existem também a escoliose congênita, que pode ser diagnosticada intraútero e que ocorre quando a criança nasce com uma malformação nas vértebras; e a escoliose neuromuscular, secundária a doenças neuromusculares como paralisia cerebral e mielomeningocele, por exemplo, e que pode ser diagnosticado durante o primeiro estirão do crescimento e até os cinco anos de idade.
Diante da diversidade de tipologias desta doença que afeta diversos jovens ao redor do mundo, a importância do diagnóstico precoce deve ser destacada. O paciente precisa ser encaminhado ao melhor tratamento que, por sua vez, será indicado pelo médico especialista.
O acompanhamento adequado pode evitar muitos casos cirúrgicos graças aos mecanismos robustos que temos à disposição na medicina atualmente para este problema.
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Tratamento conservador ou cirurgia?
Em casos identificados durante o estirão de desenvolvimento do jovem, o tratamento mais recomendado é o uso do colete 3D – que, para que faça efeito, precisa ser vestido e usado por pelo menos 17 horas diárias, sendo retirado apenas para tomar banho e realizar qualquer tipo de esporte –, além da fisioterapia específica para escoliose.
Apenas curvaturas maiores que 40 ou 45 graus e curvas progressivas costumam ser direcionadas para cirurgia, uma vez que evoluem mais do que cinco graus em um período de quatro meses e, com isso, podem gerar quadros piores de serem tratados.
Quando o tratamento correto for aplicado em tempo hábil, em poucos meses o paciente consegue voltar a fazer as atividades normalmente, mesmo no caso de ter passado pelo procedimento cirúrgico.
Contudo, é inegável que este é um processo que pode gerar certos desafios ao jovem, principalmente em âmbito emocional, o que demanda o apoio irrestrito dos pais ao longo deste tempo para que recebam o suporte necessário e se sintam seguros e confortáveis ao longo dessa jornada.
A escoliose nos adolescentes não precisa ser encarada com preocupação. Existem muitos métodos eficazes para auxiliá-los no tratamento contra este problema, que terão sua eficácia ainda maior caso ele seja identificado ainda no início dos sintomas e tratado rapidamente para evitar a piora do quadro.