Pós-graduada em Ginecologia e obstetrícia pela Faculdade Metropolitana Unida FMU, Doula formada pelo GAMA, estudante de...
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A depressão pós-parto é a realidade de mais de 25% das mães brasileiras no período de seis a 18 meses após o nascimento do bebê, segundo um levantamento publicado no Journal of Affective Disorders, em 2016. A condição é causada, principalmente, pelo desequilíbrio hormonal no fim da gravidez, além de fatores emocionais, privação de sono, falta de apoio familiar, entre outros fatores.
Os sintomas da depressão pós-parto podem incluir tristeza persistente, irritabilidade, cansaço extremo e choro frequente. Além disso, também podem ocorrer alterações no apetite, distúrbios de sono e dificuldade de concentração.
Para somar, algumas mulheres apresentam rejeição ao bebê e dificuldade para criar um vínculo com ele ou preocupação excessiva em relação ao seu bem-estar. Ao mesmo tempo, o beb}E segue precisando de atenção e cuidados vindos da mãe.
O parceiro ou a parceira, família e amigos podem e devem colaborar. Mas é fundamental saber como ajudar a mãe e quais atitudes devem ser evitadas para não piorar o quadro. O MinhaVida, junto com especialistas, listou algumas dicas. Confira!
Primeiro passo: perceba e acolha os sentimentos da mulher
O primeiro passo para ajudar a mãe é compreender o que é depressão pós-parto para, então, acolher os sentimentos da mulher, sem julgamentos. Essa é uma doença psicológica e, como tal, deve ser tratada e não julgada. É fundamental ter isso em mente antes de tomar qualquer atitude prática.
Também é essencial ter atenção aos sintomas da depressão pós-parto para poder identificar o quadro. Afinal, por questões sociais, normalmente é mais difícil para a mulher admitir o que está sentindo e buscar ajuda.
“Atenção a flutuações intensas de humor, frequentes episódios de choro sem razão aparente e uma persistente sensação de fadiga”, explica a psicóloga Larissa Fonseca, especialista clínica em ansiedade, crise de pânico, burnout e sono. “Além disso, preste atenção a preocupações excessivas com o bem-estar do bebê, mesmo que não haja razão objetiva para isso”, completa.
Por outro lado, a falta de autocuidado e zelo pelo bebê, descontentamento geral e falta de interesse por tarefas que antes eram prazerosas também são sinais importantes de depressão pós-parto, conforme indica Priscila Salvador, enfermeira obstetra, parteira e doula da Clínica Parto com Amor.
Ajude nas tarefas diárias e ofereça um ombro amigo
Ao notar que a mãe pode estar passando por uma depressão pós-parto, o próximo passo é ajudá-la nas tarefas diárias. Afinal, a rotina de uma mãe pode ser exaustiva e, muitas vezes, gerar sobrecarga física e emocional.
Por exemplo, você pode se oferecer para cuidar de tarefas domésticas, como lavar a louça e a roupa ou oferecer uma faxina na casa dela. Também pode ajudar com os cuidados com o bebê para que a mãe descanse um pouco ou tire um tempo para se cuidar, relaxar ou fazer uma atividade que goste.
Essa ajuda é ainda mais importante quando vinda do parceiro ou pai da criança. Principalmente ao levar em consideração que, historicamente, os papéis relacionados aos cuidados com os bebês são vistos como uma obrigação da mulher do que do homem - o que aumenta a sobrecarga sobre ela.
Por fim, é fundamental oferecer um ombro amigo. “Durante todo esse período, o mais importante é confortá-la durante os altos e baixos do tratamento da depressão pós-parto. É importante que a mulher possa desabafar em conversas com amigos e também na terapia”, explica Priscila.
Incentive a busca por ajuda profissional
Por falar em terapia, outro passo essencial é incentivar a busca por ajuda profissional, como um psicólogo ou psiquiatra. Através das sessões de terapia ou do uso de remédios para depressão pós-parto, caso seja necessário, a mãe poderá lidar melhor com seus sentimentos e, pouco a pouco, se curar.
Além da ajuda profissional, fazer parte de grupos de apoio também pode ser útil. Ajude a mãe a procurar grupos de maternidade ou específicos sobre depressão pós-parto, em que outras mães compartilham suas experiências e oferecem apoio psicológico e emocional.
Evite julgar e minimizar os sentimentos da mãe
Uma das principais dicas para ajudar a mãe com depressão pós-parto é evitar minimizar os sentimentos dela. “Dizer que é só uma fase, que o bebê está saudável e, por isso, ela deveria estar feliz, ignorar os sintomas dela e se afastar são atitudes que devem ser evitadas”, alerta Priscila.
Além disso, é muito importante evitar julgamentos e dar conselhos não solicitados. “Não a pressione para melhora rápida, esteja atento aos sinais de emergência e não isole a mãe. Não force a mãe a fazer mais do que ela pode e respeite seus limites. Se ela não quiser ir a uma festa, por exemplo, respeite para não acentuar mais o quadro. Cobranças apenas pioram o estado deprimido”, ressalta Larissa.
Acompanhe e incentive a mãe durante o tratamento
Por fim, é fundamental incentivar a mãe a buscar tratamento profissional e acompanhá-la durante esse processo. Afinal, pedir ajuda pode ser difícil nesse momento e um apoio físico e emocional pode ser de extrema importância para a mãe depressiva.
“O tratamento da depressão pós-parto inclui terapia cognitivo-comportamental, medicamentos antidepressivos, apoio social, mudanças no estilo de vida, envolvimento do parceiro e monitoramento contínuo com profissionais de saúde”, explica Larissa.
O tratamento também pode incluir reposição hormonal e grupos de apoio quando necessário ou indicado, conforme relembra Priscila. “Se não tratada corretamente, a depressão pós-parto pode se tornar uma depressão crônica. Isso acontece com uma a cada três ou quatro mulheres”, completa.