Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) desde 2006, o médico Anderson Nitsche fez sua primeira r...
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O autismo é um transtorno de desenvolvimento neurológico que pode se manifestar de diversas formas. Cada pessoa com a condição pode apresentar comportamentos repetitivos próprios e interesses fixos diversos, além de sinais que variam de acordo com o grau de comprometimento.
É justamente por ter características tão diversas e amplas que as formas de autismo foram enquadradas no que chamam de “espectro”. Quer entender mais sobre o que é autismo e espectro, seus principais tipos e sinais e como a condição é tratada? Confira o conteúdo que o MinhaVida preparou a seguir!
Por que “espectro”? Entenda o termo
O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno que altera o desenvolvimento neurológico, comprometendo sua facilidade de comunicação e interação social, além da organização de pensamentos, sentimentos e emoções.
O termo “espectro” foi adicionado ao nome do transtorno autista em 2013 justamente por essa condição englobar uma enorme diversidade de sintomas e características. “O autismo não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas afetadas, resultando em um espectro amplo de apresentações clínicas”, explica Anderson Nistche, neurologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe.
Por exemplo, uma pessoa autista pode ter habilidades excepcionais em determinadas áreas. Já ouviu falar na série “Uma Advogada Extraordinária”, da Netflix? A personagem principal, Woo Young-woo, é autista, tem um grande talento para o direito e uma extraordinária memória fotográfica.
No entanto, outros pacientes com autismo podem enfrentar desafios significativos em várias áreas do desenvolvimento. “Enquanto alguns autistas têm habilidades intelectuais excepcionais em determinadas áreas, como matemática ou música, outros podem ter deficiência intelectual significativa, necessitando de muita ajuda”, completa o neurologista.
Isso mostra que o TEA é um transtorno complexo e que não possui uma manifestação única e uniforme. Inclusive, o diagnóstico e o tratamento também devem passar por uma abordagem individualizada.
“O entendimento do autismo como um espectro destaca a diversidade dentro da comunidade autista e a necessidade de abordagens flexíveis e inclusivas para apoiar o desenvolvimento e a qualidade de vida de indivíduos com TEA”, acrescenta o neurologista.
Quais são os tipos de autismo que fazem parte do espectro?
O espectro do autismo engloba diferentes tipos do transtorno, que se manifestam com características próprias e diversas. São eles:
- Síndrome de Asperger: é considerada uma manifestação mais leve do autismo, em que a dificuldade de comunicação e interação social é mais sutil
- Autismo clássico: pessoas voltadas para si mesmas, não estabelecem contato visual e não se comunicam tradicionalmente por meio da fala, com dificuldade para compreender metáforas. O grau de comprometimento varia de pessoa para pessoa, podendo ser leve até mais grave
- Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação: o paciente apresenta dificuldade de comunicação e de interação social, mas apresenta sintomas diferentes dos tipos anteriores, o que dificulta o diagnóstico
Quais são os sinais que indicam o autismo e como diagnosticar?
Como vimos, os sintomas de autismo são diversos e podem variar de pessoa para pessoa. No geral, os sinais que fazem parte do espectro incluem:
- Dificuldade de comunicação
- Atrasos no desenvolvimento da linguagem
- Dificuldade de compreender metáforas e enunciados simples
- Dificuldade em estabelecer e manter relações interpessoais
- Habilidades sociais limitadas
- Falta de reciprocidade social
- Padrões repetitivos de comportamento
- Interesses restritos
- Resistência a mudanças na rotina
Normalmente o diagnóstico do autismo é feito ainda na infância, antes dos três anos de idade. Isso porque os sintomas já aparecem nos primeiros anos de vida.
“Os pais devem estar atentos a sinais que podem indicar a presença do transtorno, como atraso no desenvolvimento da linguagem, falta de interesse em outras crianças, comportamentos repetitivos e estereotipados, como assistir continuamente ao mesmo episódio de desenho animado, balançar o corpo pra frente e para trás, girar as rodinhas dos carrinhos, além de uma sensibilidade extrema a estímulos sensoriais, como luz e som”, explica Anderson.
O diagnóstico é confirmado através da avaliação de um médico psiquiatra, por meio do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria, que define como autista o paciente que apresenta pelo menos seis dos sintomas clássicos da condição.
Como é feito o tratamento?
O tratamento do autismo é feito com o objetivo de reduzir os impactos dos sintomas e estimular as habilidades sociais e de comunicação, oferecendo uma qualidade de vida confortável para o paciente. Entre as técnicas que podem ser incluídas no tratamento estão:
- Terapias de comunicação e comportamento, como ABA e TEACCH
- Medicações, em alguns casos
- Fonoaudiologia
- Terapia Ocupacional
- Fisioterapia
“A abordagem terapêutica é personalizada para atender às necessidades específicas de cada indivíduo no espectro”, afirma Anderson. “A intensidade das terapias pode variar significativamente com base no grau de comprometimento”, completa.
Independentemente do grau de comprometimento, é importante lembrar que a participação dos pais no processo terapêutico é fundamental. “A terapia frequentemente ocorre em ambientes naturais, como casa, escola, lojas e supermercado e os pais desempenham um papel crucial na promoção da generalização de habilidades em situações cotidianas”, finaliza.