Médica pela Universidade do Estado do Pará. Iniciou sua carreira profissional em São Paulo. Atua na área de rejuvenescim...
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Em entrevista à revista Essence, publicada neste domingo (18), a cantora Beyoncé revelou que tem psoríase no couro cabeludo desde a infância, uma doença inflamatória crônica que provoca lesões avermelhadas e descamativas na pele.
"Tenho muitas lembranças lindas ligadas ao meu cabelo. A relação que temos com o nosso cabelo é uma jornada profundamente pessoal. Desde passar a infância no salão da minha mãe até meu pai aplicar óleo no meu couro cabeludo para tratar minha psoríase – esses momentos foram sagrados para mim", contou a cantora.
Todas as pessoas de todas as idades estão suscetíveis a desenvolver psoríase, mas o caso de Beyoncé, que convive com a doença desde criança, é um dos menos comuns. Isso porque a doença tem dois picos de incidência de acordo com a faixa etária: costuma surgir em pessoas com idade entre 16 e 22 anos e de 57 a 60 anos. Além do couro cabeludo, ela também pode se manifestar nos cotovelos, joelhos, região genital ou por todo o corpo.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a psoríase não é uma doença contagiosa e o contato com pacientes não precisa ser evitado. Ela também é cíclica, o que significa que os sintomas desaparecem e reaparecem periodicamente.
Para entender melhor o quadro, o MinhaVida conversou com Adriana Gurtler, médica dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O que causa psoríase?
Não existe causa específica para o surgimento da psoríase, mas acredita-se que ela se desenvolve quando os linfócitos T (células responsáveis pela defesa do organismo) liberam substâncias inflamatórias no organismo. Isso provoca a dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento dos glóbulos brancos, que avançam para as camadas mais externas da pele, resultando em lesões avermelhadas e descamativas.
Também acredita-se que fatores genéticos tenham um papel determinante em grande parte dos casos de psoríase. Segundo Adriana, cerca de 30% dos pacientes com psoríase possuem algum membro da família com a doença.
Em pessoas que possuem predisposição genética, existem alguns fatores de risco associados ao surgimento da doença, como:
- Estresse emocional
- Tabagismo
- Consumo de bebidas alcóolicas em excesso
- Infecção pelo HIV
- Medicamentos, como betabloqueadores, cloroquina e lítio
- Obesidade
- Lesões cutâneas menores
- Queimadura solar
"Também existe a associação da psoríase com doenças cardiometabólicas, doenças gastrointestinais, diversos tipos de câncer e distúrbios de humor — o que diminui a qualidade de vida dos pacientes", explica Adriana.
Quais os sintomas da psoríase?
Os sintomas de psoríase podem variar de pessoa para pessoa, mas normalmente incluem:
- Lesões avermelhadas na pele, cobertas com uma camada brancoprateada e descamativa
- Pequenas manchas vermelhas
- Pele ressecada, com facilidade para sangramentos
- Unhas amareladas, espessas, esfareladas, descoladas e com furinhos na superfície
- Inchaço nas articulações
- Dor nas articulações
- Placas e descamações no couro cabeludo, cotovelos e joelhos
Como é feito o tratamento de psoríase?
A psoríase é uma doença crônica, o que significa que ela não tem cura. O tratamento envolve reduzir a inflamação e a formação de placas, reduzindo o crescimento acelerado de células da pele, além de regular e normalizar a aparência da pele. O tratamento pode ser tópico, a partir do uso de cremes e pomadas com corticoides, sistêmico ou por fototerapia.
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O uso de medicamentos sistêmicos, que pode ser por via oral, subcutâneo, intramuscular ou intravenoso, é indicado para pacientes que apresentam quadros mais graves de psoríase e/ou casos em que apenas o tratamento tópico não é suficiente para aliviar os sintomas. Entre as classes de medicamentos utilizados, estão os imunossupressores e imunobiológicos
Já a fototerapia é um procedimento que utiliza luzes artificiais para inibir a atividade celular na pele. O número de sessões depende da gravidade da doença e deve ser avaliado pelo médico. Além da psoríase, a fototerapia pode ser utilizada em casos de vitiligo, alguns tipos de alergia e urticária.
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