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A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (28) um projeto de lei que prevê o tratamento do climatério e menopausa pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta também institui a Semana Nacional de Conscientização para Mulheres na Menopausa ou em Climatério.
A proposta, agora encaminhada para análise na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), prevê que as rede de unidades públicas ou conveniadas do SUS deverão prestar serviços de saúde específicos para mulheres nessa fase da vida. Entre essas medidas, está a disponibilização de medicamentos hormonais e não hormonais, realização de exames diagnósticos, capacitação de médicos e acompanhamento psicológico e multidisciplinar especializado, desde o diagnóstico.
De acordo com o IBGE, estima-se que o Brasil tenha 29 milhões de mulheres entre o climatério e a menopausa, totalizando cerca de 28% da população feminina brasileira. No entanto, apenas 50% fazem uso de algum tratamento, segundo estudo da Associação Brasileira de Climatério. O número é considerado baixo ao considerar os sintomas causados pelo climatério.
"A aprovação da proposição significa mais um passo para garantir às mulheres no climatério e na menopausa seu direito integral à saúde e acesso a informações necessárias para que possam manter boa qualidade de vida em todas as idades”, afirma o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), autor da proposta.
A relatoria do projeto ficou a cargo da senadora Ivete da Silveira, que posicionou-se favorável à aprovação. Depois da CDH, a proposta será analisada pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), que dará o voto final.
O climatério é o período de transição do período reprodutivo (ou fértil) para o não reprodutivo — e tem início por volta dos 40 anos de idade, se estendendo até os 65 anos. Já a menopausa refere-se à última menstruação, sendo diagnosticada quando a pessoa não menstrua por um período de 12 meses consecutivos.
Quais os sintomas da menopausa?
Os primeiros sintomas de menopausa podem ser percebidos a partir dos 44 anos de idade e a intensidade varia de acordo com o período do climatério. Entre os mais comuns, destacamos:
- Ondas de calor, conhecidas como fogacho
- Alterações de humor
- Diminuição da libido
- Ressecamento vaginal
- Sudorese noturna
- Dificuldade para dormir
- Ganho de peso não-intencional
- Desaceleração do metabolismo
- Dor de cabeça
As mudanças hormonais, circulatórias e sanguíneas do período podem prejudicar (e muito!) a qualidade de vida — especialmente em função das ondas de calor, que estão associadas a má qualidade do sono, irritabilidade, dificuldade de concentração e fadiga.
A menopausa mais intensa também pode aumentar o risco de doenças cardíacas, em função da queda dos níveis de estrogênio. Entre outras funções, ele é responsável por proteger as artérias da formação de placas de gordura, o que diminui o risco de obstrução — quadro causador do infarto.
"Devido a redução dos níveis hormonais, surge a alteração de massa muscular, por conta da progesterona, além das alterações de pele e cabelo; e da lubrificação vaginal, em consequência da baixa do estradiol, também responsável pela saúde cardíaca. Já com a diminuição da testosterona, que regula o metabolismo da glicemia, o risco de ter diabetes aumenta", explica Mariana Rosário, ginecologista, obstetra e mastologista do Hospital Albert Einstein.
Como é feito o tratamento da menopausa?
O tratamento de menopausa pode envolver diferentes abordagens. Uma delas é a terapia de reposição hormonal, que consiste na administração de hormônios ou substâncias "disfarçadas" de hormônios para repor a deficiência de estrogênio e progesterona causada pelo início da menopausa. Existem algumas alternativas para o tratamento:
- Sistêmica: é realizada por via oral, com a administração de comprimidos, ou transdérmica, utilizando gel e adesivos
- Tópica: é realizada a partir do uso de cremes vaginais de estrogênio
"Muitas mulheres ainda temem a reposição hormonal porque, antigamente, só existiam opções de alta carga, com dosagens iguais para todas. Não é mais assim. Com os implantes hormonais bioidênticos, houve uma evolução na Medicina. São hormônios sintéticos, mas idênticos aos produzidos pelo organismo da mulher. Assim, oferecem menos efeitos colaterais e, por serem manipulados em laboratório, são confeccionados um a um — com a dosagem que aquele paciente precisa", explica Marina.
O tratamento com reposição hormonal é personalizado para cada paciente, de acordo com os resultados dos níveis hormonais e os sintomas apresentados. Ao reestruturar os hormônios, é possível tratar os principais sintomas de menopausa.
"Com o estrogênio de volta ao organismo, volta também a disposição, a libido e melhora a condição vascular — e os efeitos ainda se refletem na beleza da pele e dos cabelos da mulher", acrescenta a especialista.
Adoção de hábitos saudáveis engloba o tratamento de menopausa
Além da reposição hormonal, mudanças são necessárias nos hábitos de vida — especialmente se eles forem prejudiciais à saúde. Isso envolve a realização de atividades físicas, dieta balanceada e suplementação adequada para a menopausa.
"Em virtude das mudanças hormonais que ocorrem no organismo, será preciso turbinar o prato, porque o metabolismo fica mais lento. Inevitavelmente, para não ganhar peso, será preciso ingerir menos calorias e aumentar a atividade física", aponta Mariana.
Além de contribuir para o alívio dos sintomas, a prática de exercícios também é fundamental para manter o organismo e os ossos saudáveis e fortes, prevenindo problemas comuns na menopausa, como a osteoporose.
"Praticar atividade física acelera o metabolismo, favorece a queima de gordura localizada, ajuda a regular o sono e fortalecer a musculatura. Além de tudo isso, os exercícios minimizam as perdas de massa magra, provenientes do envelhecimento. Como consequência, devolvem a estabilidade e o equilíbrio — e as quedas são um grande problema quando envelhecemos", esclarece a especialista.
Existem contraindicações ao tratamento de menopausa?
A terapia de reposição hormonal é contraindicada para pessoas em tratamento de câncer de mama, pois esta é uma doença hormônio dependente — isto é, seu desenvolvimento está associado diretamente ao hormônio estrogênio. Ela também não pode ser feita em casos de trombose e hipertensão não controlada.
Nesses casos, existem alternativas para tratar os sintomas, como o uso de fitoterápicos, antidepressivos, laser vaginal (em casos de secura vaginal) e medidas saudáveis de vida. Mas, lembre-se: apenas um especialista pode indicar os medicamentos mais adequados. Não se automedique!
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