Angiologista formado pela FMUSP em 1978, com residência em Cirurgia Vascular no HCFMUSP. Doutorado em Cirurgia Vascular...
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iVocê já deve ter ouvido falar de alimentos que têm o potencial de inflamar o organismo. Vale destacar que uma resposta inflamatória acontece como uma defesa do corpo após um dano celular que pode ser causado por inúmeros fatores. Mas será que isso pode ser causado pelo que comemos? Continue lendo para entender se alimentos que inflamam o corpo existem mesmo!
Alimentos que inflamam o corpo existem mesmo?
Sim, alimentos que inflamam o corpo existem mesmo! “Eles são considerados inflamatórios porque eles aumentam a produção de citocinas, que são produtos que acabam lesando, causando oxidação de algumas áreas do organismo, ou porque eles têm uma grande quantidade de gorduras saturadas, que são as mais perigosas, que aumentam a produção de LDL, aquele colesterol considerado ruim”, explica o cirurgião vascular Álvaro Pereira de Oliveira.
Segundo a nutricionista Mariana Moretti, essas respostas de defesa, incluindo a inflamação, muitas vezes são benéficas ao organismo. “Isso porque atuam para limitar a sobrevivência e a proliferação de micro-organismos e na intenção de promover reparo e recuperação dos tecidos e de conservar a energia vital do organismo”, detalha. Porém, ela explica que uma inflamação aguda, prolongada ou não regulada é altamente prejudicial ao organismo, capaz de colocar em risco a qualidade de vida.
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Inflamação e oxidação do organismo
O médico Álvaro Pereira lembra que, há alguns anos, alimentos antioxidantes se tornaram populares. “Isso acontece justamente porque já se sabe que a oxidação é um processo degenerativo”, esclarece.
“Oxidar quer dizer remover elétrons de determinadas estruturas que não deveriam perder elétrons - e cada vez que você tira elétrons de determinadas estruturas, elas se danificam. Ou seja, de certa forma você está estragando algumas áreas do seu organismo no momento que você come produtos que sejam oxidantes”, fala.
Segundo ele, várias doenças estão relacionadas a esse processo de oxidação e à alteração do colesterol, em especial o LDL. Por exemplo, a carne vermelha, devido ao teor grande de gordura saturada (uma picanha com bastante gordura, por exemplo), fará aumentar a produção de LDL (o colesterol “ruim”).
“O colesterol LDL (Low Density Lipoprotein) envolve lipoproteínas, que contêm muita gordura e pouca proteína, e não se dissolve bem no sangue, então acaba encostando na parede do sangue. Com o tempo, a gordura vai entupindo as artérias”, detalha. “Então por isso a carne vermelha, as carnes de uma maneira geral, têm esse problema, em especial as ‘carnes gordas’”, completa o médico, que lembra que as carnes embutidas, como linguiça e salsicha, estão entre as piores.
Além das carnes, o açúcar e outros alimentos que têm carboidratos de fácil digestão aumentam muito o teor de glicose disponível. “Como o organismo não consegue metabolizar tudo isso rapidamente, acaba gerando um estresse oxidativo de várias células, inclusive das células dos vasos. Isso aumenta a possibilidade de a pessoa ter resistência à insulina, diabetes tipo 2, e causa vários malefícios para a saúde, aumentando o risco de processos inflamatórios crônicos com o tempo”, completa.
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O que NÃO comer para evitar inflamação do corpo
Nesse contexto, as escolhas alimentares fazem diferença, pois são capazes de gerar um potencial pró-inflamatório ou anti-inflamatório - ou seja, podem tanto causar inflamação no corpo quanto ajudar a tratá-las.
“Dietas do tipo ocidental, com predominância em gorduras de má qualidade, alimentos ultraprocessados, embutidos, álcool, adoçantes sintéticos, conservantes, corantes, estabilizantes, realçadores de sabor, carboidratos simples e refinados, como açúcar, farinhas processadas, xaropes, bebidas concentradas e adoçadas, têm potencial pró-inflamatório e devem ser evitadas”.
De forma geral, os alimentos que causam inflamação do corpo e que devem ser evitados ou consumidos com moderação, são:
- Produtos industrializados: devido às substâncias químicas, corantes, conservantes, aromatizantes e flavorizantes contidos em sua fabricação
- Cereais refinados: pães, massas, arroz branco, biscoitos em geral, trigo, maisena, fubá
- Carnes: suínas e bovinas com muita gordura
- Embutidos: salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela e conservas com sal
- Leites e derivados integrais: queijos amarelos, requeijão, creme de leite e manteiga em excesso
- Refrigerantes, bebidas alcoólicas, açúcares, doces e frituras
“Se você tem uma alimentação errada, nesse sentido, durante a vida, então você aumenta o processo inflamatório em várias células do organismo, o que acaba levando a vários tipos de doença, como aterosclerose, por exemplo, que é o processo de obstrução e obstrução das artérias do corpo todo”, fala o médico.
Segundo ele, isso aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC), derrame, obstrução de artérias de perna, obesidade, diabetes e hipertensão. “Toda vez que se sobrecarrega uma célula, uma hora ela acaba entrando num processo inflamatório e degenerativo - e você vai piorar muito aquele órgão sobrecarregado”, completa.
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Alimentos anti-inflamatórios
A dieta anti-inflamatória é uma alternativa para quem quer combater a inflamação do organismo de forma natural. Ela consiste em consumir alimentos com propriedades anti-inflamatórias, a fim de restabelecer o equilíbrio e as defesas naturais do corpo sem o uso de medicamentos.
“Dietas do tipo mediterrânea, rica em fibras, folhas, brotos, legumes, vegetais, frutas integrais e raízes têm potencial anti-inflamatório, sendo capazes de elevar a saúde a outro patamar. Isso porque alimentos com caráter anti-inflamatório correlacionam em sua composição a presença vasta de micronutrientes”, fala a nutricionista.
A lista, segundo ela, inclui vitaminas A, C, E, K, selênio, zinco, magnésio, manganês, vitaminas do complexo B, assim como fitonutrientes, compostos bioativos, gorduras monoinsaturadas e relação positiva entre ômega 6 e ômega 3.
“Por isso é fundamental a conscientização quanto ao peso das escolhas diárias, pois a vida por si só já é capaz de expor o corpo humano a uma série de eventos pró-inflamatórios e o alimento com potencial anti-inflamatório é capaz de ser um grande aliado da saúde e da longevidade”.