Médico graduado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2007). Residencia médica em Clínica Médica Hospital Pedro...
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Os linfócitos são células sanguíneas, produzidas pela medula óssea, que desempenham uma função vital no sistema imunológico: defender o organismo contra agentes invasores, como bactérias, vírus, fungos e parasitas. Diversos fatores podem provocar o aumento acima dos valores de referência, condição conhecida como linfocitose, incluindo a presença de certos tipos de câncer.
O MinhaVida conversou com o hematologista Tiago Ascenção Barros, da Clínica Felippe Mattoso e Labs a+, para entender essa relação. Confira!
Quando os linfócitos altos podem indicar câncer?
Os linfócitos podem aumentar de maneira abrupta em diversos cenários, que nem sempre são patológicos graves. "Por exemplo, frente a um estímulo infeccioso, principalmente algumas infecções virais ou até algumas infecções bacterianas, podemos ter uma linfocitose reativa", explica Tiago.
Por outro lado, o especialista aponta que, quando os linfócitos aumentam rapidamente em número, sem um estímulo óbvio necessário, pode ser indicativo de uma doença clonal, quando uma célula anormal multiplica-se no organismo de maneira descontrolada como consequência de uma neoplasia, como:
1. Linfomas
O linfoma é um tipo de câncer que surge a partir da multiplicação desordenada de linfócitos doentes, podendo afetar qualquer parte do sistema linfático, sendo comum no baço, nas amígdalas e nas ínguas. Existem diversos tipos de linfomas, mas os principais são linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin.
Eles apresentam sintomas semelhantes, como inchaço dos gânglios linfáticos do pescoço, das axilas, da virilha e da barriga, além de febre alta persistente, perda de peso repentina, dificuldade para respirar e sudorese noturna.
2. Leucemia linfocítica
A leucemia linfocítica é um tipo de câncer que surge na medula óssea, órgão responsável pela produção de células sanguíneas. Ela pode se manifestar de duas maneiras, sendo elas:
Leucemia linfocítica aguda (LLA): ocorre quando os linfócitos recentemente fabricados pela medula óssea são encontrados circulantes no sangue sem terem passado por um processo de maturação, sendo conhecidos como linfócitos imaturos. Uma vez que eles não desempenham sua função de defesa corretamente, a medula óssea produz mais linfócitos para compensar essa deficiência — o que provoca a linfocitose. A doença, que é mais comum em crianças, provoca sintomas como cansaço, febre e perda de peso repentina.
Leucemia linfocítica crônica (LLC): ocorre quando são encontrados no sangue tanto linfócitos maduros quanto imaturos. Por isso, os linfócitos doentes convivem com a produção de sangue normal por longo período de tempo, o que explica a evolução mais lenta deste subtipo de leucemia. Em muitos casos, ela não provoca sintomas, mas podem surgir em alguns casos, como fraqueza, sudorese noturna, perda de peso e ínguas nas axilas, virilhas ou pescoço.
Como é feito o diagnóstico?
O hemograma é o primeiro e principal exame em que é observado o aumento do número de linfócitos no sangue. A partir dele, segundo Tiago, também é possível observar se outras linguagens celulares estão sendo acometidas.
"O hemograma, na presença de uma linfocitose, vem anexado com uma análise visual, chamada de distensão do sangue periférico. Nessa hepatoscopia, o técnico pode apontar as características desse linfócito — se parece um linfócito mais maduro, mostrando uma doença específica mais crônica ou secundária, ou um linfócito mais anormal, que pode sugerir uma neoplasia", esclarece o especialista.
A partir das informações coletadas nos exames iniciais, é necessária uma avaliação clínica, com base no histórico do paciente e um exame físico, essenciais para o especialista entender o que pode estar provocando a linfocitose.
Na suspeita de neoplasias, podem ser solicitados exames complementares, como a imunofenotipagem por citometria de fluxo, em que é possível aferir a clonalidade e entender em que momento da diferenciação dos linfócitos ocorreu um erro, segundo Tiago.
Também podem ser necessários:
- Exames de biologia molecular
- Exames de citogenética
- Sequenciamento de nova geração (NGS).
"Os linfócitos normalmente são produzidos na medula óssea, ainda que eles possam cometer outros órgãos. Logo, não é raro precisarmos, em alguns casos, fazer um exame da medula — seja por diagnóstico, estadiamento e prognóstico da doença", finaliza Tiago.