Médico dermatologista com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e pela Associaç&#x...
iAcredito que todo mundo já teve alguma pinta pelo corpo que deixou a pulga atrás da orelha, algo em que nunca se prestou atenção, até que um dia uma coceirinha nela ou na região próxima a ela faz com que se perceba a sua existência e, a partir deste ponto, até perder o sono de preocupação. Nessa hora vamos ao dermatologista para tirar as dúvidas e ganhar de volta a paz de espírito. Mas, afinal, o que o médico deve fazer e realmente se atentar?
Primeiramente, o exame dermatológico deve ser realizado no corpo inteiro do paciente. O médico nunca deve se atentar apenas à pinta em questão. Em uma primeira consulta, toda a superfície corporal deve ser avaliada em busca das manchas que possam ser suspeitas, incluindo unhas, palma das mãos, planta dos pés, couro cabeludo e cavidade oral. Não é raro o paciente procurar atendimento médico por se preocupar com uma lesão que ele julga mais "feia" e ter alguma outra que para ele não chama atenção, mas para nós dermatologistas acende um sinal de alerta. Portanto, o exame dermatológico deve ser realizado com o paciente usando apenas roupas íntimas.
Em muitos casos, vamos apenas bater o olho nas pintas e sentir ao toque, e isso será o bastante para descartar qualquer diagnóstico de câncer de pele. Outros casos, no entanto, nos deixarão em dúvida, e aí entra o uso do dermatoscópio, a "lupa" que os dermatologistas sempre têm à mão.
O dermatoscópio serve para que consigamos enxergar estruturas mais profundas na pele, como se existe presença e em que profundidade o pigmento está, disposição e formato de vasos sanguíneos, presença de abertura de folículos de pele e várias outras informações importantes no nosso diagnóstico e diferenciação de uma lesão benigna para uma lesão maligna.
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Mesmo com o exame de dermatoscopia, existirão lesões que nos deixarão em dúvida e nesses casos deixar documentado o aspecto da lesão e repetir a dermatoscopia em 3 meses pode ser necessário para descartar um eventual câncer de pele.
É recomendado que anualmente seja realizado um exame físico completo e detalhado para avaliação da pele e das pintas das pessoas. Essa periodicidade deve ser reduzida em pacientes que já tiveram câncer de pele prévio ou em pessoas de alto risco para desenvolvimento de neoplasias cutâneas, como pessoas que tiveram grande exposição solar acumulada ao longo da vida ou pessoas com grande quantidade de pintas.
E você pode ficar atento às suas pintas. Para isso, orientamos o famoso métido “ABCDE” das pintas:
A - Assimetria: quando passamos uma faixa imaginária que “corta” a lesão ao meio, se percebe que os dois lados não são parecidos;
B - Bordas: lesões que não são regulares, as bordas tem diversas entradas e projeções;
C - Cor: lesões normalmente com mais de 3 tonalidades diferentes de castanho ou preto são sinais de alarme
D - Diâmetro: lesões com mais de 6mm
E - Evolução: era menor e cresceu, começou a coçar, sangrar, virou ferida, mudou de cor, ou apresentou alterações de como era anteriormente.
Acrescento ainda que devemos ficar de olho em feridinhas que não cicatrizam e, caso surja alguma lesão que mesmo que não se enquadre nessas categorias mas chame sua atenção ou te incomode por qualquer motivo, procure um especialista para a devida avaliação.
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