Dermatologista graduada em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, com residência no Hospital das Clínica...
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iVocê sabia que no Egito e na Grécia, na antiguidade, as pessoas passavam pão mofado nas feridas? Eles usavam esse amontoado de fungos, que crescem em lugares úmidos, como uma forma de tratar ferimentos. Mas por que será que faziam isso?
Conversamos com a dermatologista Valéria Marcondes, que comentou sobre o hábito, se ele de fato funciona e qual foi a evolução dos tratamentos de ferida!
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Bolor e a origem dos antibióticos
A evolução dos antibióticos na cicatrização de feridas tem sido significativa desde a descoberta da penicilina, derivada do bolor Penicillium. “Ao longo do tempo, foram desenvolvidos antibióticos mais eficazes e específicos para combater uma ampla gama de bactérias, incluindo aquelas resistentes a antibióticos mais antigos”, comenta a médica Valéria Marcondes.
Além disso, segundo ela, houve avanços na formulação de antibióticos tópicos para uso direto na pele, visando a prevenção e o tratamento de infecções locais. “Atualmente, os antibióticos para cicatrização de feridas podem incluir uma variedade de agentes, como penicilinas modificadas, cefalosporinas, fluoroquinolonas, sulfonamidas, entre outros, dependendo do tipo de infecção e da sensibilidade bacteriana”, complementa.
Os antibióticos tópicos para cicatrizar feridas na pele geralmente atuam de várias maneiras, incluindo prevenção de infecções bacterianas, redução da inflamação e promoção da cicatrização. “Eles podem ser aplicados diretamente na ferida para combater as bactérias presentes e ajudar na recuperação. Antibióticos via oral também podem ser prescritos em casos de infecções mais graves ou sistêmicas, agindo de maneira semelhante, mas com uma ação mais abrangente no corpo”, fala.
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Mas e o bolor?
Ao entendermos que a origem dos antibióticos são os fungos, podemos entender que desde a antiguidade já se tinha uma ideia da influência deles no tratamento de feridas. Mas isso só foi de fato compreendido mais tarde, com cientistas como Louis Pasteur, que desenvolveu a teoria microbiológica da doença, e Alexander Flaming, descobridor da penicilina, obtida a partir do fungo Penicillium notatum, em 1928.
Nesse processo, descobriu-se basicamente que era possível combater um micróbio usando outro tipo de micróbio. E é aí que entra o bolor na história que, como se descobriu, era capaz de combater diferentes tipos de bactérias.
“Porém, temos que dizer que hoje em dia qualquer tratamento com bolor está totalmente contraindicado. Os tratamentos de feridas na pele devem ser feitos com limpeza com antissépticos e aplicação de antibióticos tópicos. Se necessário também sendo complementado por antibióticos orais”, indica a médica.