Ciência desvenda por que adolescentes são impulsivos: veja o que acontece no cérebro deles

A adolescência é uma fase da vida normalmente relacionada a um fluxo intenso de emoções, incluindo reatividade, sensibilidade emocional, busca por identidade e, claro, a impulsividade. Mas por que isso acontece?

A ciência desvenda isso ao analisar o cérebro dos adolescentes, que ainda passa por mudanças. Se antigamente o entendimento era que o cérebro se desenvolvia até o fim da infância, hoje já é consenso que o desenvolvimento do cérebro humano vai até os 25 anos aproximadamente.

Continue lendo para saber por que adolescentes são tão impulsivos e ficam imersos em uma montanha-russa de emoções!

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Desenvolvimento cerebral na adolescência

A adolescência é crucial para a reorganização neural e para as mudanças que moldam nossa identidade - e mudanças em duas regiões merecem atenção especial: no sistema límbico e no córtex pré-frontal.

• Sistema límbico: essencial para a memória, também desempenha um papel crucial na produção de emoções e está próximo à amígdala
• Córtex pré-frontal: é responsável por funções como pensamento crítico, tomada de decisão, autocontrole, regulação emocional, impulsos, entre outros

Devido ao desenvolvimento ainda em curso do córtex pré-frontal durante a adolescência, os jovens tendem a depender mais da amígdala para regular suas emoções, uma área relacionada à impulsividade, à agressividade e ao comportamento instintivo.

E tem mais. Os adolescentes têm menos produção de serotonina e dopamina, o que pode levar a um aumento da agressividade e impulsividade. Para completar, os lobos frontais do cérebro, não estão completamente desenvolvidos durante esses anos, o que pode limitar essas funções de autocontrole.

Por isso, a explicação de por que adolescentes são tão impulsivos está no fato de ainda não terem seu cérebro totalmente desenvolvido para lidar com as emoções.

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As mudanças da adolescência

São considerados adolescentes, por definição da Organização Mundial da Saúde, todos aqueles que estão entre os 10 e os 20 anos incompletos. 

“É nessa fase que as crianças passam pelas mudanças que as transformam, no final desses 10 anos, em adultos, em meio à uma turbulência de emoções, vivências e hormônios. Essa fase de transição é naturalmente lenta, tanto do ponto de vista físico quanto do emocional”, explica a pediatra Andrea Hercowitz em artigo no MinhaVida.

Ela aponta que acelerar o processo de amadurecimento nessa fase pode ser um erro. “Além de não ser fisiológico, o comportamento adulto, quando acontece precocemente, passa a ser de risco, pois incide em jovens imaturos emocionalmente”, detalha.

O psicanalista J.D. Nasio já escreveu sobre a fase da adolescência como uma forma de lidar com o fim da infância, o que também pode contribuir para emoções afloradas e impulsividade.

 "A adolescência é um luto da infância. O jovem deve ao mesmo tempo perder seu universo de criança, conservar suas sensações e emoções infantis e conquistar a idade adulta. Portanto, o adolescente deve, ao mesmo tempo, perder, conservar e conquistar: Perder seu corpo de criança, conservar tudo que sentiu, percebeu e desejou desde seu primeiro despertar, em especial sua inocência de criança; conquistar a idade adulta".

Assim, ambivalência, instabilidade de humor e comportamento aparentemente incoerente são característicos nessa fase, desde que não se manifeste nenhum exagero em sua intensidade ou frequência.

“Os jovens alternam audácia com timidez, apatia concomitante com conflitos afetivos, crises religiosas que vão do ateísmo ao misticismo, sexualidade amorfa ou por demais exibida e falam ou calam demais. Tentam expressar em palavras esta busca de si mesmo. A lacuna nesta expressão geralmente se apresenta pelo fato de não saberem identificar exatamente o que sentem”, fala a psicóloga Anna Hirsch Burg em artigo no MinhaVida.