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Depois de uma semana visitando a Espanha, Melissa Perri não pôde deixar de ficar maravilhada. As pessoas ao seu redor jantavam às 22h e chegavam ao trabalho antes das 9h. Além disso, elas passavam o fim de semana em festa até às 3 da manhã.
Surpresa, Melissa abriu o Twitter e disse: "Pergunta séria para o povo da Espanha... Quando vocês dormem? Vocês são vampiros? Como fazem isso? Qual é o segredo?".
Esse tweet rendeu 11 mil curtidas, mais de 1.000 respostas e o mesmo número de tweets citados. Convenhamos: a questão é interessante. Sendo assim, começamos a investigar.
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É a soneca!
Essa é a resposta mais frequente entre aqueles que responderam o tweet da Melissa. Curiosamente, é também o mais comum entre quem não é espanhol. Por que? Bom, alguns dados podem responder: 60% dos espanhóis nunca tiram uma soneca e apenas 16% a fazem diariamente. Isso deixa 3% que são adeptos da soneca apenas aos finais de semana, e cerca de 20% que fazem isso de vez em quando.
É verdade que existem diferenças regionais no país, (comunidades como Aragão ou Múrcia dormem mais do que a média; enquanto Euskadi e Galiza o praticam com menos frequência), mas muito disso ocorre devido ao clima.
Não é tão fácil
Apesar do que dizem os dados citados acima, na Espanha, o descanso após o almoço está em constante recesso. Se é verdade que os hábitos de sono são a combinação dos ciclos biológicos do sono, das condições ambientais e das práticas culturais, o costume do país — que envolve almoços mais leves e muito ar condicionado, está fazendo com que o repouso após as refeições se torne um hábito em extinção. E isso, justamente quando descobrimos que esse cochilo é fantástico para sermos mais produtivos.
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E então?
Parece que para encontrar uma resposta temos que procurar em outro lugar. Em 2016, uma equipe da Universidade de Michigan quantificou “padrões normais de sono” em vários países ao redor do mundo. Os ritmos circadianos foram estudados exaustivamente em laboratório, mas perceberam que não tínhamos dados reais sobre como as pessoas dormem em casa.
Para conseguir isso, os pesquisadores usaram o tempo de uso do celular de participantes de todo o mundo. A abordagem tem as suas limitações, mas revelou-se uma medida surpreendentemente útil para estimar o tempo médio que os cidadãos de cada país adormeceram e acordaram.
Espanha, a grande coruja noturna
Revendo os dados, a primeira impressão é que o sentimento de Melissa Perri se confirma: os espanhóis vão dormir muito tarde. De todos os países estudados, eles eram os mais noturnos. Porém (e isto é importante), se olharmos para o número de horas que os espanhóis dormem notamos que eles estão na média exata: um pouco abaixo das oito horas.
Mas eles também são os que menos madrugam. Ou seja, países como o Brasil, a Alemanha, o Japão e Singapura dormem muito menos que os espanhóis, embora durmam mais cedo. Os espanhóis também estão entre os países que dormem mais tarde. Só os Emirados Árabes os superam (e não muito).
Mistério resolvido?
A verdade é que na Espanha as pessoas não dormem tão bem como deveriam. Os países que os rodeiam, como a França, os Países Baixos, a Bélgica e o Reino Unido, dormem (em média) mais horas do que eles.
Além disso, não devemos nos enganar quanto à natureza irracional dos horários espanhóis. Por lá, existem razões geográficas e produtivas profundas por detrás disso. Motivos que não são fáceis de resolver e que, se ignorados, podem acabar causando um problema.
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