Médica formada pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) e fez residência em Psiquiatria na Faculdade de Medic...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iMuitas pessoas enxergam nos jogos de apostas online, como o famoso “jogo do tigrinho”, uma forma fácil de ganhar dinheiro. No entanto, além de causarem sérios prejuízos financeiros, esses métodos podem aumentar o risco do vício, especialmente quando combinados com um ingrediente específico: o álcool.
Misturar bebidas alcoólicas com apostas pode ser extremamente perigoso, criando um ciclo vicioso difícil de quebrar. De acordo com a psiquiatra e pesquisadora do CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, Olivia Pozzolo, é comum que o jogo patológico, um transtorno mental, se agrave com o consumo de álcool:
"A substância afeta o julgamento e pode fazer com que os jogadores se envolvam mais nos jogos de azar, gastem mais dinheiro e, consequentemente, desenvolvam um comportamento problemático", afirma a especialista.
Álcool e apostas: entenda por que essa mistura é tão viciante
A combinação de álcool e jogos de apostas pode ser mais perigosa do que aparenta. Essa mistura afeta diretamente o cérebro, tornando ainda mais difícil resistir à tentação de apostar. Segundo Olivia, jogadores compulsivos que também abusam do álcool sofrem alterações nos circuitos cerebrais responsáveis pelo controle dos impulsos, tomada de decisões e regulação emocional:
"Existe uma interação complexa entre o forte desejo por recompensa imediata, a incapacidade de inibir comportamentos arriscados e uma maior sensibilidade ao estresse e aos estímulos do ambiente. Ao jogar e beber, essas pessoas experimentam prazer imediato, mas com o custo de consequências negativas a longo prazo", destaca a especialista.
Esse cenário cria uma armadilha. As consequências, como perdas financeiras, aumento do estresse e problemas pessoais, surgem mais tarde. É um ciclo vicioso: quanto mais o jogador busca a recompensa, mais difícil se torna escapar dessa espiral.
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É importante tratar esse problema como uma questão de saúde
A comorbidade entre alcoolismo e jogo compulsivo é um desafio tanto clínico quanto social, agravado pela relutância de muitos em buscar ajuda. No entanto, é essencial tratar essa questão com o cuidado que ela exige.
De acordo com a psiquiatra Olivia Pozzolo, o abuso de álcool e o vício em jogos desregulam os sistemas cerebrais responsáveis pela recompensa e pelo controle dos impulsos, criando "um ciclo vicioso muito difícil de romper sem o tratamento adequado":
Ainda segundo a especialista, o sucesso no tratamento está em "uma abordagem integrada, que combine terapias psicológicas, como a cognitivo-comportamental, com medicações adequadas e suporte social. Abordagens preventivas também são fundamentais para interromper o ciclo antes que ele se consolide", conclui Olivia.
Além de afetar a saúde mental, o consumo excessivo de álcool também compromete a saúde física, especialmente em pessoas com mais de 55 anos, conforme explica Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do CISA:
"O cenário é preocupante quando consideramos que essa faixa etária é mais sensível aos efeitos do álcool e que os cuidados com a saúde devem ser redobrados. Além disso, há o crescimento acelerado da população idosa no Brasil, o que exige urgência em programas focados no envelhecimento saudável, com campanhas de prevenção ao uso nocivo de álcool", alerta o especialista.
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