Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iReservar um tempo do seu dia para fazer exercícios é uma excelente forma de cuidar da saúde física e mental. Mas a questão é que nem todo mundo gosta de praticar atividades físicas ou enfrentam limitações que dificultam a realização desses movimentos.
Agora, imagine poder colher todos os benefícios de uma corrida de 10 km sem sair do lugar, apenas tomando uma pílula. Parece até coisa de ficção científica, não é mesmo? Mas pesquisadores da Universidade de Aarhus acabam de desenvolver uma molécula que promete simular exatamente esse efeito. Confira!
Leia mais: Nem musculação, nem pilates, esse exercício define o braço como nenhum outro
Uma pílula que simula os benefícios do exercício físico
Embora não substitua aquele treino que te deixa suado e cheio de endorfina, os cientistas estão avançando na criação de medicamentos que simulam os efeitos do exercício.
Em 2020, um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, fez uma descoberta promissora: observaram que, após o exercício, camundongos produziam uma proteína chamada Gpld1. Essa proteína, encontrada em níveis elevados no sangue dos roedores, estava associada a uma melhora na função cognitiva, especialmente em camundongos mais velhos. O mais animador é que essa mesma enzima foi identificada em seres humanos que se exercitam regularmente.
Toda essa ação ocorria no plasma sanguíneo, o que significa que não dá para simplesmente “tomar” essa proteína (ainda). Mas os pesquisadores estão explorando maneiras de transformar esse conhecimento em algo prático, como um medicamento que "engane" o corpo, fazendo-o acreditar que está se exercitando.
Molécula promete os efeitos do exercício sem esforço
Uma nova pesquisa, publicada no Journal of Agricultural and Food Chemistry, traz uma inovação que promete induzir efeitos metabólicos semelhantes aos do exercício — sem que você precise, de fato, se exercitar.
Pesquisadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, estão liderando esse estudo e desenvolveram uma molécula capaz de imitar os efeitos metabólicos do exercício em jejum. O objetivo dessa pesquisa não é substituir a atividade física para todos, mas sim ajudar aquelas pessoas que enfrentam grandes dificuldades em se manter ativas, seja por questões de saúde ou mobilidade. Com essa molécula, essas pessoas poderiam se beneficiar dos mesmos efeitos do exercício, como a melhora no metabolismo e na saúde geral, sem esforço físico.
Como a nova molécula imita o exercício intenso
Quando você faz exercícios intensos ou está em jejum, os níveis de lactato e cetonas no sangue aumentam. Esses compostos ativam a produção de um hormônio que tem duas funções principais: suprimir o apetite e reduzir a quantidade de ácidos graxos livres no sangue. Esses efeitos metabólicos são conhecidos por ajudar a proteger o corpo de condições como a síndrome metabólica, que está associada a fatores como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Na prática, essa molécula, chamada LaKe, consegue "enganar" o corpo, levando-o a um estado metabólico semelhante ao que ocorre após atividades físicas intensas. Ou seja, você obteria alguns dos benefícios do exercício — como a melhora no metabolismo e a redução dos riscos de problemas de saúde — sem precisar realmente se exercitar.
LaKe: a molécula que imita o exercício físico
Thomas Poulsen, um dos pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento do LaKe, explica que a molécula é o resultado de três anos de trabalho. A grande sacada da equipe foi combinar e isolar o lactato e as cetonas de uma forma que permite controlar artificialmente essas substâncias no corpo, sem os componentes prejudiciais que geralmente as acompanham.
O resultado? Uma molécula que pode levar o corpo a um estado metabólico semelhante ao experimentado após uma corrida intensa, sem a necessidade de esforço físico.
E por que não obter isso apenas com dieta? Poulsen explica que, embora lactato e cetonas possam ser obtidos naturalmente por meio de jejum ou exercícios, eles não aparecem sozinhos. Eles vêm acompanhados de ácidos e sais, que podem sobrecarregar o corpo. O LaKe oferece esses benefícios de forma isolada, sem os efeitos negativos.
Benefícios do LaKe para a saúde mental e neurológica
De acordo com os pesquisadores, o LaKe tem um potencial revolucionário, especialmente para pessoas que enfrentam barreiras para praticar atividades físicas. Isso porque o lactato, uma das substâncias-chave do LaKe, pode substituir a glicose no cérebro em condições estressantes ou traumáticas, ajudando a proteger e nutrir as células cerebrais.
Em experimentos, os níveis de lactato foram aumentados em pessoas com concussão, e os resultados mostraram que aqueles que não podiam fazer exercícios intensos tiveram melhorias significativas. A ideia é que o LaKe possa replicar esse efeito, tornando-se uma solução promissora para quem sofre de condições neurológicas.
Leia também: Não é musculação, mas esse exercício fortalece braços, pernas, glúteos e abdômen